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The Queen of Nothing - Capítulo Vinte e Cinco

Me deito de costas no tapete diante do fogo em meu antigo quarto. Taryn senta-se ao meu lado, cutucando uma galinha assada que ela pegou da cozinha do palácio. Uma bandeja inteira de comida está espalhada no chão – queijo e pão, passas e groselhas, romãs e ameixas, juntamente com uma molheira com creme de leite. Vivi e Heather descansam do outro lado, as pernas e mãos entrelaçadas. Oak empilha bagas e depois as derruba com ameixas, algo que eu teria chamado atenção uma vez, mas não estou prestes a fazê-lo agora.

– É melhor do que lutar, não é? – Taryn diz, pegando uma chaleira fumegante do fogo e derramando água em uma panela. Ela acrescenta folhas, e o aroma de menta e sabugueiro enche o ar. – Uma trégua. Uma trégua improvável.

Nenhum de nós responde, meditando sobre a pergunta. Não prometi a Madoc nada concreto, mas não tenho dúvidas de que, no banquete desta noite, ele pretende começar a atrair autoridade para si mesmo. Uma gotinha que rapidamente se torna uma inundação, até que eu sou apenas uma figura sem poder real. A tentação dessa linha de ataque é que sempre se pode convencer a si mesmo de que esse destino é evitável, que se pode reverter quaisquer perdas, que se pode puxar o tapete.

– O que tinha de errado com aquela garota? – Oak pergunta. – Rainha Suren.

– Eles não são particularmente legais, a Corte dos Dentes – digo a ele, me sentando para aceitar uma xícara de Taryn. Apesar de ficar tanto tempo sem dormir, não estou cansada. Não estou com fome, embora tenha me forçado a comer. Não sei o que eu sou.

Vivi bufa. – Sabia que você diria isso. Você também é capaz de chamar um vulcão de 'quente'.

Oak franze a testa – Nós vamos ajudar ela?

– Se você decidir se casar com ela, poderíamos exigir que a garota morasse aqui até você ficar mais velho – digo. – E se ela ficasse, nós a deixaríamos livre. Acho que seria benéfico para ela. Mas ainda acho que você não deveria fazer isso.

– Não quero me casar com ela, nem com ninguém – diz Oak. – E eu não quero ser Grande Rei. Por que não podemos simplesmente ajudar ela?

O chá está muito quente. O primeiro gole queima minha língua.

– Não é fácil ajudar uma rainha – diz Taryn. – Elas não deveriam precisar de ajuda.

Caímos em silêncio.

– Então você vai assumir a propriedade de Locke? – Vivi pergunta, virando-se para minha irmã gêmea. – Você não precisa. Você não precisa ter o bebê dele também.

Taryn pega uma groselha e rola a fruta cítrica pálida entre os dedos. – O que você quer dizer?

– Eu sei que no país das fadas, as crianças são raras e preciosas e tudo mais, mas no mundo mortal existe uma coisa chamada aborto – diz Vivi. – E até aqui, tem crianças trocadas.

– E adoção – diz Heather. – A decisão é sua. Ninguém iria julgá-la.

– E se alguém julgá-la, eu poderia cortar suas mãos – ofereço.

– Eu quero o bebê – diz Taryn. – Não que eu não esteja com medo, mas também estou empolgada. Oak, você não vai mais ser o caçula.

– Gostei – diz ele, rolando sua ameixa machucada em direção à molheira de creme.

Vivi intercepta e dá uma mordida.

– Ei! – diz ele, mas ela apenas ri maliciosamente.

– Você encontrou algo na biblioteca? – Pergunto a Heather e tento fingir que minha voz não treme um pouco. Sei que ela não encontrou nada. Se tivesse, ela teria me dito. E ainda assim pergunto de qualquer maneira.

Ela boceja. – Havia algumas histórias malucas. Nada de útil, mas maluco. Um deles era sobre um rei de serpentes que comanda todas as cobras do mundo. Outra sobre uma serpente que coloca duas princesas feéricas sob uma maldição para que elas sejam cobras... mas apenas algumas vezes.

– E depois tinha essa sobre querer um bebê – diz ela, olhando para Taryn. – A esposa de um jardineiro não podia engravidar. Um dia, ela vê uma cobra verde fofa em seu jardim e se sente estranha pensando em como até cobras têm filhos, mas ela não. A cobra a ouve e se oferece para ser seu filho.

Eu levanto minhas sobrancelhas. Oak ri.

– Mas ele é um bom filho – diz Heather. – Eles fazem um buraco no canto da casa, e ele mora lá. Eles dão a ele os mesmos jantares que comem. Tudo fica bem até que ele cresce e decida que quer se casar com uma princesa. E não como uma princesa víbora ou uma princesa anaconda também. A cobra quer se casar com a princesa humana do lugar de onde eles moram.

– Como isso iria dar certo? – pergunta Taryn.

