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The King's Men - Capítulo Cinco [Página 1]



TRADUÇÃO: THIAGO
REVISÃO: THIAGO

As aulas no dia 12 de Janeiro foram um completo desperdício de tempo para as Raposas. As aulas de Neil foram cedo o bastante nesse dia, ele assistira a todas, mas não aprendera uma vírgula. As vozes de seus professores eram um completo porre; as palavras que escreveram no quadro se transformaram em táticas de jogadas. Neil manteve a caneta preparada, no entanto, não rabiscou uma única vogal em seu caderno. Teria que emprestar o caderno de algum colega mais tarde, mas hoje nada disso importava. Só o que importava era que eles tinham um voo às uma e vinte da tarde, para fora do estado.

A partida estava marcada para as sete e meia, mas Wymack queria que eles estivessem em solo de Austin, Texas, com duas horas de antecedência. Ele não confiava no clima de inverno, ele dissera. Neil tinha certeza de que ele havia agourado a equipe com tamanha paranoia. Caia uma torrente lá fora, fria e forte o suficiente para perecer granizo, e Neil preocupou-se do voo ser atrasado. Eles teriam uma pequena parada, graças a uma escala de noventa minutos em Atlanta, mas Neil ainda estava temeroso. Se eles perdessem o primeiro jogo do campeonato graças a algo tão estúpido quanto o clima, ele nunca superaria isso.

A chuva estava muito forte para um guarda-chuva fazer alguma diferença, então, Neil puxou seu capuz sobre a cabeça e correu de volta a Fox Tower. Ele lançou um olhar para o céu, na esperança de enxergar o fim das nuvens negras, e foi recompensado com chuva em seus olhos. Neil esfregou a mão nos olhos e atravessou a Rodovia Perimetral em um pequeno intervalo entre carros que trafegavam. Em sua direção, um atleta que descia a colina para sua aula acabou caindo assustando-se e soltando um palavrão. Ele já estava de pé antes mesmo de Neil alcançá-lo, com isso, Neil aprendera sua lição e diminuiu a velocidade. Não havia sobrevivido a crueldade Riko para sofrer uma contusão por impaciência.

  As quatro placas de ATENÇÃO posicionadas no saguão eram um completo exagero, mesmo assim, Neil ainda escorregou um pouco no chão molhado. Segurou-se na parede em busca de equilíbrio e posicionou sua carteira a frente do sensor próximo ao elevador. Sua carteirinha de estudante era rígida o suficiente para acionar a fechadura através do couro. Assim que os botões se acenderam, Neil apertou a seta para cima e pegou o primeiro carro que descia do elevador. Havia água acumulada no chão do elevador, então ele segurou-se firme ao parapeito até chagar ao terceiro andar. O corredor carpetado estava manchado de pegadas molhadas. Neil acrescentou as suas á sujeira enquanto caminhava pesadamente em direção a seu quarto.

Roupas secas nada fizeram para que se sentisse mais quente, então Neil se deitou no sofá com um cobertor. Não se lembrou de ter adormecido, mas o barulho na porta o acordou. Matt parecia dez centímetros mais baixo que o habitual, com os cabelos encharcados grudados a cabeça. Apesar de seu estado deplorável, ele sorria enquanto adentrava o quarto. Ele fez um gesto para Neil, chamando sua atenção, mas não falou até que a porta se fechar atrás dele.

– Acabei de passar pela Allison – disse Matt.

– Encharcada? – adivinhou Neil.

– A palhaça do ano –, disse Matt. – Eu acho que o guarda-chuva dela quebrou. Ela é bonita mesmo esfarrapada. Disse a ela que eu ia tirar uma foto dela para o anuário, e ela ameaçou arrancar minhas bolas com as unhas. Cinco dólares de que a Dan terá que arrastá-la para fora do quarto quando for à hora de sair.

– Ela sabe que precisamos dela.

– Significa que você tá dentro?

– Não apostei –, disse Neil.

– Ainda? Em nada? – Matt atravessou a sala, deixando sua mochila na mesa. – Temos, o que, dezesseis apostas simultâneas em curso, e você não quer entrar em nenhuma? Bom, você pode apostar em quatorze. Alguns dos potes estão ficando bem cheios e você provavelmente tem uma boa vantagem para ganhar algumas.

