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The King's Men - Capítulo Dezesseis [Parte 1/2]



TRADUÇÃO: THIAGO
REVISÃO: THIAGO

As Raposas passaram grande parte do dia seguinte ao ar livre, percorrendo as trilhas próximas e se inscrevendo para cavalgar à tarde. Montar a cavalo fez cada corte queimar nos braços Neil, o fazendo gritar de dor, no entanto, Neil era teimoso demais para ficar de fora. Ele teve tempo de recuperar o fôlego quando montou na sela e rangeu os dentes contra a dor latejante. Quando terminaram a cavalgada de duas horas, ele quase se esquecera de seus ferimentos. Descer do cavalo foi um lembrete infeliz e, quando voltaram à cabana, ele tirou as ataduras e os antibióticos da bolsa. Andrew trouxe Renee quando viu o que Neil estava fazendo.

– Eu consigo –, disse ele, quando Renee sentou a sua frente de pernas cruzadas sobre a cama.

– Eu sei que você consegue –, assentiu Renee. – Mas talvez seja mais fácil se alguém te ajudar. 

Ele poderia ter argumentado mais, mas não havia vitória contra Renee, então se submeteu a sua assistência. Ela não desviou olhar das feridas horríveis que encontrou, ou perdeu tempo com desculpas e perguntas. Simplesmente inclinou a cabeça, focando o local, e limpou cada corte e queimadura com o maior cuidado possível.

Então ela perguntou:

– Vai deixar suas feridas descobertas?

– Deveria –, respondeu Neil, – mas não quero que vejam. 

– Vou pedir para eles não dizerem nada –, disse Renee, acertando corretamente a preocupação de Neil. Quando Neil não discutiu, ela se levantou da cama e saiu do quarto. Allison estava certa sobre o barulho na cabana; Neil ouviu cada palavra de Renee dita as Raposas, isso com dois quartos entre eles.

Neil teria ficado onde estava, mas Andrew se cansou de esperá-lo. Fez sinal para Neil segui-lo e foi em busca de Kevin. Neil suspirou pesadamente e foi atrás dele. Ele se preparou para as reações de seus companheiros quando entrou na cozinha, com todos os ferimentos expostos. Nicky estremeceu e desviou o olhar, enquanto Aaron examinava os danos com grande interesse. Dan abriu a boca, mas se conteve bem a tempo. Matt passou de choque para raiva em milésimos de segundos, e Allison desviou o olhar o mais rápido. Renee observou seus amigos com um sorrisinho nos lábios e um olhar tranquilo, pronta para intervir caso algum deles falhasse com sua palavra.

Todavia, Kevin foi o primeiro e único, e sua reação foi previsível.

– Consegue jogar?

– Claro –, respondeu Neil, antes que alguém pudesse socar Kevin. – Vai doer, e se os Furões forem muito agressivos na semana que vem eu vou ter alguns problemas, mas ainda estou sobre controle. – Ele mirou um soco em direção a Kevin, como prova, e, cuidadosamente, sem estremecer com a sensação de rasgo ao longo de seu punho. – Só preciso ser um pouco mais cuidadoso.

– Definitivamente não –, disse Dan. – Você não vai jogar. Acha que o treinador vai deixar você entrar em quadra enquanto estiver assim? Vou substituí-lo, Neil. Renee pode ajudar Allison mais uma vez, não pode? – Ele olhou para Renee, por tempo suficiente, para ver o aceno de Renee. – Confie em nós, vamos segurar a linha ofensiva. Concentre-se na sua melhora, para que possamos tê-lo nas semifinais.

O primeiro instinto de Neil foi argumentar sobre ser injusto, dizer que não havia sobrevivido aos abusos de seu pai e de Lola para apenas ficar no banco, para protestar que precisavam de toda a ajuda que pudesse obter. Então olhou para os braços e fez uma avaliação realista de suas possibilidades. Foi decepcionante saber que ela estava certa, mas de alguma forma era o correto.

Eu confio em vocês - disse ele. – Obrigado.

– Nossa, uau –, disse Nicky. – Quem tá humanizando quem nessa relação, afinal?

