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The Queen of Nothing - Capítulo Vinte e Quatro

Bomba me encontra lá, saindo das sombras em um movimento gracioso. Ela não está usando sua máscara.

– Jude? – ela diz.

Percebo o quão perto da serpente eu rastejei. Me sento na plataforma, talvez a um metro dele. Ele ficou tão acostumado comigo que fechou os olhos dourados.

– Suas irmãs estão preocupadas – diz ela, chegando tão perto de nós quanto ousa. A cabeça da serpente se levanta, a língua dispara para tocar o ar, e fica muito quieta.

– Estou bem – digo. – Eu só precisava pensar.

O beijo de nenhum amor verdadeiro irá impedi-lo. Nenhum enigma irá consertar isso. Somente morte.

Ela dá à serpente um olhar avaliador. – Ele conhece você?

– Não posso dizer. Ele parece não se importar de eu estar aqui. Tenho dito a ele como ele não pode me fazer cumprir minhas promessas.

A coisa mais difícil – a coisa impossível – é passa pela lembrança de Cardan dizendo que me amava. Ele disse essas palavras, e eu não respondi. Eu pensei que haveria tempo. E fiquei feliz – apesar de tudo – fiquei feliz, pouco antes de tudo dar tão terrivelmente errado. Nós ganhamos. Tudo ia dar certo. E ele me amava.

– Há algumas coisas que você precisa saber – diz bomba. – Acredito que Grima Mog lhe deu um relatório sobre os movimentos de Madoc.

– Ela deu.

– Pegamos alguns cortesãos especulando assassinar a rainha mortal. O plano deles explodiu – Um pequeno sorriso cruza seu rosto. – Assim como eles.

Não sei se devo ficar feliz com isso ou não. No momento, isso me faz sentir cansada.

– Fantasma reuniu informações sobre a lealdade de cada um dos governantes – diz ela. – Nós podemos revisar tudo. Mas o mais interessante é que você recebeu uma mensagem do seu pai. Madoc quer uma garantia de que ele, lady Nore e lorde Jarel possam vir ao palácio e tratar com você.

– Eles querem vir aqui? – Desço da plataforma. O olhar da serpente me segue. – Por quê? Eles não estão satisfeitos com os resultados de sua última negociação?

– Eu não sei – diz ela, uma fragilidade em sua voz que me lembra o quanto ela odeia os governantes da Corte dos Dentes, e com razão. – Mas Madoc pediu para ver você e seu irmão e irmãs. Assim como a esposa dele.

– Muito bem – digo. – Que ele venha, junto de lady Nore e lorde Jarel. Mas deixe-o ciente que não trará nenhuma arma para Elfhame. Ele não será recebido como meu convidado. Ele tem apenas a minha palavra de que virá sem causará danos, sem a hospitalidade da minha casa.

– E qual é o valor da sua palavra? – Bomba pergunta, parecendo esperançosa.

– Acho que vamos descobrir. – Já na porta, olho para trás em direção à serpente. Abaixo de onde repousa, o chão escureceu quase da cor de suas escamas.

***

Após várias idas e vindas de mensagens, é acertado que Madoc e sua companhia chegarão ao anoitecer. Concordei em recebê-los nos terrenos do palácio, sem interesse em deixá-los entrar novamente. Grima Mog traz um semicírculo de cavaleiros para cuidar de nós, com arqueiros nas árvores. Bomba traz espiões, que se escondem em lugares mais altos e mais baixos. Entre eles, Fantasma, seus ouvidos selados com cera macia.

Minha cadeira esculpida foi trazida para fora e está montada em uma plataforma nova e mais alta. Almofadas repousadas embaixo, para meu irmão e irmãs – e Oriana, se ela se aceitar a se sentar conosco.

Não há mesas de banquete nem vinho. A única concessão que fizemos para o seu conforto é um tapete sobre o chão lamacento. Tochas ardem em ambos os lados de mim, mas isso é para minha própria visão mortal, não para eles.