– Por que quatorze? – Indagou Neil. – O que aconteceu com as outras duas?

– Não se pode apostar em si mesmo –, esclareceu Matt. – É trapaça.

Neil inclinou a cabeça olhando para Matt.

– Não sabia que estavam apostando em mim.

– Apostamos em todos, em determinados momentos – esclareceu Matt. – Sabia que a maioria da equipe apostou contra Dan e eu? Eles acharam que eu não teria coragem chegar nela, e eles sabiam que ela nunca me daria uma chance. Ela meio que odiava homens quando a conheci. Queria culpar o tempo dela no clube de strip, mas eu acho que foi principalmente devido aos caras que o treinador lhe deu em seu primeiro ano. Allison me aconselhou a nem tentar.

– Você tentou de qualquer maneira –, disse Neil.

– Há um ano –, prosseguiu Matt. – Renee fez uma pequena fortuna quando Dan finalmente cedeu. Ela foi a única que apostou em nós. Ela é sempre a mais otimista nas apostas de causas perdidas.

Andrew havia chamado Neil de uma causa perdida no ano passado, com uma mão sobre a boca de Neil para evitar que ele replicasse. Relembrando o passado agora, com todas as peças que faltavam naquele argumento, Neil sabia que não era realmente ele quem Andrew estava tentando calar. Neil achou essa autocensura fascinante, se lembrando. Antes disso, Renee teria dito a Andrew que confessara sua sexualidade para Neil, e Andrew não escondera a verdade, na última sexta, quando Neil perguntou. O que Andrew achou que ele diria em novembro?

Não importava; não deveria importar.

Andrew não queria que nada surgisse a partir de sua atração e, de qualquer maneira, Neil não deixaria que as pessoas se achegassem tanto. Era como havia sido criado. Era como sobrevivera. Ele era sortudo por estar tão desapegado que, agora, o fim estava bem na esquina. Ele quebrara todas as outras regras de sua mãe. O mínimo que poderia fazer era respeitar uma.

– É por isso que você aposta em Andrew e Renee –, disse Neil, porque não podia, não conseguia, não pensar nisso.

– Bem, sim –, respondeu Matt. – Por um tempo, Renee era a única fora da panelinha com quem Andrew conversava. Renee disse que eles tinham muito em comum e que não era nada de mais, mas, então, ele a deixou dirigir seu carro. Aquele possante é um Gran Sport, Neil. Você não sai emprestando esse tipo de coisa para ninguém.

Neil levantou a mão sobre a cabeça em um gesto interrogativo.

– Não entendo nada de carros.

– Estou querendo dizer que, depois de trocar varias peças, o carro agora custa quase seis cifrões –, disse Matt.

Neil se levantou do sofá e se virou para encarar Matt.

– Custa quanto?

Ele sabia que Andrew tinha gasto boa parte do seguro de vida de Tilda; Nicky brincou uma vez, que Andrew decidiu acabar com a herança o mais rápido. Neil não tinha perguntado quanto dinheiro eles haviam conseguido com o falecimento, mas ele sabia que, só de olhar para o carro, tinha sido um desperdício colossal de grana. Ter uma estimativa do preço fez Neil se sentir Mal. De repente, seu chaveiro pesava uma tonelada e era tudo o que podia sentir para não tirá-lo do bolso.

– É quase tão caro quanto o Porsche da Allison –, disse Matt, – e ele deixou Renee dirigir com dois meses depois de conhecê-la. Você me julga por apostar neles? Mano, eu tinha tanta certeza que eles dariam certo.

A conjugação no pretérito foi o suficiente para distrair Neil.

– Mudou de ideia?

– Mais ou menos –, disse Matt. – Mas regras são regras. Uma vez que o dinheiro está no pote, você não pode mudar a aposta. Posso apostar contra em outro pote, então, eu consigo recuperar parte da minha grana. Desgraça, já é quase meio-dia. Temos que nos mexer. Se quiser pegar alguma coisa, eu sugiro que pegue agora.

Ele se foi antes que Neil pudesse perguntar o que havia mudado a opinião de Matt sobre as chances de Renee. Neil desistiu e pegou seu montinho de anotações sobre a formação tática da UT.