Casualmente, Andrew pegou o porta facas de madeira. Renee o tirou de seu alcance sem piscar e sorriu ao olhar que Andrew lhe deu pela interferência. Nicky aproveitou a distração de Andrew, escondendo-se fora da vista por trás da pessoa mais alta, de Kevin. Neil não perdeu o olhar que Aaron enviou a Andrew, e uma nova explosão de raiva o fez cerrar o punho novamente. A dor em seus dedos avisou-o para relaxar, então, Aaron lançou um olhar irônico em Neil, o que fez Neil querer acertá-lo.

A dor valeria a pena.

– Falando nisso –, começou Allison, – ainda estou esperando por uma explicação, Neil. Quando vamos conversar sobre isso? – Ela gesticulou os dedos para Neil e Andrew.

– Aparentemente, nunca –, intrometeu-se Nicky, um pouco carrancudo.

– Não seja ridículo –, disse Allison.

Neil desviou o olhar de Aaron com grande esforço.

– Não tão cedo –, disse ele, e quando Allison pareceu ofendida, explicou: – Passei o fim de semana inteirinho contando a todos os segredos que guardei e terei de fazer isso novamente assim que voltarmos ao campus. Acho que preciso espairecer essa semana, não acha?

Allison abriu a boca como se quisesse discutir, mas não disse nada. Depois de uma eternidade, olhou para Dan e Renee. Dan deu um pequeno aceno com o queixo; Renee apenas sorriu. Allison fez cara feia para as duas antes de se virar para Neil.

– Que seja. Continue sendo mesquinho, por enquanto. Vamos arrancar os detalhes de você, de qualquer forma.

Todos mataram o tempo restante antes de o posto abrir para o jantar, então eles foram para a sala dos fundos. Kevin foi diretamente à televisão e mudou de canal, até encontrar um canal esportivo. Dan e Allison ficaram com a mesa de pebolim, então os outros se dividiram em equipes para jogar sinuca. Neil não tinha ideia do que estava fazendo, porém Renee e Nicky o guiaram. Falhou miseravelmente, entretanto, Andrew e Renee puderam se defender contra Matt e os primos.

Neil enfaixou os braços antes de ir jantar. Dan e Matt desapareceram logo após, e Nicky e Aaron foram para a jacuzzi com Renee e Allison. Kevin se acomodou ao lado da lareira com um livro de história, então Andrew e Neil acabaram na cozinha. Andrew preparou bebidas e permitiu que Neil as entregasse a seus companheiros. Andrew lhe deu uma assim que terminou a última rodada. Andrew ofereceu um brinde silencioso, e beberam juntos. O beijo de Andrew era mais quente que o uísque e mais do que suficiente para arrancar a mordida em sua língua.

Quando Dan e Matt voltaram, a equipe se entocou com mais bebidas. Passaram outra noite conversando sobre qualquer coisa no mundo, exceto Exy. A combinação de ar fresco e álcool fez Neil adormecer mais cedo do que pretendia, mas não foi o único a cair em um sono precoce. Renee e Aaron subiram as escadas assim que Neil desistiu de ficar acordado. Andrew ficou para trás, de olho em Kevin, Neil foi sozinho para o quarto e se acomodou no seu lado da cama. Acordou quando Andrew entrou, porém adormeceu assim que Andrew se acomodou. 

Unhas batendo na porta acordaram ambos, tempo depois. Neil agarrou algo que servisse de arma e cutucou o braço de Andrew. Andrew olhou para ele antes de sair da cama. A cabana estava praticamente escura, sendo tarde da noite, do lado onde Andrew dormia seria um golpe certeiro até a porta. Neil não conseguia enxergar quem estava do lado de fora, então, a voz calma de Renee foi inconfundível.

– Desculpe – disse ela. – Preciso do seu carro emprestado. Trago de volta antes de irmos embora.

– Luz –, disse Andrew.