Heather sorri. – O pai vai até o rei e faz a proposta em nome de seu filho cobra. O rei não gosta, e, assim como todo mundo em contos de fadas, em vez de apenas recusar, ele pede à cobra que faça três coisas impossíveis: primeiro, transforme todas as frutas no pomar em pedras preciosas e transformar os pisos do palácio em prata e, por último, transformar as paredes do palácio em ouro. Cada vez que o pai relata uma dessas missões, a cobra dizia a ele o que fazer. Primeiro, o pai precisava plantar bolotas, que fazem jaspe e jade florescerem durante a noite. Então ele tem que esfregar o chão do palácio com uma pele de cobra descartada para torná-lo em prata. Por fim, ele tem que esfregar as paredes do palácio com veneno, o que as transforma em ouro.

– É o pai quem está fazendo todo o esforço – murmuro. Está quente demais perto da lareira.

– Ele é uma espécie de pai coruja. – A voz de Heather parece vir de muito longe. – Enfim, finalmente, em desespero, o rei admite para a filha que ele basicamente a vendeu para uma cobra e que ela tem que ir em frente com o casamento. É o que ela faz, mas quando estão sozinhos, a cobra tira a pele e se revela um cara bonitão. A princesa fica arrebatada, mas o rei entra no quarto deles e queima a pele, acreditando estar salvando a vida dela.

– O cara cobra dá um grande uivo de desespero e se transforma em uma pomba, voando para longe. A princesa enlouquece e chora como louca, depois decide que ela o encontrará. Pelo caminho, como se trata de um conto de fadas e, literalmente, nada faz sentido, a princesa conhece uma raposa fofoqueira, que lhe diz que os pássaros estão conversando sobre um príncipe que estava sob a maldição de uma ogra e não poderia ser curado sem o sangue de um bando de pássaros... e também o sangue de uma raposa. Então vocês podem muito bem adivinha o resto. Coitada da raposa, não acham?

