Imagem da capa

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The Queen of Nothing - Capítulo Catorze


Medo rouba minha respiração. Não só não tenho uma arma com o alcance de sua espada, mas é inimaginável vencer em batalha contra a pessoa que me ensinou quase tudo o que sei. E olhando para ele, posso dizer que ele veio para lutar.

Puxo a capa para mais perto do meu corpo, indizivelmente feliz por estar com ela. Sem ela, eu não teria chance.

– Quando soube que era eu e não Taryn? – Pergunto.

– Mais tarde do que eu deveria – responde conversadoramente, dando um passo em minha direção. – Mas eu não estava percebendo, estava? Não, foi preciso só uma coisinha. Sua expressão quando você viu o mapa das ilhas de Elfhame. Só isso e todas as outras coisas que você disse e fez ficaram claras, e percebi que todas elas pertenciam a você.

Estou grata por saber que ele não adivinhou desde o início. O que quer que ele tenha planejado, tinha que fazer às pressas, pelo menos. – Onde está Fantasma?

Garrett – ele corrige, zombando de mim com parte do nome verdadeiro de Fantasma, o nome que Fantasma nunca me disse, mesmo quando eu poderia usá-lo para contrariar as ordens que ele recebeu de Madoc. – Mesmo que você viva, nunca o deterá a tempo.

– Mandou que ele fosse atrás de quem? – Minha voz treme um pouco, imaginando Cardan escapando do acampamento de Madoc apenas para ser flechado em seu próprio palácio, já que quase foi flechado em sua própria cama.

O sorriso de Madoc é cheio de dentes afiados e satisfação, como se eu estivesse aprendendo uma lição. – Você ainda é leal a essa marionete. Por que, Jude? Não seria melhor se ele levasse uma flecha no coração em seu próprio palácio? Não é possível que acredite que ele é um Grande Rei melhor do que eu seria.

Olho Madoc nos olhos, e minha boca forma as palavras antes que eu possa sugá-las de volta. – Talvez eu acredite que seja a hora de Elfhame ser governada por uma rainha.

Ele ri, um latido de surpresa. – Acha que Cardan vai simplesmente entregar seu poder? Para você? Filha mortal, certamente você sabe saber o resto. Ele exilou você. A fez de piada. Ele nunca a verá como algo acima dele.

Não é nada que eu não tenha pensado, mas suas palavras me atingem como golpes.

– Esse garoto é sua fraqueza. Mas não se preocupe – Madoc continua. – O reinado dele será breve.

Fico satisfeita com o fato de Cardan estar aqui, debaixo do nariz, e que escapou. Mas todo o resto é horrível. Fantasma se foi. Barata está envenenado. Eu cometi erros. Mesmo agora, Vivi e Taryn e possivelmente Heather me esperam do outro lado, na neve, ficando cada vez mais preocupadas com o amanhecer se próximo do horizonte.

– Renda-se, criança – diz Madoc, parecendo sentir um pouco de pena de mim. – É hora de se submeter ao seu castigo.

Dou um passo para trás. Minha mão vai para minha faca por instinto, mas lutar com ele quando está de armadura e sua arma tem um alcance superior é uma má ideia.

Ele me lança um olhar incrédulo. – Vai me desafiar até o fim? Quando eu pegar você, vou mantê-la acorrentada.

– Eu nunca quis ser sua inimiga – digo. – Mas também não quero estar em seu poder. – Com isso, saio pela neve. Faço a única coisa que disse a mim mesma que jamais faria.

– Não fuja de mim! – ele grita, o eco horrível de suas palavras finais para minha mãe.

A lembrança de sua morte faz minhas pernas acelerarem. Nuvens de ar suspiram dos meus pulmões. Eu o ouço correndo atrás de mim, ouço o grunhido de suas respirações.

Enquanto corro, minhas esperanças de perdê-lo na floresta diminuem. Não importa o quanto eu ziguezagueie, ele não desiste. Meu coração dispara no peito e sei que, acima de tudo, não posso levá-lo às minhas irmãs.

Acontece que estou longe de ter que cometer erros.

Uma respiração, duas respirações. Empunho minha faca. Três respirações. Eu me viro.

