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The King's Men - Capítulo Três [Página 1]


TRADUÇÃO: PALOMA
REVISÃO: THIAGO

Neil esperava se sentir rejeitado por ter sido proibido de ir à academia na quinta-feira de manhã, mas Wymack lhe dera para assistir uma das partidas mais interessantes da Universidade do Texas. Wymack assistira a um jogo diferente em seu escritório, e os dois se encontraram depois para discutir a jogabilidade de cada jogador. As meninas o pegaram no estádio, já que Allison precisava retocar a maquiagem de seu rosto novamente. Foi mais rápido desta vez, pois Allison já tinha em mente o que deveria fazer e as cores já predefinidas.

As aulas foram um tédio; Neil passou o tempo aflito, mais preocupado se as pessoas podiam ver através da maquiagem do que realmente prestando atenção em seus professores. Foi um alívio quando a segunda aula terminou ás uma e quarenta e cinco, e Neil pôde escapar de volta para a Fox Tower. Matt não estava lá quando Neil entrou na suíte. Uma olhada no cronograma de aulas grudado na porta da geladeira dizia que ele não voltaria até que fosse quase a hora de ir ao estádio.

Neil aliviou o peso da bolsa em seus ombros colocando-a em sua escrivaninha. A gaveta inferior de sua mesa ainda continha os livros de matemática e espanhol do semestre passado. Ele tirou as suas anotações matemáticas da gaveta, limpou o pó do fichário e sentou-se para revisar. A maior parte era vagamente familiar, mas conforme ele mudava as páginas a matéria retornou a sua mente. Neil teve uma sensação de estar se afogando, significava que ele já sabia como iria passar o seu fim de semana.

Ás quinze para as três, Neil encontrou-se com Andrew no estacionamento para uma carona até o estádio. As Raposas normalmente iam para os treinos em dois grupos. Hoje, eles foram em três carros, já que fariam ida e volta ao Reddin Hall durante o treino da tarde. Andrew e Kevin tinham as primeiras sessões com Betsy Dobson e iriam direto para lá, então Aaron e Nicky subiram na caçamba da caminhonete de Matt com Renee. Neil achou que não conseguiria subir tal altura sem soltar algum ponto, mas ele nem precisou se preocupar. Allison o enfiou em seu conversível rosa assim que ele estava prestes a se impulsionar para subir.

Neil se preparou para perguntas, mas Allison não falou com ele durante todo o percurso. Neil agradeceu-lhe enquanto saía, recebendo um olhar perplexo em resposta, e esperou na calçada até que os outros chegassem.

O treino da tarde foi tão horrível quanto ele achava que seria. Ele pegou a gravação que Wymack lhe ofereceu, mas ficou absorto no corredor enquanto seus colegas de time se vestiam. Ele os assistiu atravessar o corredor em direção à quadra para se aquecer, ele teve que resistir para não segui-los. Sentar-se no sofá sugou cada gota restante de seu autocontrole, e ele esperava que a gravação o distraísse. Só funcionou até a volta das Raposas ao vestiário para equiparem suas armaduras. Neil se distraiu do que estava na tela e, ao invés disso, olhou para a parede.

– Foco –, disse Wymack em algum lugar atrás dele.

– Eu estou focado –, mentiu.

– Eles acabaram de marcar um gol incrível e você sequer se mexeu –, acusou Wymack.

Neil olhou de volta para a TV e viu que a pontuação havia aumentado. A multidão estava indo à loucura no fundo:

– Eu deveria estar na quadra.

– Você vai –, ratificou Wymack. – Semana que vem, quando você estiver melhor. Repousar por alguns dias não vai te matar. Talvez, você morra se arrebentar alguma coisa e a lesão for além de um curativo. Eu definitivamente vou matá-lo se você nos eliminar por sua impaciência. Olhe a situação da seguinte maneira se precisar: seus colegas estão apenas se aquecendo agora. Você teve duas semanas de treinos durante o recesso natalino, enquanto eles estavam vadiando e se empanturrando com comida. Você está mais adiantado do que eles.

– Kevin treinou –, disse Neil. – Matt disse que ele foi à quadra do bairro todos os dias.

– Só um dos oito.

– Eles podem aproveitar o tempo livre. Eles todos são melhores do que eu, e eles têm substitutos.

