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The King's Men - Capítulo Um [Página 1]


TRADUÇÃO: PALOMA
REVISÃO: THIAGO

Mesmo depois de um semestre em Palmetto State e algumas semanas praticando no maior estádio de Exy dos Estados Unidos, Neil ainda ficava sem fôlego pela quadra do Foxhole. Ele deitou-se de costas na linha do meio-campo, mergulhado em seu pensamento. Ele contou as fileiras de assentos, alternando entre laranja e branco, até que eles se desfocaram indistintamente perto da estrutura do teto, em seguida, observou os banners do campeonato da primavera, pendurados em ordem numérica em torno do estádio. Um com cada Raposa, incluindo o falecido Seth Gordon. Eles não estavam lá antes dos preparativos das Raposas para o Natal, e Neil perguntou-se o que Allison diria quando os visse.

– Esqueceu-se de como se levanta, Josten?

Neil inclinou sua cabeça para o lado, olhando o seu treinador. Ele deixara a porta da quadra aberta, e agora David Wymack estava parado na entrada. Neil não achou que tivesse ficado ali tempo o suficiente a ponto de Wymack ter finalizado sua papelada. Ou Wymack não confiava em Neil para manter sua promessa de não treinar até que estivesse completamente curado, ou Neil tinha perdido a noção do tempo novamente. Neil esperava que fosse a primeira opção, mas o nó em seu estômago provou o contrário.

Ele concordara em passar o feriado Natalino em Edgar Allan, porém, os Corvos trenavam dezesseis horas por dia durante os feriados. O que deveria ter sido duas semanas passou-se como três, e o relógio interno de Neil estava desordenado, mesmo depois de dois dias na Carolina do Sul. As aulas deveriam começar na quinta-feira, apesar disso, e a temporada de primavera seria iniciada na semana seguinte. Wymack estava na absoluta certeza de que ter uma rotina normal novamente iria ajudar. Neil apenas podia manter-se na expectativa de que ele estivesse certo.

– Hora de ir –, disse Wymack.

Foi o suficiente para fazer Neil se levantar, embora seu corpo agredido protestasse. Ele ignorou a dor com facilidade, por ter uma grande familiaridade com a mesma, e resistiu ao impulso de esboçar a dor em seu ombro enquanto cruzava a quadra até Wymack. Ele não deixou de reparar o olhar crítico que Wymack dirigiu a ele, mas optou por não reparar nisso.

– Eles desembarcaram? – perguntou Neil, quando ele estava perto o suficiente.

– Você saberia se respondesse as mensagens do seu celular.

Neil retirou o celular do bolso e abriu-o. Ele pressionou alguns botões, então virou a tela escura na direção de Wymack.

– Eu devo ter esquecido de carregá-lo.

– Deve ter –, repetiu Wymack, não se deixando enganar.

Ele estava certo em ficar desconfiado; Neil tinha deixado seu celular descarregar de propósito. Antes de ir para a cama no Ano Novo, ele desligou o celular e deixou-o fora da tomada. Ele ainda não tinha lido as mensagens que seus colegas de equipe o enviaram durante o feriado. Ele não poderia evitá-los para sempre, mas Neil ainda não tinha descoberto como explicaria suas ações. Os ferimentos feios que ele trazia eram uma consequência esperada por ter desafiado Riko. A tatuagem em sua bochecha lhe daria um pouco mais de trabalho para justificar, mas não era impossível. O que Neil não conseguiria contornar era o que Riko tinha feito com sua aparência.

Depois de nove anos de lentes de contato coloridas e tinturas de cabelo, Neil finalmente tinha sua cor natural de volta. Com o cabelo castanho-avermelhado e olhos azuis brilhantes, ele era uma imagem cuspida do pai assassino que ele passara metade de sua vida tentando fugir. Ele não havia se olhado no espelho há dois dias. A negação não mudaria sua aparência novamente, mas ele vomitaria se visse seu reflexo outra vez. Se ele pudesse ao menos pintar seu cabelo de alguns tons mais escuros ele poderia respirar um pouco mais aliviado, mas Riko deixou claro o que faria com as Raposas se Neil mudasse de fisionomia.

– Eles estão na área de recolhimento de bagagens –, disse Wymack. – Nós precisamos conversar.

Neil fechou rapidamente a porta da quadra e seguiu Wymack até o vestiário. Wymack desligou as luzes do estádio, e Neil olhou para trás enquanto a quadra Foxhole era engolida pela escuridão. A súbita ausência de luz provocou um arrepio por seu corpo. Por um momento, ele estava de volta em Evermore, sendo sufocado pela malevolência dos Corvos e pela restrita paleta de cores da quadra. Ele nunca havia sido claustrofóbico, mas o peso do imenso ódio quase esmagou cada osso em seu corpo.