[p]– Que insensível – diz Vivi. – A raposa estava ajudando.[/p][p]E é a última coisa que ouço antes de adormecer ao som de vozes amigáveis falando umas sobre as outras.[/p][p]
***
[/p][p]Acordo com as brasas mortas do fogo, com um cobertor sobre mim.[/p] [p]O sono fez sua estranha mágica, fazendo o horror dos últimos dois dias recuar o suficiente para eu pensar um pouco melhor.[/p] [p]Eu vejo Taryn no sofá, enrolada em um cobertor. Ando pelos quartos silenciosos e encontro Heather e Vivi na minha cama. Oak não está lá, suspeito que esteja com Oriana.[/p][p]Saio, encontrando um cavaleiro me esperando. O reconheço como um membro da guarda real de Cardan.[/p][p]– Vossa Majestade – diz ele, mão no coração. – Fand está descansando. Ela me pediu para cuidar de você até ela voltar.[/p] [p]Me sinto culpada por não ter pensado se Fand estava trabalhando demais. Claro que eu preciso mais do que um cavaleiro. – Como devo chamá-lo?[/p] [p]– Artegowl, vossa Majestade.[/p][p]– Onde estão os demais guardas do Grande Rei?[/p][p]Ele suspira. – Grima Mog nos colocou encarregados de rastrear os movimentos da serpente.[/p] [p]Que mudança estranha e lamentável de sua missão anterior, de manter Cardan seguro. Mas não sei se Artegowl gostaria de ouvir meus pensamentos, nem se seria apropriado que eu os dissesse em voz alta. Deixo-o do lado de fora das portas dos aposentos reais.[/p] [p]Lá dentro, fico surpresa ao encontrar Bomba sentada no sofá, virando um globo de neve nas mãos dela. Tem um gato dentro e as palavras PARABÉNS POR SUA PROMOÇÃO – o presente que Vivi trouxe para Cardan após sua coroação. Não sabia que ele havia guardado. Enquanto observo os cristais brancos brilhantes rodopiarem, me lembro do relato de neve caindo dentro do salão.[/p][p]Bomba olha para mim, com os ombros caídos. O desespero em seu rosto espelha o meu.[/p][p]– Eu provavelmente não deveria ter vindo – diz ela, o que não soa nada como ela.[/p][p]– O que há de errado? – Pergunto, entrando totalmente dentro da sala.[/p][p]– Quando Madoc veio fazer sua oferta, ouvi o que Taryn disse sobre você. Ela espera que eu entenda, mas não entendo.[/p][p]Balanço a cabeça.[/p][p]– Que a terra a curou. – Ela parece esperar que eu negue. Me pergunto se ela está pensando nos pontos que removeu neste quarto ou em como eu sobrevivi a uma queda das vigas. – Eu pensei que talvez... você pudesse usar esse poder para acordar o Barata.[/p][p]Quando entrei para a Corte das Sombras, não sabia nada de espionagem. Bomba já me viu falhar antes. Ainda assim, é difícil admitir esse fracasso. – Tentei quebrar a maldição de Cardan, mas não consegui. O que quer que eu tenha feito, não sei como fiz ou se posso voltar a fazer.[/p][p]– Quando vi Lord Jarel e Lady Nore novamente, não pude deixar de lembrar o quanto devo a Barta – diz Bomba. – Se não fosse por ele, eu não teria sobrevivido a eles. Mesmo além do fato que eu o amo, devo a ele. Eu tenho que fazê-lo melhorar. Se houver algo que você puder fazer…[/p][p]Penso nas flores que brotaram da neve. Naquele momento, eu era mágica.[/p][p]Penso em esperança.[/p][p]– Eu vou tentar – digo, parando-a. – Se eu puder ajudar Barata, é claro que quero. Claro que vou tentar. Vamos. Vamos agora.[/p][p]– Agora? – diz Bomba, se levantando. – Não, você voltou para seus aposentos para dormir.[/p][p]– Mesmo que a trégua com Madoc e a Corte dos Dentes corra muito melhor do que eu suspeito que será, é possível que a serpente não me permita controlá-lo – digo. – Posso não sobreviver por muito mais tempo. Melhor fazer isso o mais rápido possível.[/p] [p]Bomba coloca a mão dela levemente no meu braço. – Obrigado – Diz as palavras humanas desajeitadas em sua boca.[/p][p]– Não me agradeça ainda – digo.[/p] [p]– Talvez um presente em vez disso? – Do bolso, ela tira uma máscara de tela preta para combinar com a sua.[/p][p]Visto roupas pretas e jogo uma capa pesada sobre meus ombros. Então eu visto a máscara e saímos juntos pela passagem secreta. Fico surpresa ao descobrir que foi modificada desde a última vez que a atravessei, conectada ao resto das passagens através das paredes do palácio. Descemos pela adega e entramos no novo covil da Corte das Sombras. É muito maior do que os quartos antigos e muito melhor equipado. Está claro que Cardan financiou isso – ou que roubaram o tesouro pelas costas dele. Há uma área de cozinha cheia de louças e uma lareira grande o suficiente para cozinhar um pônei pequeno. Passamos por salas de treinamento, vestiários e uma sala de estratégia para rivalizar com aquela pertencente ao Grande General. Vejo alguns espiões, alguns que conheço e outros que não.[/p] [p]Fantasma ergue os olhos de uma mesa onde está sentado, jogando cartas em uma das salas dos fundos, o cabelos cor de areia pairando sobre os olhos. Ele olha para mim com desconfiança. Tiro a máscara.[/p] [p]– Jude – diz ele, aliviado. – Você veio.[/p] [p]Não quero dar a nenhuma falsa esperança. – Não sei se posso fazer alguma coisa, mas gostaria de vê-lo.[/p] [p]– Por aqui – Fantasma diz, levantando-se e me levando a um pequeno quarto cheio de esferas de vidro brilhantes. Barata está em uma cama. Estou alarmada com a mudança nele.