– Eles tem mais experiência e diferentes pontos fortes do que você –, disse Wymack. – Mas você está mil vezes melhor agora do que em maio. Não se rebaixe tanto. Agora, foco. Eu vou precisar de algumas boas anotações quando você for embora.

Neil calmamente pegou seu lápis em concordância quando Wymack foi embora.

Ele estava na metade do segundo jogo até que chegou a hora de ir para o Reddin. Desta vez ele estava indo por terceiro e tinha Aaron como dupla. Neil dirigiu, e de alguma forma ele resistiu em perguntar quanto tempo fazia desde que alguém deixara Aaron sentar no banco do passageiro. Ainda não havia nada a se ganhar por confrontar Aaron.

Era muito cedo para a maioria do corpo estudantil começar a ocupar espaço no centro médico, então Neil achou uma vaga para estacionar perto da porta. Eles ignoraram o balcão da recepção e foram pelo corredor até os escritórios dos conselheiros. Antes que Neil pudesse perguntar qual deles iria primeiro, Aaron continuou a andar até o escritório de Betsy e simplesmente sumiu de vista. Neil se afundou em uma das densas cadeiras para esperar.

Ele não queria pensar sobre a sessão, mas também não queria pensar sobre as Raposas treinando sem ele, então ao invés disso, ele começou a ler suas mensagens. A maioria delas eram de Nicky: comentários ociosos sobre coisas que ele vira em Nova York, perguntas sobre Millport e pedidos dispersos para que Neil parasse de ignorá-lo. Pelo menos quatro mensagens consistiam em apenas pontos de exclamação. Renee enviou saudações duas vezes e Allison uma, em um grupo de conversas no dia de Natal.

Kevin havia enviado apenas uma mensagem, no dia em que Neil foi para Evermore. Neil perdera tal mensagem apenas por alguns minutos; foi no exato momento em que Neil havia embarcado. Neil leu a mensagem de oito palavras quatro vezes:

"Jean vai te ajudar se você ajudar ele."

Neil não gostara muito de Jean nos primeiros dias, a mensagem de Kevin não faria diferença alguma, mas ele entendeu ao analisar melhor a situação. Jean estava a par da macabra realidade sobre os Moriyamas, já que ele havia sido vendido para Tetsuji anos atrás para pagar uma dívida com o chefe da família. Jean odiava o seu destino na vida, mas ele estava num ponto onde não podia sequer pensar em revidar. Ele não era um rebelde; ele era um sobrevivente. E faria o necessário para viver mais um dia.

Muitas vezes pareceu cuidar de Neil. Jean ficou como vigia, inabalável, enquanto Riko rasgava Neil de novo e de novo, mas ele sempre estava lá para colocar Neil de pé em seguida. Eles eram parceiros um do outro na quadra dos Corvos, o que significava que os seus sucessos e falhas impactavam diretamente em ambos. Jean era um aliado questionável, na melhor das hipóteses, mas ele era o único Corvo que havia cuidado de Neil. Era egoísmo, não bondade, mas fora suficiente para manter Neil vivo.

Neil sobreviveu e conseguiu sair de lá. Kevin escapou quando sua vida desmoronou ao seu redor. Jean ainda estava lá, mantendo-se firmemente da melhor maneira que podia. Neil se perguntou o que significou para ele assistir os dois irem embora: se achou que eles eram tolos por desafiarem o mestre ou se uma parte oculta dele estava com inveja por eles terem uma saída. Neil se perguntou se ele se importava. Se era mais seguro e inteligente não fazer nada. Mas se Jean não estava disposto a lutar, isto é, se ele não tinha nada para lutar, não havia nada que alguém pudesse fazer por ele.

Uma memória perdida repuxou em seus pensamentos, porém, fora de seu alcance. Neil tentou se focar naquilo, mas pensar sobre Jean fez sua mente relembrar dos abusos de Riko. Neil dispersou tudo aquilo e verificou o resto das mensagens. Dan e Matt tinham perguntado por ele diversas vezes. Aaron enviara uma única mensagem, era a última no correio de Neil , antes das trocas de cumprimento do Ano Novo.

"Não conte para Andrew sobre a Katelyn", dizia.