O tilintar das chaves o trouxe de volta daquele abismo perigoso e Neil virou-se, assustado. Wymack entrou no vestiário a sua frente e destrancou a porta do escritório. Embora os dois fossem os únicos ali – exceto pelo segurança fazendo rondas obrigatórias em algum lugar –, Wymack tinha trancado o escritório em sua curta ausência.

Neil estivera lá vezes o suficiente para saber que Wymack não mantinha nada particularmente especial em suas prateleiras. A única coisa que tinha alguma importância ali era a bolsa esportiva de Neil, tal qual ele havia escondido num canto do escritório antes de ir para a quadra. No primeiro dia de Neil na Carolina do Sul, ele pedira a Wymack que protegesse suas coisas e, sete meses depois, Wymack ainda cumpria essa promessa. Era quase o suficiente para fazer Neil esquecer tudo sobre Riko.

Wymack se afastou e fez um gesto para que Neil se apressasse. No pouco tempo que levou para Neil pegar sua bolsa e suspender a alça em seu ombro, Wymack desapareceu. Neil encontrou-o no salão, sentado no centro de entretenimento ao lado da TV. Neil agarrou a alça de sua bolsa para ter coragem e ficou em pé na frente dele.

– Kevin me ligou ontem de manhã, quando ele não conseguiu falar com você –, disse Wymack. – Ele queria ter certeza de que você estava bem. Aparentemente, ele sabia esse tempo todo onde você estava.

Não havia o porquê mentir, então Neil disse:

– Sim.

– Eu o obriguei a contar para os outros –, disse Wymack, e o coração de Neil parou. Ele abriu sua boca para protestar, mas Wymack ergueu sua mão e continuou. – Eles precisavam saber o que os aguarda quando voltarem – para o seu próprio bem. Pense por um momento sobre como eles reagiriam se eles lhe vissem assim sem nenhum aviso prévio. Você se encolhe quando eles te chamam de "amigo"; você provavelmente teria um ataque psicótico quando eles surtassem para cima de você.

Neil queria argumentar contra isso. O melhor que conseguiu não foi convincente:

– Eu estava pensando em algo.

– Você já está todo enrolado –, acusou Wymack, – então eu inventei algo para você. Eu disse a eles que você parece ter lutado seis rodadas contra o Pé-Grande e que você provavelmente não gostaria de falar sobre isso. Eles prometeram não pressioná-lo, mas não sei se eles manterão essa promessa quando te virem de perto. Isso, no entanto, não contei a eles. – Ele gesticulou vagamente em seu próprio rosto.

Neil tocou o curativo que escondia a tatuagem em sua bochecha.

– Isso?

– Tudo isso –, disse Wymack, e assentiu quando Neil moveu sua mão até seu cabelo. – Eu não sei por que Riko fez isso, mas eu vou esperar por minhas respostas. O que você dirá para eles, é com você.

Foi quase o suficiente para derreter o gelo em seu peito. Neil não sabia o que dizer, então assentiu e olhou para o relógio. Ele não precisava buscar os outros no aeroporto porque Matt pagara para estacionar sua caminhonete em um estacionamento de longo prazo. Neil deveria encontrar-se com eles na Fox Tower, mas se eles estivessem recebendo suas bagagens apenas agora, demoraria outros vinte minutos para chegar ao campus.

– Eu deveria te acompanhar? – perguntou Wymack.

– Até o dormitório? – questionou Neil.

Wymack poupou a Neil um breve e piedoso olhar:

– Eu quis dizer a Columbia.

Andrew iria ser liberado hoje. Assim que os outros deixassem suas coisas nos dormitórios, eles estariam a caminho do Hospital Easthaven. Fazia sete semanas desde que as Raposas o viram pela última vez e quase três anos desde que Andrew esteve limpo. Dois deles sabiam o que Andrew era totalmente insensível quando sóbrio; os outros apenas sabiam rumores desagradáveis e especulações. Era altamente improvável que Andrew se importaria com o fato de Neil estar quase todo retalhado em pedaços, mas Neil tinha quebrado sua promessa de ficar ao lado de Kevin na ausência de Andrew. Neil duvidava que Andrew levaria isso numa boa.

Apesar disso, Neil não estava preocupado.

– Nós ficaremos bem.

– Caso contrário, pelo menos Abby vai estar de volta à cidade amanhã para cuidar de vocês. – Wymack checou seu relógio e levantou-se. – Vamos indo, então.