Neil estendeu a mão cegamente para o abajur na mesa de cabeceira. Ele a encontrou na quinta tentativa, protegendo os olhos do brilho repentino. Andrew olhou para isso com descontentamento antes de ir para sua bolsa. Renee estava completamente vestida na entrada, parecia completamente acordada e sombria.

– Renee? – Neil perguntou, porque era óbvio que Andrew não a forçaria a explicar. 

As palavras de Renee foram um choque:

– Kengo está morto.

Neil a fitou sem expressão, mas logo descobriu o resto.

– Jean?

– Riko o machucou –, disse Renee. – Vou buscá-lo.

– Não vão deixar você entrar em Evermore –, disse Neil.

O sorriso que Renee deu não alcançou seus olhos.

– Sim, eles vão.

Andrew apertou as chaves na palma de sua mão. Renee assentiu com gratidão e foi embora. Andrew a seguiu, provavelmente para trancar a porta da frente após sua partida. Neil ouviu o motor zumbindo do lado de fora, e os faróis iluminando a janela do quarto enquanto ela partia pela estrada de cascalho. Andrew voltou, sozinho, e fechou a porta a caminho da cama. Neil o esperou até estar debaixo das cobertas antes de apagar as luzes novamente. Ouviu a respiração suave de Andrew, essa noite não conseguiria mais dormir. Sem conseguir parar de pensar em Riko, Jean, Tetsuji e Evermore, e o que a morte de Kengo significaria para a trégua com seu tio.

Explicar a ausência de Renee no dia seguinte, de alguma forma, caiu sobre as costas de Neil. Kevin recebeu a notícia tão bem quanto Neil pensou, se trancando na sala do segundo andar para ter um ataque de pânico. A manhã começou com café irlandês para todos. A tarde foi um pouco melhor, até perceberem que Renee havia desligado o celular. As Raposas confiavam em seu juízo, porém suas férias não eram as mesmas sem ela.

Renee retornou no meio da manhã de domingo, pois precisavam dos dois carros para retornar à Carolina do Sul. Neil estava na varanda dos fundos com Andrew, assistindo um cigarro queimar até ouvir pneus sobre os cascalhos. Nicky cochilava em uma das cadeiras de balanço, com uma caneca de café esquecida em uma das mãos frouxamente. Neil o embalou para cima e para baixo.

Os outros haviam ouvido o carro e rapidamente se agruparam. No momento em que Renee entrou pela porta, todos estavam a sua espera.

– Ah –, disse ela. – Bom Dia.

– Como ele tá? – perguntou Kevin.

– Nada bem –, disse Renee, – mas Abby está fazendo o que pode.

– Sério, você não sequestrou Jean? –, indagou Dan.

– Nem precisei. – Renee tirou o casaco e colocou-o nas costas de uma cadeira. – O presidente de Edgar Allan mora no campus, então parei em sua casa e pedi a ele que intervisse.

Você não fez isso –, disse Allison, olhando para ela, perplexa.

– O coloquei na linha com Stephanie –, disse Renee, referindo-se a sua mãe adotiva. – Ela foi clara nas duas opções: ela poderia resolver o caso secretamente entre nós ou fazer todos os seus amigos na indústria espalharem a notícia sobre o trote violento em Evermore. Ele escolheu a que menos afetaria sua universidade, ou pelo menos tentou. O técnico Moriyama não pôde apresentar Jean quando o Sr. Andritch perguntou a ele, então fizemos uma viagem inesperada ao estádio. Sabia que nem o presidente tem acesso ao estádio? Desinformação sobre o código de segurança atualizado é que não era. Ele teve que pedir o novo código dos seguranças. De qualquer maneira, os Corvos não esperavam por nós.

– Isso soa um pouco leve de mais –, disse Matt secamente.

– O mestre teria encoberto os rastros –, disse Kevin. – Se soubesse que Andritch estava procurando por Jean, por algum motivo, ele teria encontrado uma maneira de escondê-lo de vista. 

– O treinador Moriyama não estava lá. Ele estava em Nova York –, disse Renee. Kevin olhou para ela com descrença. Renee balançou a cabeça e disse: – Ele foi convidado para o funeral. Riko não.

Kevin estremeceu de corpo inteiro.

