Imagem da capa

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The Queen of Nothing - Capítulo Dezessete


Contra as fadas do fogo, ela, junto dos espíritos das marés travou uma guerra;
E a terra, ar e os oceanos sentiram o quão feroz a batalha se desenrolava.
Do alto, ela brandiu sua espada brilhante, maleável como junco,
Espada forjada por seu amante gnomo, forte e brilhante como um diamante;
Batalhando ao lado do Rei Elle, lá o senhor da terra do fogo ela massacrou;
Todos os exércitos do fogo caíram; coroando-a rainha conquistadora;
Voltando à terra das fadas, ela se apressou; em casa, seu cortejo de gloria havia chegado.

— Philip James Bailey
"A Fairy Tale"
(Tradução livre por Thiago Coss)

Estou na enorme cama do Grande Rei, com sangramento em suas colchas majestosamente esticadas. Tudo dói. Há uma queimação, da ferida na minha barriga, e minha cabeça está latejando.

Cardan está sobre mim. Sua jaqueta foi jogada em uma cadeira próxima, o veludo está ensopado com alguma substância escura. Suas mangas brancas estão arregaçadas e ele está lavando minhas mãos com um pano molhado. Tirando o sangue delas.

Tento falar, mas minha boca parece estar cheia de mel. Deslizo de volta para a escuridão.

***

Não sei quanto tempo dormi. Tudo o que sei é que foi durante muito tempo. Quando acordo, sou atingida por uma sede poderosa. Tropeço para fora da cama, desorientada. Várias velas queimam ao redor da sala. Por essa luz, posso ver que ainda estou no quarto de Cardan, em sua cama, e que estou sozinha.

Encontro uma jarra de água e a levo aos lábios, sem me incomodar com um copo. Bebo, bebo e bebo, até que finalmente estou satisfeita. Caio de volta no colchão e tento pensar sobre o que aconteceu. Parece um sonho febril.

Não posso mais ficar na cama. Ignorando as dores no meu corpo, vou para o banheiro. A banheira está cheia e, quando a toco, a água brilha quando meus dedos passam por ela. Há um penico para eu usar também, algo pelo qual sou imensamente grata.

Tiro minhas roupas cuidadosamente e entro no banho, esfregando minhas unhas para que a água possa lavar a sujeira e o sangue com crostas dos últimos dias. Esfrego o rosto e espremo o cabelo. Ao emergi, me sinto muito melhor.

De volta ao quarto, vou ao armário. Olho pelas absurdas fileiras e filas das roupas de Cardan até me dar conta que, mesmo que sirvam em mim, não haveria maneira de eu usar nenhuma delas. Coloco uma camisa volumosa de mangas bufantes e pego sua capa menos ridícula – lã preta adornada com pele de veado e bordada com bordas de folhas – para me enrolar. Então, atravesso o corredor até meus antigos aposentos.

Os cavaleiros do lado de fora da porta notam meus pés descalços e tornozelos nus, e o modo como estou segurando o roupão. Não tenho certeza do que supõem, mas me recuso a ficar envergonhada. Convoco meu novo status de Rainha de Elfhame e dou um olhar tão severo que eles desviam o rosto.

Quando entro nos meus antigos aposentos, Tatterfell parece assustada de onde está sentada no sofá, jogando Uno com Oak.

– Oh – digo. – Ops.

– Oi – diz Oak, incerto.

– O que você está fazendo aqui? – Ele se encolhe e lamento a dureza das minhas palavras. – Sinto muito – digo, dando a volta no sofá e me curvando para puxá-lo para um abraço. – Estou feliz que você esteja aqui. Estou apenas surpresa. – Não acrescento que estou preocupada, embora esteja. A Corte de Elfhame é um lugar perigoso para todos, mas é particularmente perigoso para Oak.

Ainda assim, encosto a cabeça no pescoço dele e inalo o cheiro dele, argila e pinheiro. Meu irmãozinho, que está me apertando com tanta força que dói, um de seus chifres roçando levemente contra minha mandíbula.