Porque ele não está esperando, ele colide contra mim. Eu fico sob sua guarda, o esfaqueando pelo lado, atingindo onde as placas de sua armadura se encontram. O metal ainda absorve a melhor parte dos golpes, mas eu o vejo estremecer.

Levantando o braço para trás, ele me joga na neve.

– Você sempre foi boa – diz ele, olhando para mim. – Só que nunca foi boa o suficiente.

Ele tem razão. Aprendi muito sobre esgrima com ele, com Fantasma, mas não estudei durante boa parte de uma vida imortal. E durante a maior parte do ano passado, eu estava ocupada aprendendo a ser senescal. A única razão pela qual o venci durante nossa última luta, foi porque ele foi envenenado. A única razão pela qual derrotei Grima Mog foi porque ela não esperava que eu fosse muito boa no combate. Madoc tem as mesmas técnicas que eu.

Além disso, contra Grima Mog, eu empunhava uma faca muito mais longa.

– Não acho que você esteja disposto a tornar isso mais justo? – Digo, rolando e ficando pé. – Talvez você possa lutar com uma mão atrás das costas, para equilibrar as chances.

Ele sorri, me circulando.

Então ele avança, me deixando apenas para bloquear. Sinto todo o esforço nos meus braços. É óbvio o que ele está fazendo, mas ainda é devastadoramente eficaz. Ele está me desgastando, me fazendo bloquear e esquivar de novo e de novo, sem nunca me deixar perto o suficiente para atingi-lo. Ao me manter focada na defesa, ele está me esgotando.

O desespero começa a aparecer. Eu poderia me virar e correr de novo, mas estaria na mesma situação de antes, correndo sem ter para onde ir. Quando encontro seus golpes com minha adaga patética, percebo quantas poucas opções tenho e como elas continuarão a encolher.

Não demora muito para eu vacilar. Sua espada corta a capa que cobre meu ombro. O tecido de Mãe Marrow está intacto.

Ele faz uma pausa de surpresa, e eu ataco sua mão. É uma jogada de trapaça. Mas o faço sangrar, e ele ruge.

Agarrando a capa, ele a enrola em sua mão, me puxando em sua direção. Os laços me sufocam e depois se libertam. Sua espada afunda no meu lado, no meu estômago.

Eu olho para ele por um momento, olhos arregalados.

Ele parece tão surpreso quanto eu.

De alguma forma, apesar de saber que não, parte de mim ainda acreditava que ele daria um golpe fatal.

Madoc, que era meu pai desde que assassinou meu pai. Madoc, que me ensinou a usar uma espada para atingir alguém e não apenas a lâmina. Madoc, que me sentou em seus joelhos, leu para mim e disse que me amava.

Caio de joelhos. Minhas pernas desabaram debaixo de mim. Sua lâmina fica livre, escorregadia com o meu sangue. Minha perna está molhada de sangue. Eu estou sangrando.

Eu sei o que acontece depois. Ele vai dar o golpe final. Cortando minha cabeça. Apunhalando meu coração. O golpe é realmente uma gentileza. Afinal, quem quer morrer devagar quando você pode morrer rápido?

Eu.

Eu não quero morrer rápido. Eu não quero morrer de jeito nenhum.

Ele ergue a espada, e hesita. Meus instintos animais entram em ação, me colocando de pé. Minha visão turva um pouco, mas a adrenalina está do meu lado.

– Jude – diz Madoc, e pela primeira vez que me lembro, há medo em sua voz. Medo que eu não entendo.

Então três flechas pretas voam por mim através do campo gelado. Duas passam sobre ele e outra o acerta no ombro do braço com a espada. Ele uiva, troca de mãos e procura por quem o atacou. Por um momento, sou esquecida.

Outra flecha sai da escuridão. Esta o atinge diretamente no peito. Atravessa sua armadura. Não é profundo o suficiente para matá-lo, mas deve doer.

De trás de uma árvore, Vivi aparece. Ao lado dela está Taryn, usando Cair da Noite no quadril. E com elas, outra pessoa, que acaba por não ser Heather.

Grima Mog, com a espada desembainhada, montada em um pônei de erva-de-santiago.


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