Katelyn e Aaron tinham saído juntos furtivamente ao longo do semestre de outono, evitando-se nos jogos e encontrando-se na biblioteca entre as aulas. Uma vez que Andrew foi interditado, Katelyn tornou-se um elemento permanente em suas vidas, jantando com Aaron em várias noites na semana e acabando ocasionalmente no dormitório. Era estranho pensar que eles estavam voltando a ficar em segredo e Neil futilmente se perguntou como Katelyn iria reagir à decisão. Ela provavelmente não ficaria feliz, mas pelo menos ela continuaria viva e segura.

O clique da porta o distraiu de seus pensamentos. Neil checou a hora e fechou suas mensagens. A relutância, cuja era maior que a dor, fez ele lentamente ficar em pé quando Aaron voltou. Betsy seguiu Aaron até a entrada e cumprimentou Neil com um sorriso caloroso.

– Olá, Neil.

Ele seguiu-a pelo corredor até seu escritório e passou por ela para entrar primeiro. O local parecia estar do mesmo jeito, assim como estava em agosto, das almofadas perfeitamente inclinadas em seu sofá até os bibelôs de cristal nas prateleiras. Ele se sentou no sofá e observou enquanto Betsy fechava a porta. Ela tirou um momento para misturar um pouco de chocolate quente e olhou para ele.

– Eu tenho um pouco de chá quente, se quiser. Eu lembro de você dizendo que não gosta de doces.

– Estou bem.

Betsy se sentou no lado oposto ao dele:

– Já faz algum tempo. Como você está?

– As Raposas conseguiram chegar até o campeonato de primavera, Andrew está de volta e sóbrio, e eu ainda estou recomeçando a trenar–, disse Neil. – Ainda não tenho do que reclamar.

– Parabéns pela classificação, a propósito –, disse Betsy. – Confesso que não entendo muito sobre esportes, mas você tem companheiros muito talentosos, o retorno de vocês ano passado foi nada menos que brilhante. Eu acho que trajetória de vocês vai ser incrível. Texas é um pouco longe para eu viajar, mas vou torcer por vocês no jogo em casa contra Belmonte. Você está pronto?

– Não –, respondeu Neil, – mas nós vamos chegar lá. Nós não temos opção. No mês passado, dissemos que não perderíamos um único jogo de primavera. Nós não mudamos de pensamento, mas acho que agora que janeiro está aqui, a ficha finalmente caiu sobre quem enfrentaremos e o que será necessário para ganharmos. Nós vamos enfrentar os melhores times do país, e nós somos apenas os competidores novatos.

– É uma forma muito madura de olhar para tudo isso. Também é –, Betsy gesticulou, abrindo um pouco as mãos enquanto procurava pelas palavras certas, – muito pratico. Isso soa mais como uma frase de efeito que você daria a um repórter do que algo que você poderia admitir para mim. Esperava que pudéssemos progredir após tais declarações cautelosas. Lembre-se que não estou aqui para julgar quaisquer coisas que você diga.

– Eu lembro –, assentiu Neil, e deixou o assunto por aquilo.

Betsy inclinou sua cabeça e prosseguiu:

– Você mencionou a volta de Andrew como algo positivo. Eu sei que você apoiou minha decisão de interná-lo em novembro. É provavelmente muito cedo para dizer, mas como você está lidando com a realidade de sua sobriedade? Alguma preocupação?

– Não vou falar sobre Andrew com você.                         

– Estou tentando conversar sobre você –, replicou Betsy. – Essa sessão é sobre você.

– Isso nem é realmente uma sessão –, disse Neil. – É um encontro informal e eu apenas estou aqui porque o Treinador disse que devemos vir vê-la uma vez a cada semestre. Nenhum de nós se beneficia com isso. Você está perdendo comigo o tempo que seria mais bem administrado com seus pacientes verdadeiros, e eu estou perdendo um treino.

– Eu não considero isso uma perda de tempo, mas eu peço desculpas por estar diminuindo seu tempo em quadra. – Ela deu a ele alguns segundos para responder, então disse, – Feliz Ano Novo, a propósito. Esqueci de dizer. Como foi seu feriado?

Ali estava a pergunta que ele esperava e temia. Ele não sabia o que seus colegas de equipe tinham dito para ela. Ele não lhe contaria a verdade, mas se ele mentisse sobre isso e eles já tivessem contado a ela, ela começaria a questionar tudo o que ele já havia dito até aquele momento. Neil considerou as possíveis consequências e decidiu mentir. Ele só era obrigado a ver Betsy uma vez a cada semestre, afinal; aquela era a última vez que ele se sentaria com ela cara-a-cara. Ela poderia pensar o que quisesse sobre ele.