O sorriso de Matt era convencido, e limitadamente compassivo, quando eles se encontraram e Matt enxergou o que Neil tinha em mãos. Neil fingiu não ter percebido isso e trancou a porta da suíte logo atrás. As meninas esperavam por Matt para alcançá-las, no entanto, Neil andou alguns passos a frente delas, em direção ao grupo de Andrew.

O carro de Andrew parecia um monstro totalmente novo quando Neil se aproximou. Ele estava bem o suficiente para sentar-se no banco de trás com Nicky e Aaron, mas Kevin já se encaminhava antes que Neil pudesse tomar o assento.

O tempo que levaram para ir do dormitório para o carro e do carro para o estádio, as Raposas ficaram encharcadas. Allison não se preocupou com um guarda-chuva, mas dessa vez, ela tinha uma capa de chuva sobre a cabeça para proteger seu cabelo e maquiagem recém-refeitos. Ela era a mais seca dentre eles, mas ainda murmurava pelo mal tempo enquanto entrava na sala. Wymack suportou a chegada barulhenta com sua habitual falta de paciência e os conduziu pelo corredor para arrumarem suas coisas.

Eles pegaram o ônibus da equipe até o aeroporto, porque era mais barato deixar um veiculo na garagem do que três. Estar novamente à região norte da Carolina do Sul fez Neil pensar em sua viagem a Virginia Ocidental, então ele se concentrou em seus companheiros de equipe para manter seus pensamentos obscuros afastados.

Foi um quase colapso nervoso, pelo menos até Wymack enviar um olhar cauteloso em sua direção. Neil devolveu o olhar de Wymack e preferiu não pensar em Riko. Em vez disso, pensou em seu regresso, em Wymack abandonando tudo para buscá-lo e Wymack o mantendo integro quando ele quase feriu a si próprio. O aperto no peito de Neil diminuiu um pouco e ele acenou com a cabeça em resposta a pergunta silenciosa de Wymack.

Eles passaram pelo check-in e pela segurança em tempo hábil e partiram pelo terminal em busca de seu portão de embarque. Ficava quase no final, passando pelos banheiros e uma dúzia de lojas. Uma cafeteria estava na metade do caminho, e o cheiro de café e croissant era quase o suficiente para distraí-los. Wymack manteve-os em fila com o linguajar rude e ameaças veladas.

As Vixens tinham chegado antes ao aeroporto e estavam acampadas no portão de embarque. Neil passou por elas e olhou a placa eletrônica. Dizia: “Atlanta - 1:20 da tarde.”, deste modo, a companhia área não atrasaria o voo, apesar do tempo chuvoso. Neil preferiu acreditar que era porque o seu avião já estava posicionado do lado de fora.

As raposas se dispersaram ao sinal positivo de Wymack, metade delas para olhar pela janela e o resto para despejar suas malas em qualquer cadeira vazia que pudessem encontrar. Neil demorou apenas um estante para perceber que Andrew nem se mexera. Neil o olhou, mas Andrew estava de olhos vidrados mirando alem da janela. Neil seguiu seu olhar e observou um avião alçando voo pela pista.

Os outros já não estavam perto o suficiente para ouvi-lo, então Neil disse:

– Quando você disse que tinha medo de altura, era brincadeira, não era? – Deu a Andrew um momento para responder, depois tentou de novo. – Andrew, não é possível. O que você estava fazendo no telhado?

Andrew não respondeu imediatamente, mas a inclinação de sua cabeça para um lado dizia que ele estava pensando na resposta. Neil não sabia se ele estava procurando palavras ou apenas tentando descobrir quais delas queria dar a Neil em explicação. Finalmente, Andrew levou a mão à própria garganta e sentiu o pulso. Bateu o dedo em ritmo simultâneo quando encontrou a pulsação. Estava mais rápido do que deveria. Neil atribuiu o nervosismo de Andrew ao local.

– Sentindo –, disse Andrew, finalmente.

– Tentando lembrar o medo, ou tentando lembrar como sentir alguma coisa? – perguntou Neil, mas Andrew não respondeu. Neil tentou uma tática diferente. – Se isso faz você se sentir melhor, menos de vinte aviões caem por ano e nem sempre é devido ao clima. Às vezes os pilotos não são confiáveis. De qualquer maneira, tenho certeza de que é uma morte rápida.

A mão de Andrew ficou imóvel.