Foi uma viagem curta de carro até o dormitório dos atletas. O estacionamento atrás da Fox Tower estava, no geral, deserto, mas alguns dos carros das Raposas ainda estavam estacionados lá. Supostamente, os seguranças fizeram rondas para garantir que os carros não fossem violados na ausência de seus donos, mas Neil ainda tinha Wymack para parar ao lado carro de Andrew. Ele forçou as alças das portas primeiro, então verificou as janelas, procurando por rachaduras ou vandalismo. Ele chutou os pneus e decidiu que eles estavam satisfatórios para a viagem. Wymack esperou com o motor ligado até Neil estar pronto.

– Eu preciso ficar? – indagou Wymack.

– Vou ficar bem –, garantiu Neil. – Vou pedir ao Kevin para te ligar quando pegarmos o Andrew.

– Carregue seu celular e me ligue você mesmo –, disse Wymack. – Boa sorte.

Ele se afastou e Neil entrou no dormitório. Os corredores cheiravam levemente a purificadores de ar e produtos de limpeza; alguém já havia passado ali durante as férias para arrumar o lugar. Seu quarto era no terceiro andar, o mais distante dos três outros quartos das Raposas perto das escadas. Ele entrou, trancou a porta atrás de si e deu uma volta lenta pela suíte. Não encontrando nada fora do lugar, ele conectou o celular para carregar e desfez sua mala. A última coisa que tirou foi um maço de cigarros. Ele o levou até a janela do quarto e acendeu.

Ele estava no segundo cigarro quando a porta da frente se abriu. O silêncio lhe disse que Matt havia vindo sozinho; Nicky não seria sorrateiro nem para salvar a sua própria vida. Neil ouviu a batida de uma mala sendo colocada ao chão a e o clique da porta travando no batente. Neil deu um último suspiro profundo de fumaça e apagou o cigarro no parapeito da janela. Ele forçou a tensão de seus ombros, rezou para que sua expressão neutra permanecesse e fechou a janela. Quando ele se virou, Matt estava em pé na entrada do quarto com as mãos afundadas nos bolsos do casaco.

A boca de Matt se moveu sem produzir som algum por alguns minutos antes de ele finalmente conseguir um engasgado:

– Jesus Cristo, Neil.

– Não é tão ruim quanto parece –, disse Neil.

– Não. Apenas... Não, ok? – disse Matt. Ele passou seus dedos por seu cabelo, bagunçando seu penteado espetado com gel, e se virou. – Espere aqui.

Neil foi em direção à porta do quarto, enquanto Matt deixava a suíte. Assim que a porta se fechou, houve um pesado som de um corpo batendo contra a parede. Neil ouviu o tom furioso de Matt enquanto ele atacava alguém, mas as paredes eram grossas o suficiente para abafar suas palavras. Neil trocou seu peso de um pé para o outro e cometeu o erro de olhar a sua direita. A porta do banheiro estava aberta, dando-lhe uma boa visão de seu reflexo. Os hematomas multicoloridos espalhados por seu rosto eram horríveis, mas os olhos azuis o encarando de volta eram mil vezes mais assustadores. Neil engoliu em seco contra uma onda de náusea e desviou o olhar.

Ele voltou para pegar seu celular e desconectou-o do carregador. Não estava nem perto estar completamente carregado, mas ele esperava que houvesse bateria suficiente para durar até Columbia. Neil desligou o celular, para quando precisasse, e o guardou no bolso. A tentação de se arrastar para a cama era quase irresistível. Ele já estava exausto e ainda tinha mais sete companheiros de equipe para lidar depois que Matt terminasse com ele. Não havia nenhuma maneira de sobreviver se as meninas estivessem voltando hoje; felizmente, as três estariam no voo de amanhã pela manhã. Ele teria a noite para se distanciar e descansar.

Ele se dirigiu até a sala para esperar. Matt se juntou a ele novamente um minuto depois e fechou firmemente a porta atrás de si. Ele fez um esforço visível para se acalmar, mas ainda havia um resquício em sua voz enquanto ele falava:

– O treinador já gritou com você?

– Em alto e bom som –, disse Neil. – Não serviu de nada. Eu não estou arrependido e eu faria isso novamente se necessária. Não –, Neil o cortou antes que Matt pudesse argumentar. – As Raposas são tudo o que eu tenho, Matt. Não diga que eu estava errado por fazer a única coisa que eu podia.

Matt o encarou por um minuto que pareceu não ter fim, então disse:

– Eu quero quebrar o rosto dele em seis partes. Se ele ousar a chegar perto de você novamente...

– Ele vai ter que chegar –, disse Neil. – Nós vamos jogar contra os Corvos nas finais.