[/p] [p]Sua pele parece pálida, não mais o rico verde profundo dos lagos, parecendo perturbadoramente como uma cera sob a pele. Ele se move no sono, depois grita e abre os olhos. Estão fora de foco, manchados de sangue.[/p][p]Eu recupero o fôlego, mas um momento depois, ele sucumbiu aos sonhos novamente.[/p][p]– Pensei que ele estivesse dormindo – digo horrorizada. Imaginei o sono de conto de fadas da Branca de Neve, imaginei-o ainda em uma caixa de vidro, preservado exatamente como ele era.[/p][p]– Me ajude a encontrar algo para prendê-lo – diz Bomba, pressionando corpo dele contra o dela. – O veneno o deixa assim às vezes, e eu tenho que contê-lo até que o ataque passe.[/p] [p]Posso ver por que ela veio até mim, por que sente como se algo tivesse que ser feito. Olho ao redor da sala. Acima de um baú, há uma pilha de lençóis de reposição. Fantasma começa a rasgá-los em tiras. – Vá em frente e comece – diz ele.[/p][p]Sem ter ideia do que fazer, me aproximo dos pés da Barata e fecho os olhos. Imagino a terra embaixo de mim, imagino o poder dela penetrando nas solas dos meus pés. Imagino enchendo meu corpo.[/p][p]Então me sinto constrangida e idiota e paro.[/p][p]Eu não consigo fazer isso. Eu sou uma garota mortal. Eu sou a coisa mais distante da magia. Não consigo salvar Cardan. Eu não consigo curar ninguém. Isso não vai funcionar.[/p][p]Abro os olhos e balanço a cabeça.[/p][p]Fantasma coloca a mão no meu ombro, caminha tão perto quanto me instruía na arte do assassinato. Sua voz é suave. – Jude, pare de tentar forçar. Deixe fluir.[/p][p]Com um suspiro, fecho meus olhos novamente. E de novo tento sentir a terra embaixo de mim. A terra das fadas. Penso nas palavras de Val Moren: acha que uma semente plantada no solo de goblin cresce sendo a mesma planta que seria no mundo mortal? Seja o que eu for, fui criada aqui. Esta é minha casa e minha terra.[/p] [p]Mais uma vez, sinto aquela estranha sensação de ser picada por urtigas.[/p][p]Acorde, eu penso, colocando minha mão em seu tornozelo. Eu sou sua rainha e ordeno que você acorde.[/p][p]Um espasmo assola o corpo da barata. Um chute cruel me acerta no estômago, me jogando contra a parede.[/p] [p]Caio no chão. A dor é intensa o suficiente para que eu me lembre de como recebi recentemente uma furada no intestino.[/p] [p]– Jude! – diz Bomba, movendo-se para proteger as pernas.[/p][p]Fantasma se ajoelha ao meu lado. – Você está machucada?[/p] [p]Dou um sinal de positivo para indicar que estou bem, mas ainda não consigo falar.[/p][p]Barata chora novamente, mas desta vez diminui para outra coisa. – Lil... – diz ele, a voz soando suave e áspera, mas falando.[/p][p]Ele está consciente. Acordado.[/p] [p]Curado.[/p] [p]Ele agarra a mão da Bomba. – Estou morrendo – diz ele. – O veneno... eu fui tolo. Eu não tenho muito tempo.[/p] [p]– Você não está morrendo – diz ela.[/p][p]– Tem algo que eu nunca poderia lhe dizer enquanto vivesse – diz ele, puxando-a para mais perto dele. – Eu te amo Liliver. Eu te amei desde a hora que nos encontramos pela primeira vez. Eu te amei e me desesperei. Antes de morrer, quero que você saiba disso.[/p] [p]As sobrancelhas de Fantasma se levantam e ele olha para mim. Sorrio. Com nós dois no chão, duvido que Barata tenha alguma ideia de que estamos lá.[/p] [p]Além disso, ele está muito ocupado olhando para o rosto chocado da Bomba.[/p][p]– Eu nunca quis... – ele começa, então morde as palavras, claramente lendo a expressão dela como horror. – Você não precisa dizer nada em troca. Mas antes que eu morra…[/p] [p]– Você não está morrendo – ela diz novamente, e desta vez ele parece realmente ouvi-la.[/p][p]– Estou vendo. – Seu rosto está cheio de vergonha. – Eu não deveria ter falado.[/p][p]Rastejo em direção à cozinha, Fantasma atrás de mim. Enquanto nos dirigimos para a porta, ouço a voz suave de bomba.[/p] [p]– Se você não tivesse – diz ela – então eu não poderia lhe dizer que seus sentimentos são recíprocos.[/p][p]Lá fora, Fantasma e eu voltamos para o palácio, olhando para as estrelas. Penso em quanto Bomba é mais inteligente do que eu, porque quando ela teve sua chance, ela a usou. Ela contou como se sentia. Eu falhei em dizer a Cardan. E agora eu nunca mais poderei.[/p][p]Dirijo-me para aos pavilhões das cortes baixas.[/p][p]Fantasma me olha com um olhar de interrogação.[/p] [p]– Há mais uma coisa que preciso fazer antes de dormir – digo a ele.[/p][p]Ele não me pede mais nada, apenas combina seus passos com os meus.[/p] [p]