– Qual era o nome dele? – Ele olhou para Neil, que franziu o cenho para ele e disse: – Seu pai. Qual era o nome dele?

Neil Quase perdeu o fôlego.

Ele não queria responder, não queria esse nome no ar entre eles, mas era a vez de Andrew nesse joguinho. Ele não tinha o direito de recusar. Tentou se reconfortar um pouco, porque Andrew não chegava a esse nível baixo a menos que a provocação de Neil tivesse o atingido, mas Neil não conseguia se controlar. Ele olhou para as Raposas, certificou-se de que eles ainda estavam fora do alcance da voz, e se aproximou de Andrew de qualquer forma.

– Nathan –, ele disse finalmente. – O nome dele era Nathan.

– Você não tem cara de Nathan.

– Eu não sou –, Neil disse entre os nós em sua garganta. – Eu sou Nathaniel.

Andrew o considerou por mais um minuto, depois se virou sem dizer nenhuma palavra e voltou a observar a pista. Neil recuou, precisando de espaço para repirar e tirar aquela dor doentia de suas veias. Nicky acenou descontroladamente para chamar sua atenção e fez sinal para Neil se juntar a ele. Assim que Neil chegou perto o suficiente, Nicky passou um braço cuidadoso ao redor dos seus ombros.

– Flagrei o favoritismo todo –, disse Nicky. – Você sabia que ele, talvez, tenha dirigido a mim apenas dez palavras desde que nós o pegamos do Easthaven? Eu ficaria com ciúmes se eu não fosse tão contra a morte precoce. Mas de qualquer maneira, nós temos algum tempinho antes da decolagem. Quer vir conosco e comprar café?

Eles acabaram levando metade da equipe e várias das Vixens com eles para a cafeteria. Nicky avisou que eles já estavam bem na hora, mas nenhum deles contava com o quão lento a fila se moveria. No momento em que todos voltaram para o portão com as bebidas, os passageiros de seu voo já estavam embarcando.

Neil ficou de olhos fixos em Andrew enquanto eles embarcavam, esperando que ele hesitasse. Talvez, Andrew tenha notado a atenção, porque ele seguiu seus companheiros de equipe para o avião com um olhar entediado no rosto. A cena durou até que todos estivessem em seus assentos e os comissários estivessem apresentando as instruções de segurança no avião. A única coisa que Andrew trouxera para o avião com ele era uma caneta. Ele virou-a repetidamente nas mãos enquanto os comissários demonstravam como usar as máscaras de oxigênio a bordo. Kevin, sentado entre Neil e Andrew, nem sequer piscou um olho. Neil supôs que ele estava acostumado à inquietude de Andrew. Neil só sabia o que aquela inquietação significava, porque Andrew lhe contara a verdade quando Neil perguntou do que ele tinha medo.

Neil olhou pela janela, mas a chuva era tão densa no vidro que ele mal conseguia distinguir a asa do avião. As luzes eram uma bagunça embaçada. Neil fechou a cortina enquanto os comissários faziam um passeio final pela cabine. A decolagem nunca parecera um processo complicado antes, mas Neil imaginou como seria a sensação de alguém que não queria estar no ar. Finalmente, eles estavam correndo pela pista e Neil arriscou outro olhar para Andrew.

A expressão de Andrew não mudou quando os pneus deixaram o chão, mas a caneta de Andrew ficou imóvel durante toda a subida e ele ficou tenso. Ele estava de volta assim que alcançaram a altitude de cruzeiro. Ele obviamente notou os olhares que Neil lhe enviou, mas manteve seu olhar pesado no banco a sua frente.

Eles ainda tiveram tempo para gastar em Atlanta, então, assim que Wymack confirmou que o portão deles não havia mudado, ele deixou-os vagar pelo aeroporto por uma hora. O grupinho de Andrew passou a maior parte do tempo vagando de uma loja para outra. Aaron pegou um livro enquanto Nicky se abastecia de guloseimas. Andrew desapareceu, mas Neil finalmente o encontrou perto de uma vitrine de bibelôs de cristal. Era uma coisa estranha, Andrew se distrair, mas Neil não teve tempo para pensar sobre isso.

Kevin e Nicky estavam a dois segundos de discutir, porque Kevin estava tentando colocar os lanches de Nicky de volta na prateleira.