No alto, nuvens de tempestade passam, crepitando com um raio. Anteriormente, granizos do tamanho de maçãs foram relatados chovendo em Insweal. Tempo como este é desconhecido em Elfhame. Só posso supor que Cardan, em sua forma amaldiçoada, esteja amaldiçoando o tempo também.

Me sento na cadeira de madeira esculpida e arrumo meu vestido da maneira que espero que seja real. Limpo a poeira da bainha.

– Ainda tem poeira – diz Bomba, apontando. – Vossa Majestade.

Ela ocupa um lugar à direita da plataforma. Sacudo minha saia novamente e ela sufoca um sorriso quando meu irmão chega com minhas duas irmãs a reboque. Quando Bomba puxa a mascara, parece recuar inteiramente nas sombras.

A última vez que vi Oak, sua espada foi sacada e o terror estava em seu rosto. Fico feliz em substituir essa memória por a de agora: correndo para mim, sorrindo.

– Jude! – diz, subindo no meu colo, desfazendo o pequeno e minucioso trabalho de tirar poeira das saias. Seus chifres batem no meu ombro. – Eu estava explicando sobre o skate para Oriana, e ela acha que eu não deveria andar nele.

Olho ao redor, esperando vê-la, mas há apenas Vivi e Taryn. Vivi está vestido jeans e um colete de brocado por cima de uma camisa branca, um meio termo entre o estilo mortal e o imortal. Taryn está vestida com o vestido que vi em seu armário, aquele estampado com animais da floresta olhando por trás das folhas. Oak de um casaquinho azul-marinho. Na sua testa, alguém colocou um diadema de ouro para nos lembrar de que ele pode ser o último da linhagem Greenbriar.

– Eu preciso da sua ajuda – digo a Oak. – Mas vai ser muito difícil e muito chato.

– O que eu tenho que fazer? – ele pergunta, parecendo altamente desconfiado.

– Você tem que parecer que está prestando atenção, mas fique quieto. Não importa o que eu diga. Não importa o que papai diga. Não importa o que aconteça.

– Isso não é ajudar – ele protesta.

– Seria uma grande ajuda – insisto. Com um suspiro dramático, ele desliza para fora de mim e toma seu lugar emburrado nas almofadas.

– Onde está Heather? – Pergunto a Vivi.

– Na biblioteca – diz ela com um olhar culpado. Me pergunto se ela acha que Heather deveria estar de volta ao mundo humano e apenas o egoísmo de Vivi que ainda a mantém aqui, sem perceber que agora elas estão caminhando em direção ao mesmo objetivo. – Ela diz que, se fosse um filme, alguém encontraria um poema sobre cobras amaldiçoadas e isso nos daria a pista de que precisávamos, então ela foi procurar um. Os arquivistas não sabem o que fazer com ela.

– Ela está mesmo se adaptando em Faerie – digo.

A única resposta de Vivi é um sorriso tenso e triste.

Então Oriana chega, acompanhada por Grima Mog, que assume uma posição paralela e oposta à Bomba. Como eu, Oriana ainda usa o vestido que estava usando. Olhando para o pôr do sol, percebo que um dia inteiro deve ter passado desde então. Não sei quanto tempo fiquei sentada com a serpente, só que pareço ter perdido tempo sem perceber. Parece ter passado uma eternidade e tempo nenhum, desde que Cardan foi amaldiçoado.

– Eles estão aqui – diz Fand, correndo para ficar ao lado de Bomba. E atrás dela está o trovão de cascos. Madoc vem montado em um cervo, vestido sem sua armadura habitual, mas com um gibão de veludo azul profundo. Quando desmonta, percebo que manca onde a serpente passou sobre ele.

Atrás dele, uma carruagem de gelo puxada por cavalos feéricos tão cristalinos como se fossem invocados de ondas congeladas. À medida que os governantes da Corte dos Dentes saem, a carruagem e os cavalos desaparecem.