***
[/p] [p]Visitamos Mãe Marrow e Severin, filho de Alderking, que tinha Grimsen há tanto tempo como seu empregado. Eles são minha última esperança. E embora eles me encontrem sob as estrelas e me ouçam educadamente, eles não têm respostas.[/p][p]– Deve haver uma maneira – insisto. – Deve haver algo.[/p][p]– O difícil – diz Mãe Marrow, – é que você já sabe como acabar com a maldição. Somente a morte, disse Grimsen. Você quer outra resposta, mas a magia raramente é tão conveniente que se adapta às nossas preferências.[/p] [p]Sinto Fantasma por perto. Sou grata por estar comigo, particularmente nesse momento, quando não tenho certeza se posso suportar ouvir isso sozinha.[/p] [p]– Grimsen não pretendia que a maldição fosse quebrada – diz Severin. Seus chifres curvos o fazem parecer assustador, mas sua voz é suave.[/p] [p]– Tudo bem. – Caio em um tronco próximo. Não era como se eu estivesse esperando boas notícias, mas sinto a névoa de tristeza se aproximando de mim novamente.[/p] [p]Mãe Marrow estreita os olhos para mim. – Então você vai usar a rédea da Corte dos Dentes? Eu gostaria de ver. Grimsen fez coisas tão terrivelmente interessantes.[/p][p]– Você pode dar uma olhada – digo. – Eu devo amarrar meu próprio cabelo nela.[/p][p]Ela bufa. – Bem, não faça isso. Se você fizer isso, será amarrada junto com a serpente.[/p][p]Vocês ficarão unidos.[/p] [p]A raiva que sinto é tão grande que, por um momento, tudo fica branco, como um raio, onde o trovão vem logo atrás.[/p] [p]– Então, como deve funcionar? – Pergunto, minha voz tremendo de fúria.[/p][p]– Provavelmente há uma palavra de comando – ela me diz com um encolher de ombros. – Difícil saber o que seria, mas é uma coisa é inútil sem ela.[/p][p]Severin balança a cabeça. – Só há uma coisa que o ferreiro sempre quis que alguém se lembrasse.[/p] [p]– O nome dele – digo.[/p][p]
***
[/p] [p]Não muito depois de chegar ao palácio Tatterfell vem com o vestido que Taryn encontrou para eu usar no banquete. Os criados trazem comida e começam a me preparar um banho. Quando eu saio da água, eles me perfumam e penteiam meu cabelo como se eu fosse uma boneca.[/p] [p]O vestido é prateado, com folhas de metal duro costuradas sobre ele. Escondo três facas em tiras na minha perna e uma na bainha entre os meus seios. Tatterfell olha de soslaio para os hematomas recentes onde eu fui chutada. Mas não digo nada da minha desventura, e ela não pergunta.[/p] [p]Crescida na casa de Madoc, me acostumei à presença de criados. Havia cozinheiros nas cozinhas, tratadores nos estábulos e alguns empregados domésticos para garantir que as camas fossem feitas e que as coisas estivessem decentemente arrumadas. Mas eu ia e vinha quando queria, livre para definir meu próprio cronograma e fazer o que quisesse.[/p] [p]Agora, entre a guarda real, Tatterfell e os outros servos do palácio, todos os meus movimentos são observados. Eu quase nunca estou sozinha e quando estou, nunca por muito tempo. Durante todo o tempo em que olhei para Eldred, no alto de seu trono, ou para Cardan, bebendo outra taça de vinho com uma gargalhada forçada, não entendia o horror de ser tão poderoso e tão impotente ao mesmo tempo.[/p][p]– Vocês podem ir – digo a eles quando meu cabelo está trançado e minhas orelhas adornadas em prata brilhante nas formas de pontas de flechas.[/p][p]Não consigo enganar uma maldição e não sei como combater uma. De alguma forma, devo deixar isso de lado e me concentrar no que posso fazer: fugir da armadilha que a Corte dos Dentes me colocou e evitar a tentativa de Madoc de limitar meu poder. Acredito que ele pretenda me manter Grande Rainha, com meu monstruoso Grande Rei para sempre ao meu lado. E imaginando isso, não posso deixar de pensar em quão terrível seria para Cardan ficar preso para sempre como uma serpente.[/p] [p]Gostaria de saber se está com dor agora. Me pergunto como é ter a maldição espalhada pela sua pele. Me pergunto se tem consciência suficiente para sentir a humilhação sendo selado diante de uma corte que já o amou. Se o ódio crescerá em seu coração. Ódio por eles. Ódio por mim.[/p] [p]É possível que eu me transforme em outra coisa, um Grande Rei tão monstruoso quanto Dain. E se eu fiz... se cumpri essa profecia... eu deveria ser parado. E acredito que você possa me impedir. [/p][p]Madoc, Lorde Jarel e Lady Nore planejam me acompanhar no banquete, onde devo anunciar nossa aliança. Terei que estabelecer minha autoridade e mantê-la durante a noite, um plano malicioso. A Corte dos Dentes é presunçosa e zombeteira. Parecerei fraca se permitir que isso seja direcionado a mim – mas não seria prudente arriscar nossa aliança retrucando. Quanto a Madoc, não duvido que esteja cheio de conselhos paternais, me empurrando para o papel de filha mal-humorada se eu o rejeitar com muita veemência. Mas se eu não puder impedi-los de levaram a melhor em cima de mim, tudo o que fiz, o que planejei, será por nada.[/p][p]Com tudo isso em mente, jogo meus ombros para trás e vou para onde o nosso banquete será realizado.[/p][p]Mantenho minha cabeça erguida enquanto ando pela grama coberta de musgo. Meu vestido voa atrás de mim. Os fios de prata entrelaçados no meu cabelo brilham sob as estrelas. Atrás de mim vem a fada com asas de mariposa, segurando a cauda do vestido. A guarda real me corteja a uma distância respeitosa.[/p] [p]Vejo Lorde Roiben parado perto de uma macieira, sua espada de meia-lua brilhando em uma bainha polida. Sua companheira, Kaye, está em um vestido verde muito próximo da cor de sua pele. A rainha Annet conversa com lorde Severin. Randalin está bebendo taça após taça de vinho. Todos eles parecem moderados. Eles viram uma maldição se desenrolar e, se ainda estão aqui, é porque pretendem lutar no dia seguinte.