– Não é tudo para mim –, insistiu Nicky, tentando sair do aperto de Kevin sem deixar cair nada. – Tem para todo mundo.

– Ninguém precisa comer essas porcarias antes de um jogo –, disse Kevin. – Coma um pouco de granola ou proteína, se estiver com tanta fome.

– Hello, tem proteína na manteiga de amendoim – replicou Nicky. – Me solte antes que eu diga a Andrew que você está proibindo chocolate. Eu disse para me soltar. Você não manda em mim. Ai! É serio que você acabou de me bater?

– Vou indo embora e fingindo que não te conheço –, disse Aaron.

– Traidor –, gritou Nicky atrás dele.

– Kevin, largue ele –, disse Neil. – Não vale a pena brigar.

– Quando a nossa defesa é lenta, todos nós sofremos –, disse Kevin.

– Você não está falando sério –, disse Nicky. – Nós temos quantas horas até a partida? Isso tudo estará fora do meu organismo até então. Você pode me assistir cagando, se não acredita em mim. Nunca pensei que você gostasse desse tipo de coisas, mas... ha – ele vangloriou-se quando Kevin foi embora.

 Ele deu a Neil um sorriso triunfante, não percebendo o modo como os atendentes da loja olhavam para eles.

– Eu sou o mestre do persuasão.

– Ou de se iludir – disse Neil.

As sobrancelhas de Nicky se ergueram.

– Ai meu deus, você tentou fazer uma piada? Doeu alguma coisa? Não, sério, – ele disse quando Neil se virou como se quisesse deixá-lo para trás. – O que te deixou de bom humor?

Ao virar-se, Andrew novamente entrou na linha de visão de Neil. A luz brilhou no bibelô de cristal na mão de Andrew, quando ele a passou para um dos caixas. Neil estava longe demais para ver qual forma ele escolhera, mas nem precisava saber. Sua atenção estava em uma prateleira de animais cintilantes, todos bem organizados entre si.

A surpresa guerreou com alívio, e deu lugar a um sussurro de auto-satisfação. Neil não entendia o que Andrew via em Betsy, mas ele não se importava mais. Ele estava certo em colocar sua fé nela. Ela iria juntar os irmãos e a equipe finalmente estaria completa. Os Corvos não saberiam o que fazer com as Raposas na próxima vez que se reunissem na quadra.

– Ei, Neil –, disse Nicky. – Você está me ignorando?

– Só pensando nessa noite –, mentiu. – Vou esperar aqui enquanto você vai pagar isso.

Nicky deu de ombros e se dirigiu para o próximo caixa. Andrew pegou Kevin pelo caminho enquanto se dirigia para o lado de Neil, e Aaron voltou assim que Nicky ligou para ele. Eles voltaram para o portão e se acomodaram até o horário de embarque. O céu de Atlanta estava nublado, mas sem chuva. Uma checagem rápida em todas as pessoas, significava que eles precisavam sair com alguns minutos de antecedência.

Neil manteve um olho discreto em Andrew até o avião se estabilizar, depois desviou o olhar pela janela e pensou no adversário.

Neil nunca havia lidado com a esteira de bagagem antes, ele e sua mãe simplesmente jogavam fora o que não cabia na bagagem de mão. Entretanto, foi uma experiência esclarecedora e desagradável. As mesmas malas percorreram a esteira tantas vezes que Neil começou a pensar que o equipamento da equipe havia sido extraviado. As Raposas pareciam entediadas, não preocupadas, então ele manteve aquele pânico para si mesmo. Ele foi recompensado poucos minutos depois, quando a bolsa de Allison finalmente surgiu na esteira. As bagagens restantes estavam logo atrás.

– Carreguem-nas e as deixem alinhadas –, disse Wymack quando ele e Abby pegaram suas próprias malas.

As Raposas o seguiram até o transporte, onde a Wymack reservou uma van para 12 passageiros. Suas malas ocuparam todo o baú do bagageiro, e depois a maior parte do espaço onde os pés ficavam, mas conseguiram fechar a porta, e isso era tudo o que importava. Wymack alisou um papel amassado com instruções escritas à mão, guardou suas anotações nos mais breves dos olhares e os seguiu pelo caminho. Eles pararam brevemente em um restaurante italiano para comer frango e macarrão. Wymack resmungou sobre a conta, mas sua equipe sabia que não deveriam levá-lo a sério.