Lady Nore e Lorde Jarel estão de pele branca, apesar do ar não estar particularmente frio. Atrás deles, um único servo, com um pequeno baú gravado em prata, e a rainha Suren. Embora ela seja a governante deles, usa apenas um simples vestido branco. Uma coroa de ouro foi costurada na testa e uma fina corrente de ouro que penetra a pele do pulso funciona como sua nova rédea, com uma barra de um lado para impedir que a corrente escorregue.

Cicatrizes recentes cobrem seu rosto no formato das rédeas que ela usava quando a vi pela última vez.

Tento manter meu rosto impassível, mas a crueldade disso é difícil de ignorar.

Madoc está à frente dos outros, sorrindo para nós como se estivéssemos sentados para um retrato de família que ele estava prestes a se juntar.

Oak olha para cima e empalidece, vendo a rédea da rainha Suren perfurando sua pele. Então ele olha para Madoc, como se estivesse esperando uma explicação.

Nada está por vir.

– Gostaria de almofadas? – Pergunto ao pequeno grupo de Madoc. – Posso trazer alguns.

Lady Nore e lorde Jarel apreciam os jardins, os cavaleiros, Bomba com o rosto coberto, Grima Mog e minha família. Oak volta a ficar de mau humor, deitado de bruços em um travesseiro em vez de sentado. Quero lhe dar um empurrão com o pé pela grosseria, mas talvez seja um bom momento para ele ser rude. Não posso deixar que a Corte dos Dentes pense que são de grande importância para nós. Quanto a Madoc, ele nos conhece muito bem para ficar impressionado.

– Nós vamos ficar assim mesmo – diz Lady Nore, curvando os lábios.

É difícil sentar-se de maneira digna em uma almofada, e exigiria que ela se abaixasse muito abaixo de mim. Claro que ela recusaria minha oferta.

Penso em Cardan e na maneira como ele usava sua coroa torta, na maneira como ele descansava no trono. Isso lhe deu um ar de imprevisibilidade e lembrou a todos que ele era poderoso o suficiente para dar as regras. Resolvi tentar imitar o exemplo dele sempre que possível, inclusive com assentos irritantes.

– Vocês tem coragem de vir aqui – digo.

– De todas as pessoas, você deveria apreciar um pouco de ousadia. – O olhar de Madoc vai para Vivi e Taryn e depois de volta para mim. – Eu lamentei por você. Eu realmente acreditei que você tinha morrido...

– Fiquei surpresa de você não ter molhado seu capuz no meu sangue – digo. Ao meu lado, as sobrancelhas de Grima Mog se erguem.