[/p] [p]Apenas um de nós pode lhes contar mentiras. Lembro-me das palavras de Cardan na última vez em que conversamos com os dirigentes das Cortes menores.[/p] [p]Mas está noite não é de mentiras que eu preciso. E também não exatamente de verdade.[/p][p]Ao me verem com Madoc e os governantes da Corte dos Dentes, um silêncio percorre a companhia reunida. Todos aqueles olhos pintados na minha direção. Todos aqueles rostos lindos e famintos, virando-se para mim como se eu fosse um cordeiro ferido em um mundo de leões.[/p][p]– Senhores, senhoras e habitantes de Elfhame – falo sobre o silêncio. Então hesito. Não estou acostumada a fazer discursos como qualquer um poderia estar. – Quando criança na Grande Corte, cresci com histórias bárbaras e impossíveis – de maldições e monstros. Contos que mesmo aqui, no Reino das Fadas, eram incríveis demais para serem acreditados. Mas agora nosso Grande Rei é uma serpente, e todos estamos mergulhados em um conto de maravilhas.[/p][p]– Cardan destruiu a coroa porque queria ser um tipo diferente de governante e ter um tipo diferente de reinado. Pelo menos de uma maneira, isso já foi realizado. Madoc e a rainha Suren da Corte dos Dentes deitaram as armas. Nos conhecemos e definimos os termos de uma trégua.[/p][p]Um murmúrio baixo atravessa a multidão.[/p] [p]Não olho para o meu lado. Madoc não deve gostar disso. Estou caracterizando essa aliança como meu triunfo, e Lorde Jarel e Lady Nore devem odiar que me refira a sua filha como membro da Corte dos Dentes.[/p][p]Continuo. – Convidei-os aqui essa noite para festejar conosco, e amanhã todos nos encontraremos no campo, não para a batalha, mas para domar a serpente e acabar com a ameaça a Elfhame. Juntos.[/p][p]Há aplausos dispersos e incertos.[/p][p]Com todo o meu coração, gostaria que Cardan estivesse aqui. Eu quase posso imaginá-lo sentado em uma cadeira, me dando dicas sobre como falar. Isso teria me irritado tanto, e agora, pensando nisso, há um poço frio de desejo no meu estômago.[/p][p]Sinto falta dele, e a dor é um abismo, que anseio por me deixar cair.[/p][p]Levanto minha taça, e ao redor, taças, copos e chifres são levantados. – Vamos brindar por Cardan, nosso Grande Rei, que se sacrificou por seu povo. Quem quebrou o domínio da Coroa de Sangue. Vamos brindar as alianças que provaram ser tão firmes quanto o alicerce das ilhas de Elfhame. E vamos brindar com a promessa de paz.[/p][p]Quando tomo meu cálice, todos bebe comigo. Parece que algo mudou no ar. Espero que seja o suficiente.[/p][p]– Belo discurso, filha – diz Madoc. – Mas em parte alguma foi mencionado minha recompensa prometida.[/p][p]– Para fazê-lo o primeiro entre os meus conselheiros? E já queres me ensinar. – O encaro com um olhar firme. – Até que tenhamos a serpente controlada, nosso acordo ainda não está fechado.[/p][p]Ele faz uma careta. Não espero que ele discuta o assunto, mas me afasto e vou a um pequeno amontoado de feéricos da Corte dos Dentes.[/p][p]– Lady Nore. – Ela parece surpresa por eu ter falado com ela, como se fosse presunção da minha parte. – Talvez você não tenha conhecido Lady Asha, mãe do Grande Rei.[/p] [p]– Suponho que não – ela concorda. – Embora...[/p] [p]Pego o braço dela e a conduzo até onde Lady Asha está, cercada por seus cortesãos favoritos. Lady Asha parece alarmada com a minha abordagem e ainda mais alarmada quando começo a falar.[/p][p]– Ouvi dizer que você deseja um novo papel na Corte – digo a ela. – Estou pensando em fazer de você uma embaixadora na Corte dos Dentes, por isso parece útil conhecer Lady Nore.[/p] [p]Não há absolutamente nenhuma verdade no que estou dizendo. Mas quero que Lady Asha saiba que ouvi falar de suas conspirações e que, se ela me ameaçar, sou capaz de mandá-la para longe dos confortos que ela mais preza. E parece uma punição apropriada para ambas serem afligidas uma pela outra.[/p][p]– Você realmente me forçaria a ficar tão longe do meu filho? – ela pergunta.[/p][p]– Se você preferir ficar aqui e cuidar da serpente – digo, – você só precisa dizer.[/p][p]Parece que Lady Asha realmente prefere é me esfaquear na garganta. Me afasto dela e de Lady Nore. – Aproveitem sua conversa. – Talvez aproveitem. Ambas me odeiam. Isso lhes dá pelo menos uma coisa em comum.[/p][p]Um borrão de pratos é trazido pelos criados. Talos macios de samambaia, nozes envoltas em pétalas de rosas, garrafas de vinho cheias de infusões de ervas, aves pequenas assadas caramelizadas. Enquanto olho os feéricos, parece que os jardins estão girando ao meu redor. Uma estranha sensação de irrealidade se intromete. Tonta, procuro uma das minhas irmãs, alguém da Corte das Sombras. Até mesmo Fand.[/p][p]– Vossa Majestade – vem uma voz. É lorde Roiben ao meu lado. Meu peito se contrai. De todas as pessoas, não tenho certeza se sou capaz de projetar autoridade a ele, agora.[/p] [p]– Foi bom da sua parte ficar – digo. – Depois que Cardan quebrou a coroa, eu não tinha certeza que você ficaria.