– Vivi também está aqui – diz ele, me largando. – E Taryn. E Heather.

Sério? – Por um momento, compartilhamos um olhar significativo. Eu esperava que Heather pudesse voltar com Vivi, mas estou surpresa por ela estar disposta a fazer outra viagem a Elfhame. Imaginei que demoraria muito tempo até que estivesse bem com mais do que uma quantidade muito superficial de Fadas. – Onde elas estão?

– No jantar, com o Grande Rei – diz Tatterfell. – Este aqui não queria ir, então ele mandou uma bandeja. – Ela solta as palavras com uma desaprovação familiar. Tenho certeza de que acha que rejeitar a honra da companhia real é um sinal de que Oak está estragado.

Acho que é um sinal de que ele tem prestando atenção.

Mas estou mais interessada na bandeja do jantar, com porções meio comidas de coisas deliciosas em pratos de prata. Meu estômago ronca. Não sei quanto tempo se passou desde que tive uma refeição real. Sem pedir permissão, eu me aproximo e começo a devorar tiras frias de pato e pedaços de queijo e figos. Há um chá forte demais em um bule, o bebo também, direto do bico.

Minha fome é grande o suficiente para me deixar desconfiada. – Quanto tempo eu fiquei dormindo?

– Bem, doparam você –, diz Oak com um encolher de ombros. – Então você já acordou antes, mas não foi por muito tempo. E não tava assim.

Isso é perturbador, em parte porque não me lembro e em parte porque devo estar monopolizando a cama de Cardan o tempo todo, mas me recuso a pensar muito sobre isso, da mesma maneira que me recusei a pensar que sai dos aposentos do Grande Rei sem nada além de camisa e capa. Em vez disso, escolho uma das minhas roupas antigas de senescal – um longo vestido preto com punhos e gola prateada. Talvez seja muito simples para uma rainha, mas Cardan é extravagante o suficiente para nós dois.

Quando estou vestida, volto para o centro do quarto.

– Vai fazer o meu cabelo? – Pergunto a Tatterfell.

Ela se levanta. – Eu espero que sim. Você mal consegue andar pelo caminho que veio. – Sou arrastada de volta para trás do quarto, onde ela me empurra em direção à minha penteadeira. Lá, ela trança minhas mechas castanhas em uma auréola em volta da minha cabeça. Então pinta meus lábios e pálpebras em uma cor rosa pálida.

– Queria que seu cabelo parecesse com uma coroa – diz ela. – Mas então, suponho que você terá uma coroação de verdade em algum momento.

O pensamento faz minha cabeça girar, uma sensação de irrealidade surgindo. Não entendo o jogo de Cardan, e isso me preocupa.

Penso em como Tatterfell uma vez me pediu para me casar. A lembrança disso, e minha certeza de que não o faria, torna ainda mais estranho que ela esteja aqui, penteando meu cabelo como fazia. – Você me fez parecer majestosa de qualquer maneira – digo, e seus olhos pretos como besouros encontram os meus no espelho. Ela sorri.

– Jude? – Ouço uma voz suave. Taryn.

Vem de outro quarto, em um vestido de ouro trançado. Ela está magnífica suas bochechas estão rosadas e brilhos nos olhos.

– Ei – digo.

– Você está acordada! – diz ela, correndo para dentro do quarto. – Vivi, ela está acordada.

Vivi entra, vestindo um terno de veludo verde-garrafa. – Você quase morreu, sabia? Você quase morreu de novo.

Heather segue em um vestido azul claro com bordas do mesmo rosa de seus cachos definidos. Ela me dá um sorriso simpático, o que eu aprecio. É bom ter uma pessoa que não me conhece o suficiente para ficar com raiva.

– Sim – concordo. – Eu sei.