[p]– Não posso culpá-la por estar com raiva – diz ele. – Mas ficamos com raiva um do outro por muito tempo, Jude. Você não é a tola que julguei que fosse e, da minha parte, não quero machucá-la. Você é a Grande Rainha das fadas. E o que quer que tenha feito para chegar ai, eu só tenho a aplaudir.[/p] [p]Ele pode não querer me machucar, mas isso não significa que não vai.[/p] [p]– Ela é a rainha – diz Taryn. – A única razão pela qual ela não morreu na neve foi porque a terra a curou.[/p][p]Um murmúrio se move entre os feéricos ao nosso redor. Lady Nore me olha com desgosto aberto. Noto que nem ela nem o marido fizeram uma reverência adequada, nem usaram meu título. Como deve irritar ela me ver mesmo nesta replica de um trono. Como ela deve odiar a própria ideia de que fui reivindicada verdadeiramente pela terra.[/p] [p]– É da natureza das crianças alcançarem o que os pais só podem sonhar – diz Madoc. Agora olha para Oriana, estreitando os olhos. – Mas vamos lembrar que grande parte dessa discordância familiar veio da minha tentativa de colocar Oak no trono. Eu sempre tive o prazer em governar através dos meus filhos do que em usar a coroa.[/p] [p]A raiva faísca dentro de mim, quente e brilhante. – E ai dessas crianças se elas não forem governadas por você.[/p] [p]Ele faz um gesto de desdenho. – Vamos pensar em seus próximos passos, Grande Rainha Jude. Você e seu exército, liderados por sua formidável nova general, contra o meu. Será uma grande batalha. Talvez você ganhe, e eu me retiro para o norte para fazer novos planos. Ou talvez eu acabe morto.[/p] [p]– Então o que me diz? Ainda há um rei serpente para enfrentar, alguém cujas escamas são mais duras que a armadura mais resistente, cujo veneno penetra na terra. E você ainda é mortal. Não há mais Coroa de Sangue para manter o Povo de Elfhame vinculado ao seu domínio, e mesmo que houvesse, você não poderia usá-la. Lady Asha já está reunindo um círculo de cortesãos e cavaleiros, todos dizendo que, como mãe de Cardan, ela deve ser regente até o retorno dele. Não, você vai ficar durante todo seu reinado se defendendo de assassinos e conquistadores.[/p][p]Olho para a Bomba, que não mencionou Lady Asha em sua lista de coisas que eu precisava saber. Bomba dá um leve aceno de reconhecimento.[/p][p]É uma imagem sombria, e nenhuma parte é falsa.[/p][p]– Então, talvez Jude desista – diz Vivi, sentando-se nas almofadas por pura força de vontade. – Abdique. Tanto faz.[/p][p]– Ela não vai – diz Madoc. – Você só entendeu metade do que Jude estava aprontando, talvez porque entendesse, não poderia continuar agindo como se houvesse respostas fáceis. Ela se fez um alvo para impedir que o alvo estivesse nas costas do irmão.[/p][p]– Não me dê sermão – retruca Vivi. – Isto é tudo culpa sua. Oak está em perigo. Cardan foi amaldiçoado. Jude quase acabou morrendo.[/p][p]– Estou aqui – diz Madoc. – Para fazer a coisa certa.[/p][p]Estudo o rosto dele, me lembrando da maneira como disse à pessoa que ele achava que era Taryn que, se machucava ela ter matado o marido, então ela poderia colocar o peso nele. Talvez ele veja o que está fazendo agora como algo na mesma linha, mas não posso concordar.[/p][p]Lorde Jarel dá um passo à frente. – Aquela criança aos seus pés, é a herdeira legítima da linha Greenbriar, não é?[/p][p]– Sim – digo. – Oak será o Grande Rei um dia.[/p][p]Felizmente, desta vez, meu irmão não me contradiz.[/p][p]Lady Nore assente. – Você é mortal. Você não vai durar muito.[/p][p]Decido nem discutir. Aqui, no Reino das Fadas, mortais podem permanecer jovens, mas esses anos virão sobre nós no momento em que pisarmos no mundo humano. Mesmo se eu pudesse evitar esse destino, o argumento de Madoc é persuasivo. Não vou ter dias fáceis no trono sem Cardan. – Isso é o que mortal significa – digo com um suspiro que não preciso fingir. – Nós morremos. Pense em nós como estrelas cadentes, breves mas brilhantes.