[/p] [p]Ele concorda. – Eu nunca me importei muito com ele – diz, olhando para mim com seus olhos cinzentos, pálidos como a água do rio. – Foi você quem me convenceu a jurar a coroa em primeiro lugar, e você que intermediou a paz depois que a Corte Submarina quebrou o tratado.[/p][p]Matando Balekin. Eu mal posso esquecer.[/p] [p]– E eu poderia lutar por você, independentemente de nenhuma outra razão senão uma rainha das fadas mortal que não deixar de encantar muitas pessoas que considero queridas e irritar muitas pessoas que não gosto. Mas depois do que Cardan fez no grande salão, entendo por que você estava disposta a apostar qualquer loucura após loucura para colocá-lo no trono, e eu teria lutado até que a respiração deixasse meu corpo.[/p] [p]Eu nunca esperava esse discurso dele. Me traz de volta a realidade.[/p][p]Roiben toca uma pulseira no pulso, com fios verdes entrelaçados. Não, não é uma pulseira. É cabelo. – Ele estava disposto a quebrar a Coroa de Sangue e confiar na lealdade de seus súditos, em vez de obrigá-los. Ele é o verdadeiro Grande Rei das fadas.[/p] [p]Abro a boca para responder quando, através da grama, vejo Nicasia em um vestido cintilante, o prateado de escamas de peixe avançando entre cortesãos e governantes.[/p][p]E noto a consorte de Roiben, Kaye, se aproximando dela.[/p] [p]– Hum – digo. – Sua, hum, namorada está prestes a...[/p] [p]Ele se vira, bem a tempo de vermos Kaye dar um soco em Nicasia, bem no rosto. Ela tropeça em outro cortesão e depois cai no chão. A pixie aperta a mão, como se tivesse machucado os nós dos dedos.[/p][p]Os guardas selkie de Nicasia correm em sua direção. Roiben imediatamente começa a se mover na multidão, que se abre para dele. Tento seguir, mas Madoc bloqueia meu caminho.[/p] [p]– Uma rainha não corre em direção a uma luta como uma colegial – diz ele, agarrando meu ombro. Não estou tão distraída com o incomodo por não ver a oportunidade diante de mim. Me afasto dele, levando três mechas de seu cabelo comigo.[/p][p]Uma cavaleira ruiva abre caminho entre Kaye e os guardas selkie de Nicasia. Não a conheço, mas quando Roiben chega, parece claro que todos estão ameaçando duelar com todos os outros.[/p] [p]– Saia do meu caminho – rosno para Madoc, depois saio correndo. Ignoro qualquer um que tente falar comigo. Talvez eu pareça ridícula, segurando meu vestido dos joelhos, mas não me importo. Certamente pareço ridícula quando coloco algo no meu decote.[/p][p]A mandíbula de Nicasia está vermelha e sua garganta está corada. Engulo uma risada totalmente inadequada.[/p] [p]– É melhor não defender a pixie – ela me diz grandemente.[/p] [p]A cavaleira ruiva é mortal, vestindo o uniforme da corte de Alderking. Ela tem o nariz sangrando, o que eu suponho significa que ela e os selkies se confrontaram. Lorde Roiben parece pronto para puxar a lâmina do quadril. Considerando que ele estava falando sobre lutar até que a respiração deixasse seu corpo, é algo que prefiro evitar.[/p] [p]Kaye está usando um vestido mais revelador do que na última vez que a vi. Mostra uma cicatriz que começa na garganta e desce sobre o peito. Parece meio que um corte, meio que uma queimadura, e definitivamente algo que faz sentido para ela ficar com raiva. – Eu não preciso que alguém me defenda – diz ela.  – Posso lidar com os meus próprios negócios.[/p] [p]– Você tem sorte que tudo o que ela fez foi bater em você – digo a Nicasia. Sua presença faz meu pulso pulsar com os nervos. Não consigo deixar de lembrar como era ser prisioneira dela na Corte Submarina. Me viro para Kaye. – Mas isso acaba agora. Entendido?[/p][p]Roiben coloca a mão no ombro dela.[/p] [p]– Eu acho – diz Kaye, e depois sai pisando com suas botas grandes. Roiben espera um momento, mas balanço minha cabeça. Então ele segue sua consorte.[/p] [p]Nicasia toca os dedos na mandíbula, me olhando com cuidado.[/p][p]– Vejo que recebeu meu recado – digo.[/p][p]– E eu vejo que está se associando com o inimigo – ela retruca com um olhar na direção de Madoc. – Venha comigo.[/p][p]– Aonde? – Pergunto.[/p][p]– Em qualquer lugar onde ninguém possa nos ouvir.[/p][p]Caminhamos juntas pelos jardins, deixando nossa guarda para trás. Ela agarra a minha mão. – É verdade? Cardan está amaldiçoado? Ele foi transformado em um monstro cujas escamas quebraram as lanças do seu povo.[/p][p]Eu concordo com a cabeça.[/p][p]Para minha surpresa, ela cai de joelhos.[/p] [p]– O que você está fazendo? – Digo horrorizado.[/p][p]– Por favor – diz ela, com a cabeça inclinada. – Por favor. Você deve tentar quebrar a maldição. Sei que você é a rainha por direito e que talvez não o queira de volta, mas…[/p][p]Se alguma coisa poderia ter aumentado meu espanto, foi isso. – Você acha que eu...[/p][p]– Eu não a conhecia, antes – diz ela, a angústia clara em sua voz. Há uma dificuldade em sua respiração que vem com o choro. – Eu pensei que você era apenas uma mortal.[/p][p]Tenho que morder minha língua com isso, mas não a interrompo.[/p] [p]– Quando você se tornou senescal dele, eu disse a mim mesma que ele queria você pela sua língua mentirosa. Ou porque tivesse se tornado submissa, embora nunca o tenha sido antes. Eu deveria ter acreditado em você quando disse a ele que não sabia o que você poderia fazer.