Matt sacudiu a cabeça e pegou sua mala. Neil deu espaço para que Matt pudesse passar, mas Matt lançou um último olhar ao rosto de Neil em seu caminho. A surpresa tirou o resquício de sua indignação. Neil não retornou o olhar e andou até a porta. Quase conseguiu; ele tinha sua mão na maçaneta quando Matt falou:

– O Treinador disse para não perguntar sobre seus olhos –, disse Matt. – Eu achava que Riko os escurecia.

Não era realmente uma pergunta, então Neil não respondeu.

– Voltaremos em algumas horas.

Ele partiu antes que Matt pudesse argumentar. Kevin, Nicky e Aaron estavam esperando a duas portas de distância depois de seu quarto. Nicky estava segurando duas sacolas de presentes, mas deixou-as cair com a aproximação de Neil. Neil estava a meio caminho deles antes de ver o hematoma no rosto de Kevin. A mancha vermelha na metade de sua bochecha dizia que um segundo hematoma não tardaria a se formar. Não era a primeira vez que Matt batia em Kevin e, definitivamente, não seria a última, mas Neil fez uma nota mental para falar com ele mais tarde. Nada daquilo fora culpa de Kevin.

Com isso, ele afastou Matt de seu pensamente e se focou nos três rapazes a sua frente. Não tão surpreendentemente, Aaron era o mais seguro deles para ser observado. O puxão franzido no canto de sua boca era curiosidade, não simpatia, e seu olhar permaneceu mais tempo nos cabelos de Neil do que nos hematomas que manchavam o seu rosto. Neil deu-lhe um momento para ver se ele iria perguntar algo, mas tudo que Aaron fez foi dar de ombros.

Nicky, por outro lado, parecia absolutamente abalado quando percebeu a aparência destruída de Neil. Ele o alcançou assim que Neil estava perto o suficiente e envolveu sua mão em torno de sua nuca. Ele cuidadosamente puxou Neil contra ele e apoiou seu queixo na cabeça de Neil. Nicky estava tenso como pedra, mas o longo suspiro que ele deixou sair por sua boca foi trêmulo.

– Ah, Neil –, disse ele com a voz sufocada. – Você está horrível.

– Isso vai desaparecer –, garantiu Neil. – A maior parte, pelo menos. Não se preocupe com isso.

Os dedos de Nicky se apertaram num espasmo.

– Não se atreva a dizer que você está bem. Eu não posso ouvir isso de você hoje, ok?

Neil obedientemente ficou quieto. Nicky o segurou por mais um minuto e finalmente o largou. Neil virou-se para Kevin e sentiu seu estômago embrulhar. Kevin o encarava como se tivesse visto um fantasma. Os outros talvez pudessem achar a mudança abrupta na aparência de Neil surpreendente – menos os primos, pois eles já tinham visto os olhos azuis de Neil em suas viagens a Columbia –, mas Kevin sabia quem Neil realmente era e havia conhecido o pai de Neil. Ele sabia exatamente o que aquilo significava. Neil balançou a cabeça em negação, em uma demanda silenciosa para ele manter-se quieto. Ele não ficou inteiramente surpreso por Kevin ter ignorado aquilo mas, pelo menos, Kevin teve a decência de falar em Francês.

– Me diga que o mestre não aprovou isso.

– Eu não sei –, disse Neil. Os últimos dias sob a custódia de Riko foram um borrão doloroso e sem significado que ele ainda estava tentando entender. Ele apenas se lembrava vagamente das mãos de Jean passando a tintura em seu cabelo. Ele achava que fora uma das últimas coisas que eles fizeram com ele, mas ele não conseguia se lembrar se o tio de Riko, Tetsuji, estava presente naquela situação. – Riko dissera que nos machucaria se eu mudasse a cor novamente. Tudo o que posso fazer é abaixar minha cabeça e esperar pelo melhor.

– Abaixar sua cabeça –, repetiu Kevin. Ele gesticulou com incredulidade em sua própria face. – Riko me ligou no Natal, para dizer que ele tinha te tatuado. Por quanto tempo você acha que ele vai deixar você esconder antes de te obrigar a mostrar isso? A impressa estará por toda a parte, e eles não vão parar de fazer perguntas sobre sua tatuagem. Ele está tentando fazer com que você seja encontrado.

O medo era como gelo no estômago de Neil, machucando o caminho até sua garganta. Evitar que ele sangrasse enquanto falava fez Neil dar tudo de si:

– Vou levar isso como um elogio. Ele está tentando me tirar do jogo antes das semifinais. Ele não desperdiçaria seu tempo, a menos que ele pense que vamos realmente ser uma ameaça para o seu time. Isso significa algo, não é?