[/p][p]– Poético – diz ela. – E fatalista. Muito bem. Parece que você pode ser razoável. Madoc deseja que façamos uma oferta a você. Temos os meios para controlar seu marido serpente.[/p][p]Sinto o sangue correr atrás dos meus ouvidos. – Controlá-lo?[/p] [p]– Como qualquer animal. – Lorde Jarel me dá um sorriso cheio de ameaça. – Temos uma rédea mágica em nossa posse. Criado pelo próprio Grimsen para controlar qualquer coisa. De fato, ele se ajustará à criatura que estiver sendo contida. Agora que Grimsen não existe mais, esse item é mais valioso do que nunca.[/p][p]Meu olhar vai para Suren e suas cicatrizes. Era isso que ela estava vestindo? Eles o tiraram dela para dar para mim?[/p][p]Lady Nore fala, assumindo a fala do marido. – Os cabos afundarão lentamente na pele dele, e Cardan será para sempre seu.[/p] [p]Não tenho certeza do que ela quer dizer com isso. – Meu? Ele está amaldiçoado.[/p][p]– E é improvável que seja de outra forma, se acreditarmos nas palavras de Grimsen – continua ela. – Mas, de alguma forma, se ele retornasse ao seu estado anterior, ele ainda permaneceria eternamente em seu poder. Isso não é delicioso?[/p][p]Mordo a língua para evitar reagir. – Essa é uma oferta extraordinária – digo, voltando-me para Madoc. – E o que quero dizer é, parece um truque.[/p][p]– Sim – diz ele. – Posso ver. Mas cada um de nós conseguirá o que deseja. Jude, você será a Grande Rainha pelo tempo que quiser. Com a serpente amarrada, você pode governar sem oposição. Taryn, você será a irmã da rainha e estará de volta nas boas graças da corte. Ninguém irá impedi-la de reivindicar as terras e propriedades de Locke para si. Talvez sua irmã lhe dê um título.[/p] [p]– Nunca se sabe – digo, estou perigosamente perto de ser atraída para a imagem que ele está pintando.[/p][p]– Vivienne, você poderá retornar ao mundo mortal e ter toda a diversão que puder encontrar, sem a intrusão da família. E Oak pode morar com sua mãe novamente. – Ele olha para mim com a intensidade da batalha em seus olhos. – Vamos acabar com o Conselho, e eu vou tomar o lugar deles. Vou guiar sua mão, Jude.[/p] [p]Olho para a Corte dos Dentes. – E o que eles vão receber?[/p][p]Lorde Jarel sorri. – Madoc concordou em casar seu irmão, Oak, com nossa pequena rainha, para que, quando ele subir ao trono, sua noiva suba com ele.[/p][p]– Jude...? – Oak pergunta nervosamente. Oriana pega a mão dele e a aperta com força.[/p][p]– Você não pode estar falando sério – diz Vivi. – Oak não deveria ter nada a ver com essas pessoas ou sua filha assustadora.[/p][p]Lorde Jarel a olha com um olhar de desprezo furioso. – Você, única filha verdadeira de Madoc, é a pessoa de menor importância aqui. Que decepção você deve ser.[/p][p]Vivi revira os olhos.[/p][p]Meu olhar vai para a pequena rainha, estudando seu rosto pálido e seus olhos estranhamente vazios. Embora seja o destino dela que estamos discutindo, ela não parece muito interessada. Ela também não parece ter sido bem tratada. Não consigo imaginar prendê-la ao meu irmão.[/p][p]– Pondo de lado a questão do casamento de Oak – diz Madoc. – Você quer a rédea, Jude?[/p][p]É uma coisa monstruosa, a ideia de amarrar Cardan em eterna obediência. O que eu quero é ele de volta, ele de pé ao meu lado, rindo de tudo isso. Me contentaria com seu pior eu, seu eu mais cruel, trapaceiro, se ele pudesse estar aqui.[/p][p]Penso nas palavras de Cardan antes de ele destruir a coroa: nem lealdade nem amor devem ser obrigados.[/p][p]Ele estava certo. Claro que estava. E, no entanto, eu quero a rédea. Quero isso desesperadamente. Posso me imaginar em um trono reconstruído com a serpente tórpida ao meu lado, um símbolo do meu poder e um lembrete do meu amor. Ele nunca estaria completamente perdido para mim.