– Foi bom –, disse Neil.

– Alguma vez já nevou no Arizona?

– De vez em quando. Eles consideram três centímetros e meio de neve uma grande tempestade.

– Oh, nossa –, disse Betsy. – Eu lembro quando tivemos uma geada há alguns anos atrás. Eu passei por uma mocinha no campus. Ela estava falando no telefone; ela havia ligado para alguém simplesmente para dizer que estava nevando aqui. Ela estava tão animada por causa de uma quantidade tão insignificante de neve que eu me perguntei se ela alguma vez já tinha visto-a antes. Queria perguntar de onde ela era, mas parecia inconveniente.

Não havia uma pergunta ali, então Neil não disse nada. Betsy também não disse nada e tomou um gole de seu chocolate quente. Neil resistiu ao impulso de olhar para o relógio. Ele não queria saber quão pouco tempo tinha passado.

– Você não vai falar comigo? – Betsy finalmente o incitou.

– O que você quer que eu diga? – indagou Neil.

– Qualquer coisa –, falou Betsy. – É a sua vez.

– Qualquer coisa? – inquiriu Neil. Quando ela deu um aceno de cabeça encorajador, Neil prosseguiu em contar sobre os jogos da UT que ele esteve assistindo. Era completamente impessoal, e definitivamente nada do que ela esperava, mas ela não o interrompeu e não teve o bom grado de parecer entediada. Ela bebeu seu chocolate quente e escutou-o como se fosse a história mais interessante que ela ouviu durante o dia inteiro. De algum jeito, isso fez Neil gostar ainda menos dela, mas ele não parou.

Finalmente ele estava livre para ir. Ele saiu dali, pegou Aaron na sala de espera e se dirigiu para o carro. Eles estavam no meio do caminho até o estádio antes de Aaron falar.

– Eu não contei para ela.

Eles eram os únicos no carro, mas demorou alguns segundo até Neil perceber que ele estava sendo abordado. Ele olhou para Aaron, mas Aaron observava a paisagem através da janela do passageiro.

– Nem eu –, disse Neil.

– Ela lhe perguntou sobre Andrew.

Não era bem uma pergunta, mas Neil respondeu:

– Sim. Para você também?

– Ela não me pergunta mais nada –, disse Aaron. – Ela sabe que não há motivo. Eu nunca dirigi uma única palavra a ela.

Neil imaginou-se sentado em um silêncio insensível, enquanto Betsy tagarelava sobre isso e aquilo. Foi ao mesmo tempo inspirador e perturbador. Ele não sabia se conseguiria aguentar meia hora disso.

– Queria ter pensado nisso. Eu dei a ela uma descrição completa das habilidades da UT ao invés disso.

– Previsível –, disse Aaron.

Neil se perguntou como Andrew matava o tempo. Quando tomava seus medicamentos, ele era obrigado a ter sessões semanais com Betsy. Neil não sabia se isso iria continuar. Ele estava mais interessado em como a visão de Andrew sobre Betsy mudaria. Andrew pareceu estranhamente tolerante há ela ano passado, ao ponto de ter admitido receber mensagens dela fora de suas sessões. Drogas eufóricas provavelmente deixavam qualquer um mais fácil de tolerar, apesar das circunstâncias.

Neil roubou a mesma vaga na qual ele tinha encontrado o carro. Ele voltou para o seu lugar no sofá, e Aaron seguiu ao vestiário para vestir seu uniforme novamente. Neil tentou não invejar seu bom estado de saúde e quase teve sucesso. A gravação da UT foi uma boa distração da irritação injustificada, mas Neil perdeu o foco do jogo quando Renee e Allison apareceram alguns minutos mais tarde. Neil observou o caminho delas pela sala, pensou duas vezes sobre aquilo, e então pausou o jogo.

– Renee?                          

Ambas pararam, mas Allison não ficou por muito tempo. Quando ela deixou o local, Renee veio e sentou-se com Neil, perto o suficiente para oferecer um conforto silente, mas longe o suficiente para que Neil pudesse respirar.

– O que eu disse ontem? – Neil perguntou a ela. – Por que você reagiu daquela maneira?