– Neil.

– E me preocupo com a equipe, Kevin. Eu vou me preocupar comigo. Faça o que você faz de melhor e foque em Exy. Nos leve até onde eles não querem que a gente vá.

A boca de Kevin se comprimiu numa fina e rígida linha, mas não discutiu. Talvez sabendo que seria inútil; talvez sabendo que era tarde demais. Nicky olhou entre eles como se estivesse tendo certeza de que eles tinham terminado, então ergueu novamente as sacolas e deu uma para Neil.

– Presente de Natal atrasado –, disse ele, um tanto tristemente. – Ninguém sabia seu endereço em Millport, então eu percebi que teria que lhe dar pessoalmente. Erik me ajudou a escolher. – Quando Neil fez uma expressão confusa, Nicky disse: – Ele pegou um voo para Nova York por alguns dias, como uma surpresa natalina. Kevin comprou algo para você, também. Ele não me deixou embrulhar, então está numa sacola plástica feia. Me desculpe.

Nicky sacudiu a outra sacola de presente enquanto Neil pegava a que havia sido oferecida para ele anteriormente:

– Eu também tenho o de Andrew comigo. Na verdade, eu comprei para vocês dois a mesma coisa, porque vocês são tipo, as pessoas mais difíceis no mundo para se comprar algo.

– Me desculpe –, disse Neil. – Eu não comprei nada para ninguém. Eu não estou acostumado a comemorar o Natal.

– Você quer dizer que estava muito ocupado sendo pulverizado para fazer compras –, disse Aaron. Nicky pareceu que havia se engasgado com a grosseria de seu primo, mas Aaron continuou como se não houvesse dito nada de errado. – Kevin disse que você foi por causa de Andrew. Isso é verdade?

Neil lançou um olhar de advertência para Kevin:

– Sim.

– Por quê? – indagou Aaron. – Ele não ficará grato.

– Ele não ficou grato por você ter matado o Drake –, rebateu Neil. – Isso não importa. Nós fizemos o que tivemos que fazer. Eu não ligo para o que Andrew pensa.

Aaron o estudou em silêncio. Ele estava procurando por respostas, porém, Neil não sabia qual era a pergunta. Tudo o que ele podia fazer era olhar de volta, até que Aaron finalmente balançou sua cabeça e desviou o rosto. Neil queria pressioná-lo para ter uma explicação, mas ele precisava guardar sua energia para Andrew. Ele se distraiu abrindo o presente que Nicky lhe dera. Envolvido no papel laranja estava um casaco preto. Parecia pequeno, entretanto, estava pesado em suas mãos; aquilo o manteria aquecido do frio amargo que havia se instalado na Carolina do Sul. Neil deixou Nicky pegar a sacola de volta.

– Obrigado –, disse ele.

– Você ainda não tinha nenhuma roupa de inverno apropriada –, disse Nicky. – Nós deveríamos levá-lo para sair e expandir seu guarda-roupa novamente, mas achei melhor começarmos com isso. Você não pode continuar usando os moletons do time sem esperar pegar um resfriado. O casaco serve?

Neil abaixou o zíper do casaco e começou a vesti-lo. Ele apenas havia conseguido colocar um braço antes de todo o seu peito e laterais arderem de dor. Ele ficou paralisado e piscou para tirar o borrão que tomou conta de sua visão:

– Me desculpe –, disse ele, e arrependeu-se imediatamente. Ele podia ouvir a dor em sua voz, profunda o suficiente para fazer suas palavras obterem outro tom. Nicky parecia subitamente tomado pela culpa. – Eu ainda não posso.

– Me desculpe –, Nicky se apressou em dizer. – Eu não... Eu não estava pensando. Aqui, aqui. Deixe comigo. Já consegui. – Nicky retirou o casaco do braço de Neil e dobrou-o. – Vou guardá-lo até que você esteja melhor, certo?

– Certo.


5 Comentários

  1. Amando demais essa trilogia! Por favor, não parem! ♡

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    1. Não vamos parar até o ultimo capítulo. <3

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  2. Meu Deus! Essa trilogia é maravilhosa!!!
    Obrigada, se não fosse por vc eu nunca teria a chance de ler essa maravilha. Pfvr, não parem de traduzir, seria o meu fim.
    O que acomacont com sua conta no wattpad?

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    1. Minha conta no Wattpad foi denunciada, fui banido. Só estou esperando um pouco para depois fazer o comeback. https://i.imgur.com/RVJBckI.gif

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  3. Tem como não amar? Não, não tem. Já viram as fanarts? Man são um amorzinho.

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