[/p][p]É uma imagem horrível e tão terrivelmente convincente.[/p][p]Eu teria esperança, pelo menos. E qual é a alternativa? Lutar uma batalha e sacrificar a vida do meu povo? Caçar a serpente e abrir mão de qualquer chance de ter Cardan de volta? Para quê? Estou cansada de lutar.[/p][p]Deixe Madoc governar através de mim. Deixe-o tentar, pelo menos.[/p] [p]– Jure para mim que a rédea não fará mais nada – digo.[/p][p]– Nada – diz Lady Nore. – Só permite que você controle a criatura em que é usada – se você disser as palavras de comando. E depois que você concordar com nossos termos, nós as contaremos a você.[/p] [p]Lorde Jarel acena para seu servo a frente, que remove a rédea do peito, jogando-a no chão, na minha frente. Brilhante, dourado. Um monte de tiras finamente trabalhadas e um futuro possível que não envolve perder o que me resta.[/p][p]– Me pergunto – digo, considerando, – com um objeto tão poderoso em sua posse, por que você não o usou.[/p][p]Ele não responde por um momento que se arrasta um pouco demais. – Ah – digo, lembrando dos arranhões recentes ao longo das escamas da serpente. Se eu inspecionar esse freio, aposto que ainda há sangue fresco dos cavaleiros da Corte dos Dentes – talvez também voluntários do exército de Madoc. – Você não poderia contê-lo, poderia? Quantos vocês perderam?[/p] [p]Lorde Jarel parece descontente comigo.[/p] [p]Madoc responde. – Um batalhão... e parte da Floresta Torta pegou fogo. A criatura não permitiu que nós nos aproximássemos. Ele é rápido e mortal, e seu veneno parece inesgotável.[/p][p]– Mas no salão – diz Lady Nore, – ele sabia que Grimsen era seu inimigo. Nós acreditamos que você possa atraí-lo. Como donzelas com unicórnios antigos. Você pode pará-lo. E se você morrer tentando, Oak chegará ao trono mais cedo com nossa rainha ao lado dele.[/p] [p]– Pragmático – digo.[/p][p]– Considere fazer o acordo – diz Grima Mog. Me viro para ela, e ela encolhe os ombros. – Madoc está certo. Caso contrário, será difícil manter o trono. Não tenho dúvida de que será capaz de conter a serpente, nem de que fará uma arma que nenhum exército em toda Faerie já viu antes. Isso é poder, garota.[/p][p]– Ou podemos matá-los agora. E pegar a rédea como nossa conquista – diz Bomba, removendo a máscara que cobre seu rosto. – Eles já são traidores. Eles estão desarmados. E conhecendo-os, pretendem enganá-la. Você admitiu o mesmo, Jude.[/p] [p]– Liliver? – diz Lady Nore. É estranho ouvi-la chamar por algo que não seja seu nome de código, mas Bomba foi prisioneira na corte dos dentes antes que ela se tornasse uma espiã. Eles só saberiam chamá-la pelo que ela foi até então.[/p][p]– Se lembra de mim – diz bomba. – Saiba que eu também lembro de você.[/p][p]– Você pode ter a rédea, mas ainda não sabe como usá-la – lembra lorde Jarel. – Não pode prender a serpente sem nós.[/p][p]– Acho que poderia arrancar isso dela – diz a Bomba. – Eu gostaria de tentar.[/p][p]– Vai permitir que ela fale conosco dessa maneira? – Lady Nore exige de Madoc, como se ele pudesse fazer qualquer coisa.[/p][p]– Liliver não estava falando com você – digo, com voz suave. – Ela estava falando comigo. E como ela é minha conselheira, eu seria tola se não considerasse cuidadosamente suas palavras.[/p] [p]Madoc solta uma risada. – Ah, vamos logo, se você conhece lorde Jarel e lady Nore, sabe que eles são maldosos o suficiente para negar, independentemente do tormento que sua espiã inventou. E você quer essa rédea, filha.[/p][p]A Corte dos Dentes apoiou Madoc a se apossara do trono. Agora eles veem um caminho para governar Elfhame, através de Oak. Assim que Oak e Suren se casarem, terei um alvo nas costas. E Madoc também.