Não demorou muito para ela lembrar:

– Sobre as facas, você que dizer. – Quando Neil assentiu, ela virou as mãos e considerou as palmas das mãos. – Você se lembra que eu lhe disse que eu participava de uma gangue? Havia um homem lá que fazia de tudo para me machucar. Ele gostava de facas e mantinha meia-dúzia com ele o tempo todo. Eu não conseguia me defender por meios normais, então eu aprendi a lutar com facas também. Eu pratiquei por um ano antes até finalmente conseguir derrotá-lo.

–Derrotá-lo. – Renee contemplou a escolha da palavra por alguns momentos antes de dizer, – Ele não sobreviveu à luta. O mandachuva ajudou a ocultar o cadáver para incriminar uma gangue rival, e eu fui promovida. Eu mantive as facas comigo durante meu julgamento e processo de adoção. Eu queria lembrar da escuridão que eu fui capaz... E por qual escuridão eu sou capaz de sobreviver.

– Você fez o que tinha que fazer –, disse Neil. – Se ele sobrevivesse, ele teria voltado para pegar você.

– Eu sei –, disse Renee, suavemente. – Havia outras garotas antes dele se interessar por mim; haveria outras garotas depois que eu fosse embora. Mas eu não fiz isso pelo bem de todas. Eu fiz porque ele me fez muito mal e eu não queria mais ter medo dele. Lamento o que ele fez para mim mais do que eu lamento a necessidade de sua morte. Eu não senti aversão enquanto o observava morrer. Eu estava orgulhosa do que tinha feito com ele.

– Eu contei para Andrew o que eu tinha feito –, disse Renee. – No dia seguinte, enquanto eu estava na aula, ele entrou furtivamente no meu quarto e pegou minhas facas. Quando eu pedi elas de volta, ele disse que eu estava enganando a mim mesma. Se eu quisesse me lembrar daquilo, então eu não deveria escondê-las no armário, como se elas fossem um segredo humilhante que não poderia ser revivido, ou ignorá-las. Elas não estavam me fazer bem, então ele disse que ficaria com elas até que eu precisasse novamente.

– Permiti que ele ficasse com elas, porque eu confiei que ele não as usaria – disse Renee. – Achei que ele havia entendido o que elas deveriam ser: não mais armas, mas um símbolo do que nós superamos. Eu não questionei a ele suas razões. Sabia que ele me contaria se quisesse que eu soubesse.

A resposta óbvia era Drake, mas não se encaixava muito bem. Neil revirou o assunto em sua cabeça, seguindo o raciocínio até uma razão, e chegou às cicatrizes nos antebraços de Andrew. A quem Andrew tinha sobrevivido: Drake ou ele mesmo?

Neil não compartilharia seu raciocínio com Renee, então ele disse:

– Então, essas facas que ele carrega são suas?

– Eram minhas –, corrigiu Renee. – Ele estava certo; eu não preciso mais delas. Se você precisar, ele as dará para você, e eu vou te ensinar a como usá-las.

Ela não estava mais sorrindo. Neil estudou a sua expressão calma e soube o que significava. Ela colocaria sua fé e a sua piedade cristã de lado para lhe mostrar como cortar a garganta de um homem até a virilha, se ele a pedisse. Neil estava começando a entender por que Andrew gostava dela. Ela era louca o suficiente para ser interessante.

– Obrigado –, disse Neil, – mas não. Eu não quero ser como... Ele.

Ele não dissera que já havia usado facas antes; ninguém podia crescer um Wesninski sem ter uma lâmina empunhada na mão. Nathan não tinha tempo ou paciência para ensinar seu filho, mas deixou dois de seus capangas com a tal tarefa. Felizmente, Neil fugiu de casa antes que começasse a cortar pedaços de animais mortos.

– É claro –, concordou Renee. Ela esperou por um momento, para ver se algo mais estaria por vir, então ficou em pé. – Eu não deveria deixar Allison esperando, então se você quiser conversar comigo mais tarde, você sabe onde me encontrar.

– Ok –, disse Neil. Renee aproximou-se da porta antes que Neil fizesse a pergunta: – Como Andrew está? Sem as drogas, quero dizer.

Renee olhou para ele de volta e sorriu:

– Vá ver. Acho que o Treinador não vai se importar.




3 Comentários

  1. Caralho finalmente os resquícios do meu casalzão pqp! Vai longo.

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  2. Eu fico nervosa com esse dois AAAAA puta merda!

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  3. Aí MDS minha ansiedade kkkkk doida por ler mais. FinakFinal esses dois estão começando a se desenvolver.

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