O estádio estava cheio de policiais e torcedores quando chegaram. Guardas ajudaram Wymack a encontrar um lugar para estacionar, e a equipe foi escoltada até o vestiário. Eles estavam adiantados, então Wymack ligou todas as TVs que encontrou e foi verificar a multidão. A TV mais próxima de Neil exibia os destaques dos jogos da Primeira divisão, referente à noite anterior. Sem surpresa, metade das jogadas resaltadas foram da vitória dos Corvos em quinze a oito. Neil havia assistido ao jogo entre os treinos na noite passada.

Faltando trinta minutos para a partida, eles se separaram nos vestiários para trocar de roupa. Neil não ficou surpreso ao encontrar uma completa falta de privacidade no vestiário masculino, mas seus companheiros de equipe saíram por tempo suficiente para que ele se equipasse. Deixou o capacete e as luvas, pois ainda tinha muito tempo antes da partida, e se reuniu com seus companheiros de equipe na sala principal.

– Leve-os para dar algumas voltas –, disse Wymack para Dan. – Deixe-os dar uma olhadinha no lugar.

O estádio da Universidade do Texas era parecido ao Foxhole em tamanho. Os Longhorns e as Raposas também compartilhavam as mesmas cores do time, então as arquibancadas lotadas pareciam familiares e reconfortantes. Neil só teve que ignorar o rugido desafiador da multidão quando eles notaram as Raposas no meio deles.

Dan estava satisfeita depois de um quilometro e meio, então, voltaram correndo para o vestiário onde se alongaram. Abby tinha água esperando por eles. Wymack guardava o resto de seus equipamentos. Aaron e Nicky dirigiram o porta raquetes para o pátio interno quando chegou a hora de tomar seu assentos nos bancos.

As Vixens surgiram, e seja como for, se posicionaram na seção reservada para os alunos de Palmetto State. Dan fez seu time saudar energeticamente as lideres de torcida e seus torcedores ardorosos. As Raposas foram recompensadas com vibração entusiasmadas.

Alguns segundos depois, os Longhorns passaram por eles em uma fila infinita. As Raposas tinham vindo em seus uniformes branco, para jogos como visitante, e os Longhorns usavam seus uniformes de mandante laranja. Era desorientador vê-los passar quase em seus colos; Neil esperava que ninguém se confundisse no calor do momento. Até mesmo a menor hesitação dentro de quadra poderia custar-lhes um gol.

Quando os Longhorns estivessem prontos, eles entrariam na quadra para aquecer, então as Raposas pegaram suas raquetes. Wymack deu-lhes alguns segundos, depois bateu palmas para chamar a atenção do time.

– Tudo bem, escutem. É hora de levar a sério. Esses caras até parecem amistosos usando nossas cores, mas eles estão aqui por uma única razão: para eliminar vocês logo no começo. Eles são aspirantes a campeões e sabem o que é preciso para chegar ao próximo nível. O trabalho de vocês é fazê-los parecer um bando de idiotas.

Abby fez uma cara de desgosto para ele, mas Wymack nem a olhou.

– Nós já vimos centenas de vezes à formação deles. Vocês leram as observações de Neil. Já mostrei o que precisavam ver. Esses caras são rápidos e perigosos, mas não são impenetráveis. A estratégia é: interceptá-los na meia área. E pelo amor de tudo que é mais profano, fiquem de olho nos atacantes e na negociante.

– Vou ficar de olho neles mancando para fora da quadra –, disse Dan.

– Faça o que tiver que fazer –, aconselhou Wymack, – mas não se atreva a receber um cartão vermelho. Vale para todos.

Ele lançou a Matt um olhar penetrante.

O sorriso de Matt não tranquilizou absolutamente ninguém, mas Wymack não perdeu o fôlego alertando-o uma segunda vez.

– Se vocês, senhoritas, começarem a ser marcadas firmemente, peçam à defesa que as ajudem. Não me importa que isso deixe um defensor contra dois atacantes, dá tempo suficiente para se livrar. Os goleiros vão proteger nosso gol enquanto isso. Não vão?

– Vamos fazer o nosso melhor –, Renee assentiu com um sorriso brilhante.



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