[/p] [p]Mas também terei a serpente ligada a mim.[/p][p]Uma serpente que é a corrupção da própria terra.[/p][p]– Me mostre que você está agindo de boa fé – digo. – Cardan cumpriu o que você pediu a ele, no caso de Orlagh da Corte Submarina. Liberte-a de qualquer desgraça que você tenha sobre ela. Ela e a filha me odeiam, então você não precisa se preocupar com elas correndo para me auxiliar.[/p][p]– Imaginei que você as odiasse também – diz Madoc, franzindo a testa.[/p][p]– Quero que o sacrifício de Cardan signifique o que ele queria que significasse – digo. – E quero saber se você não está aproveitando todas as barganhas que puder.[/p][p]Ele concorda. – Muito bem. Está feito.[/p][p]Respiro fundo. – Não comprometerei Oak com nada, mas se você quiser interromper a guerra, diga-me como o freio funciona e vamos trabalhar em direção à paz.[/p][p]Lorde Jarel sobe na plataforma, fazendo com que os guardas se movam na frente dele, armas o mantendo longe de mim.[/p][p]– Você prefere que eu diga em voz alta, na frente de todos? – ele pergunta, irritado.[/p][p]Afasto os guardas e ele se inclina para sussurrar a resposta no meu ouvido. – Pegue três cabelos da sua cabeça e amarre-os na rédea. Vocês ficarão unidos. – Então ele dá um passo atrás. – Agora, você concorda com o nosso pacto?[/p] [p]Olho para os três. – Quando o Grande Rei for dominado e controlado, darei a vocês tudo o que pediram, tudo o que estiver ao meu alcance para dar. Mas não terão nada antes disso.[/p][p]– Então é isso que você deve fazer, Jude – me diz Madoc. – Amanhã, faça um banquete para as Cortes menores e nos convide. Explique que deixamos de lado nossas diferenças diante de uma ameaça maior e que lhes demos os meios para capturar o rei serpente.[/p][p]– Nossos exércitos se reunirão nas rochas de Insweal, mas não para lutar. Você pegará a rédea e atrairá a serpente para você. Depois de colocá-lo, emita o primeiro comando. Ele se mostrará manso e todos lhe aplaudirão. Vai consolidar seu poder e lhe dará uma desculpa para nos recompensar. E irá nos recompensar.[/p][p]Ele já procura governar através de mim. – Será bom ter uma rainha que pode contar todas as mentiras que você não pode, não é? – digo.[/p][p]Madoc sorri para mim sem malícia. – Será bom ter uma família novamente.[/p][p]Nada sobre isso parece certo, exceto pelo couro liso da rédea em minhas mãos.[/p][p]
***
[/p][p]Ao sair do palácio, passo pela sala do trono, mas quando entro, não há sinal da serpente, exceto por dobradas da pele dourada desprendida.[/p][p]Ando a noite toda até a praia rochosa. Lá, ajoelho-me na pedra e jogo um pedaço de papel amassado nas ondas.[/p][p]Se você o amou de verdade, escrevi, me ajude.[/p]



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5 Comentários

  1. Rafaella06 agosto

    Preparados para mais um plot twist? Rs

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  2. Obrigado por essa traducao maravilhosa,por favor continua.
    Dio, nao acredito que ela pegou a redia, e compriencivel a razao mais ainda fico triste. Sera que a corte submarina vai ajudar? Sera que a serpente reconhece a Jude ou so acha ela familiar? Dio, quase surtando pelos proximos capitulos. P.S. obrigada de novo

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  3. Anônimo06 agosto

    Jesus, nem sei o que esperar! Continuaaa!!

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  4. Coitada da criança gente.
    Qual o problema dessa galera com controle da vida das crianças, é assim que se cria psicopatas, coitado do Oak.
    Tô só esperando as reviravoltas.

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  5. Eu não consigo nem imaginar pra onde isso tá indo kkkkk

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