– Você continua correndo diretamente para o perigo – Vivi me informa. – Você precisa parar de agir como se a política da corte fosse algum tipo de esporte radical e parar de perseguir adrenalina.

– Não pude evitar que Madoc me sequestrasse – indico.

Vivi continua, me ignorando. – Sim, foi a segunda coisa que soubemos, o Grande Rei apareceu na nossa porta, parecendo pronto para demolir todo o complexo de apartamentos para encontrá-la. E quando finalmente ouvimos sobre você através de Oriana, não foi como se pudéssemos confiar em alguém. Então tivemos que contratar uma barrete canibal para vir conosco, só por precaução. E foi uma coisa boa o que fizemos...

– Ver você deitada na neve... Você estava tão pálida, Jude – Taryn interrompe. – E quando as coisas começaram a brotar e a florescer ao seu redor, eu não sabia o que pensar. Flores e videiras atravessavam o gelo. Então a cor voltou à sua pele e você se levantou. Eu não conseguia acreditar.

– Sim – digo baixinho. – Fiquei bastante surpresa.

– Isso significa que você é mágica? – Heather pergunta, o que é uma pergunta justa. Os mortais não deveriam ser mágicos.

– Eu não sei – digo a ela.

– Ainda não acredito que você se casou com o príncipe Cardan – diz Taryn.

Sinto uma necessidade obscura de me justificar. Quero negar que o desejo teve parte disso, quero afirmar que fui totalmente prática quando concordei. Quem não gostaria de ser a Rainha das Fadas? Quem não faria a barganha que eu fiz?

– É só que você o odiava – diz Taryn. – E então eu descobri que ele estava sob seu controle o tempo todo. Então pensei que talvez você ainda o odiasse. Quero dizer, acho que é possível que você o odeie agora e que ele também te odeie, mas é confuso.

Uma batida na porta a interrompe. Oak corre para abri. Como se convocado por nossa discussão, o Grande Rei está lá, cercado por sua guarda.



Obrigado a todos que acompanharam a primeira parte e a todos os comentários. Foram os comentários de vocês que me deram um gás para manter o foco, porque perco o foco das coisas muito fácil diante do computador. (a déficit de atenção, meu pai amado! -kkk)
Tenho visto também que muitas pessoas estão acompanhado a tradução, já que pela primeira vez nesses três anos de blog uma nova postagem superou a trilogia All For The Game em numero de visualizações diárias, semanais e mensais. Yeeess.

Agora let's go traduzir o resto!

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9 Comentários

  1. Rafaella29 julho

    Simmmmm, estamos amando Thiago! Muito obrigada pelo seu trabalho, eu mesma passo o dia atualizando isso aqui pra ver se você postou um novo capítulo! :D
    Aguardando ansiosa pelo próximo, não vejo a hora de rei e rainha se encontrarem e conversarem :D

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    1. Cardan vai chamar ela de mentirosa, aposto. kkkkk

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  2. Rafaella29 julho

    #focothiago
    ����

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  3. Amando a tradução, olho todo dia para ver saiu capítulo novo kkkkkkkkkkkk thanks
    Agora sobre esse capítulo, nooossa a Taryn foi lá tocar na ferida hem kkkkkkkk a vivi tá nos modo full pistola com a Jude e o q drogas o Cardan quer com uma pá de guardas entrando no quarto, até parece que a Jude vai atacar ele nesse estado kkkkkkkkk

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    1. Sim, mas a Jude não sabe que tudo de maldade que o Cardan fez com ela foi por causa do plano do Locke e da Taryn. Mas também não era como se ele gostasse dela, o que o casal gabiru fez foi só um empurrão.

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  4. obrigada por compartilha essa tradução, sério mesmo
    posta logo ok?

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  5. Anônimo30 julho

    Muito obrigada pela tradução incrível, estou amando!
    <3

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  6. traducao maravilhosa, por favor continua
    P.S. obrigada

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  7. A única coisa que eu consigo pensar é: IHUL

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