[/p] [p]– Enquanto você estava no exílio, eu consegui que ele me contasse mais. Eu sei que você não acredita nisso, mas Cardan e eu éramos amigos antes de sermos amantes, antes de Locke. Ele foi meu primeiro amigo quando cheguei aqui da Corte Submarina. E continuamos amigos, mesmo depois de tudo. Odiei o fato de ele amar você.[/p][p]– Ele também odiava – digo com uma risada que soa mais frágil do que eu gostaria.[/p][p]Nicasia me fixa com um longo olhar. – Não, não odiava.[/p][p]Depois disso, só posso ficar em silêncio.[/p] [p]– Ele assusta as pessoas, mas não é o que você pensa que é – diz Nicasia. – Você se lembra dos servos que Balekin tinha? Os servos humanos?[/p] [p]Aceno silenciosamente. É claro que eu me lembro. Jamais esquecerei Sophie e seus bolsos cheios de pedras.[/p][p]– Eles desapareciam às vezes, e havia rumores de que Cardan os machucava, mas não era verdade. Ele os devolvia ao mundo mortal.[/p] [p]Admito, estou surpresa. – Por quê?[/p] [p]Ela levanta a mão. – Eu não sei! Talvez para irritar seu irmão. Mas você é humana, então eu pensei que você gostaria que ele fizesse isso. E ele lhe enviou um vestido. Pela coroação.[/p][p]Me lembro disso, o vestido de baile nas cores da noite, com os contornos nítidos de árvores costuradas e os cristais como estrelas. Mil vezes mais bonita que o vestido que eu encomendei. Pensei que talvez fosse do príncipe Dain, já que era a coroação dele e jurei ser sua serva quando entrei para a Corte das Sombras.[/p][p]– Ele nunca contou, não foi? – Nicasia diz. – Então, vê? Essas são duas coisas boas sobre ele que você não sabia. E vi o jeito que você olhava para ele quando achava que ninguém estava olhando para você.[/p] [p]Mordo o interior da minha bochecha, envergonhada, apesar de sermos amantes e casados, e dificilmente deve ser um segredo que gostamos um do outro.[/p] [p]– Então me prometa – diz ela. – Me prometa que você o ajudará.[/p][p]Penso na rédea de ouro, no futuro que as estrelas previram. – Eu não sei como quebrar a maldição – digo, todas as lágrimas que eu não derramei brotando nos meus olhos. – Se eu pudesse, acha que eu estaria neste banquete estúpido? Me diga quem devo matar, o que devo roubar, me diga qual enigma devo resolver ou a bruxa que devo enganar. Apenas me diga o caminho, e eu o farei, não importa o perigo, não importa as dificuldades, não importa o custo. – Minha voz falha.[/p] [p]Ela me lança um olhar firme. Poderia pensar qualquer coisa dela, mas ela realmente se importa com Cardan.[/p] [p]E quando lágrimas rolam em minhas bochechas, para seu espanto, acho que ela percebe que eu também.[/p][p]Muito bom isso acontecer por ele.[/p][p]
***
[/p] [p]Quando terminamos de conversar, volto ao banquete e encontro o novo Alderking. Ele parece surpreso em me ver. Ao lado dele está a cavaleira mortal com o nariz sangrando. Um humano ruivo, que reconheço como consorte de Severin, está enchendo o nariz dela com algodão. O consorte e a cavaleira são gêmeos, percebo. Não idênticos, como Taryn e eu, mas gêmeos são tudo iguais. Gêmeos humanos em Faerie. E nenhum deles parece particularmente se incomodado com isso.[/p][p]– Preciso de algo de você – digo a Severin.[/p][p]Ele faz sua reverência. – Claro, minha rainha. O que for meu, será seu.[/p] [p]
***
[/p][p]Essa noite, deito-me na enorme cama de Cardan em seus enormes aposentos. Me remexo, chuto as cobertas.[/p] [p]Olho para a rédea dourada pousada em uma cadeira ao meu lado, brilhando à luz baixa da lamparina.[/p] [p]Se eu a colocasse na serpente, eu o teria para sempre. Uma vez sob controle, eu poderia trazê-lo aqui. Ele poderia se enrolar no tapete nesta mesma sala e, embora isso pudesse me tornar um monstro como ele, pelo menos eu não estaria sozinha.[/p][p]Em algum momento, durmo.[/p][p]Nos meus sonhos, Cardan serpente paira sobre mim, suas escamas negras brilhando.[/p] [p]– Eu te amo – digo, e então ele me devora.[/p]
Uffa, finalmente consegui postar. Estou a quase meia hora tentando, mas a plataforma tá instável.
O blogger amanheceu hoje todo bugado. Pensei que fosse erro no cache do meu pc, mas acho que o google deve estar atualizando a plataforma já que mês passado atualizaram a interface e ficou horroroso e cheio de bugs. Bom, mais bugs apareceram e espero que resolvam logo.


Próximo Capítulo ⏭

8 Comentários

  1. Dio, que capitulo emosionante

    Obrigada pela traducao, e o tradicional: Por favor continua

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  2. Rafaella07 agosto

    Que bom que conseguiu! Grata pelo capítulo Thiago!

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  3. Mds, que fábula fumada.
    Nicasia tem um coração, tô chocada.
    Acho que o Mardok nem dorme planejando.
    Ora ora, a senhorita Jude tá parecendo cada vez mais mágica.
    Thanks pela tradução.

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  4. Que ansiedade pelos capitulos finais x.x
    Continue!

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  5. Anônimo05 setembro

    meu to surtandooo... o livro é muito bomm.. e a tradução é impecável :)

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