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Resenha: O Príncipe Cruel (Holly Black)

O Príncipe Cruel - O Povo do Ar #1
Holly Black
Galera Record
Sinopse: Jude tinha 7 anos quando seus pais foram assassinados e foi forçada a viver no Reino das Fadas. Dez anos depois, tudo o que ela quer é ser como eles – lindos e imortais – e realmente pertencer ao Reino das Fadas, apesar de sua mortalidade.

Mas muitos do povo das Fadas desprezam os humanos. Especialmente o Príncipe Cardan, o filho mais jovem, mais bonito e mais cruel do Grande Rei. Para ganhar um lugar na Alta Corte, ela deve desafiá-lo… e enfrentar as consequências.

Envolvida em intrigas e traições do palácio, Jude descobre sua própria capacidade para truques e derramamento de sangue. Mas, com a ameaça de uma guerra civil e o Reino das Fadas por um fio, Jude precisará arriscar sua vida em uma perigosa aliança para salvar suas irmãs, e o próprio Reino.

Com personagens únicos, reviravoltas inesperadas, e uma traição de tirar o fôlego, este livro vai deixar o leitor querendo mergulhar de cabeça na continuação deste universo.
O príncipe Cruel é o primeiro livro da trilogia O Povo do Ar e mais uma adição ao universo compartilhado composto pelos livros:
  • #1 Tithe - Fadas Ousadas e Modernas
  • #2 Valiant - Fadas Ousadas e Modernas
  • #3 Ironside - Fadas Ousadas e Modernas
  • The Poison Eaters (Comedoras de veneno)
A história começa quando Jude e suas irmãs, Taryn e Vivi, com sete anos tem seus pais assassinados por Madoc, pai biológico de Vivi e general de um exército feérico do Alto Rei. Elas são levadas para um mundo cheio de criaturas mágicas para viver e o livro pula para Jude aos 17 anos.

Nesse mundo mágico, os humanos podem permanecer se eles se apaixonarem e se casarem (a escolha de Taryn) ou se eles mostrarem uma habilidade (a escolha de Jude - servir como uma cavaleira depois de provar sua habilidade de luta).

Depois de ser impiedosamente questionada sobre ser um mortal em um mundo cheio de fadas e suportar violentos ataques físicos e psicológicos do filho do Rei, Príncipe Cardan e seus amigos, Jude descobre que em breve haverá uma mudança de poder entre o Rei e seus outros dois filhos, o príncipe Dain e Balekin, que estão em uma disputa pelo poder. Isso leva Jude a procurar maneiras de elevar seu status e garantir a segurança dela e de sua família, tornando-se uma espiã do Príncipe Dain.

Mas é claro que eu quero ser como eles. Eles são lindos como espadas criadas pelo fogo divino. Eles vão viver para sempre.
E Cardan é ainda mais bonito do que os outros. Eu odeio ele ainda mais. Eu odeio tanto ele que às vezes quando olho para ele, mal consigo respirar.

O que eu achei?

Até o penúltimo capítulo da primeira parte o livro é lento, lento, lento e mais lento. Toda essa lentidão é compensada na segunda metade, onde acontecem tantas revira voltas quanto em game of thrones. A crueldade que as irmãs mortais passam, e revidada por Jude, foi o fôlego por ação que me obrigou a continuar lendo. As opulências nas descrições tornaram essa parte do livro um pouco mais fácil de digerir. Você fica visualizando o glamour descrito nas roupas (bem estilo Met Gala), das paisagens, das frutinhas mágicas e nos entorpecentes (fadas usam pó dourado, socorro). Black não dá ponto sem nó, cada cena entediante tem um propósito que fez meu queixo cair.

Apesar de ter um enredo interessante e uma protagonista feminina badass, uma parte é problemática: a relação entre Cardan e Jude. Depois que Jude enfrenta Cardan e seus amigos, ela então descobre que Cardan realmente tem sentimentos por ela. Ela o beija só para ganhar poder sobre ele, mas eles não começam um relacionamento. No entanto, o livro também sugere que Jude retribui esses sentimentos por ele. Cardan nunca prova que ele é uma pessoa decente e tem muito pouco desenvolvimento (realmente não sei de onde as pessoas enxergaram desenvolvimento no Cardan), portanto, tornando-o propenso à violência e à traição.

Do padrasto de Jude, Madoc, ao terrível príncipe Cardan, que vive em uma situação de vida abusiva, ao príncipe real Dain, que toma Jude sob sua proteção, todos e cada um desses personagens não podem ser confiáveis. Nunca se sabe quem eles são e o que querem, e isso os torna incrivelmente traiçoeiros.

Universo e Mitologia


Fadas são incrivelmente perigosas, verdadeiros parasitas que se aproveitam dos humanos para perpetuar sua espécie. Imagine como seria assustador estar completamente à mercê das fadas em torno de você, que poderiam encantá-lo e obrigá-lo a fazer suas ordens. Enquanto eles são glamourosos, criaturas bonitas que gostam de dançar, beber e praticar surubões(noronhe-se), a magia e poder que eles possuem poderia facilmente escravizar um ser humano.

O Príncipe Cruel capta quão aterrorizante poderia ser viver entre eles, como um humano, considerado inferior por não possuir magia e frequentemente usurado para fins reprodutivos ou de escravidão.

Na segunda parte Black promove um crossover com Fadas Ousadas e Modernas, quando Jude encontra Roiben, o líder da corte dos cupins.

Um pouco de distopia não pode faltar em um livro jovem adulto.

Fiquei bem intrigado quando Jude encontra Oriana admirando o céu e ela confessa que antigamente seu povo tinha asas. Acontece que a espécie de fada de onde Oriana nasceu acabou perdendo suas características por ter sangue ralo. Sangue ralo é quando uma fada não tem sangue puro, ou seja, há uma mistura com sangue humano. Metade dos feéricos possuem sangue ralo já que as fadas são como pandas: não se interessam por procriação e só entram em período fértil uma vez por ano.

A pesar de não terem interesse por procriação as fadas são seres totalmente sem pudor, praticantes assíduos de suruba.

O livro todo Jude é humilhada por sua mortalidade enquanto as fadas se gabam por sua "imortalidade". Mas a imortalidade delas é bem meia boca. Já dizia Sandy e Junior: “O que é imortal não morre no final”. No entanto, as fadas só não morrem de velhice, mas de facada e envenenamento morrem sim. Isso foi um ponto que deixou meio???? Que?? Esse desgraçado falou tanta bosta para isso?

Encerrando.

Não é nem metade do ano, mas o Príncipe Cruel já é um dos meus livros favoritos. O Príncipe Cruel é um livro sinuoso, complexo e incrivelmente empoderador que reflete as construções sociais de hoje.

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