Não.

Riko era o filho de seu pai apenas pelo nome; Ele havia se distanciado de seu pai e irmão a vida toda. Apesar disso, Riko sempre acreditara que poderia ganhar a atenção e aprovação de seu pai através de seus sucessos em quadra. A morte de Kengo foi um golpe desastroso para os sonhos de Riko, e Kevin havia avisado a Neil que a reação de Riko seria cruel. Ichirou ter comunicado seu tio e ignorado completamente seu irmão era como ácido derramado sobre uma ferida aberta. Sem ninguém para intervir a mão de Riko ou distraí-lo de sua dor furiosa, Jean não teve a menor chance.

– O Sr. Andritch me permitiu levar Jean quando viu o estado em que ele estava –, continuou Renee. – Deixei meu número e prometi manter contato enquanto a universidade investigaria. Abby também prometeu mantê-los informados de sua recuperação. Infelizmente, – ou não – Jean não está disposto a citar nomes ou a denúncias. Ele não está contente por estar na Carolina do Sul. Já tentou ir embora duas vezes.

– Ir para aonde?  – indagou Nicky. – Não de volta a Evermore. Ele pirou?

– É autopreservação –, disse Neil. – Se Riko e Tetsuji suspeitassem que ele estivesse apontando o dedo do meio em suas costas, eles o matariam. Até mesmo isso pode ser considerado um desafio, já que ele não está no lugar onde deveria.

– Perceberam o quão inoportuno isso parece? – indagou Matt. – A universidade quebrou o contrato de Kevin quando se machucou.

– Eles não tiveram outra opção. Eu não podia jogar –, disse Kevin. – Se Jean se recuperar, eles ainda podem reivindicá-lo e não há nada que possamos fazer em relação a isso.

– Mas o presidente está envolvido, certo?  – insinuou Nicky – Então a diretoria vai se envolver, em alguma hora, eles farão o que for preciso para abafar o caso. Um escândalo mataria sua preciosa reputação caso acontecesse. 

– Se Jean não envolver ninguém, e minha mãe concorda em ficar quieta, eles podem deixá-lo se transferir para outra universidade –, disse Renee. – Esse é o melhor cenário, de qualquer maneira. 

– Jean não vai concordar –, disse Kevin suavemente.

– Talvez você possa convencê-lo –, disse Renee. – Eu agradeceria a ajuda.

– Ele não ficará seguro conosco –, continuou ele. – Eu não lhe darei falsas esperanças.

– Um resquício de esperança é melhor do que nada –, disse-lhe Renee. – É o mesmo tratamento que oferecemos a você, e você ainda está aqui.

– Eu fiquei por Andrew –, refutou Kevin.

– E eu não vou aceitar mais nenhum refugiado –, esclareceu Andrew.

– Eu sei –, assentiu Renee. – Jean é problema meu, não seu. As consequências e fracassos serão meus, prometo.

– Ele não tem uma família com quem possa ficar? – perguntou Dan.

– Seus pais o venderam aos Moriyamas para pagar uma dívida –, disse Kevin. – Os corvos são tudo o que ele tem.

Neil meneou a cabeça.

– Kevin vai falar com ele quando voltarmos.

– Eu não disse isso –, protestou Kevin.

– Mas você vai fazer –, insistiu Neil. – Você o deixou para trás uma vez, sabendo o que Riko faria com ele em sua ausência. Não faça isso de novo. Se você não protegê-lo agora, a morte dele será sua culpa.

– Caramba, Neil –, disse Nicky. – Isso não foi pesado de mais?

Neil o ignorou.

– Renee já fez a parte mais difícil. Ela o tirou de lá. Você tem que ser firme e mantê-lo conosco. Você possui nível superior a ele na hierarquia imaginária de Riko. Ele vai te ouvir. 

– Sim –, disse Matt. – Vocês não foram amigos uma vez?

Kevin abriu a boca, fechou-a novamente e desviou o olhar.

– Isso foi há muito tempo.

– Kevin –, insistiu Renee. – Por favor.

Kevin calou-se por tanto tempo que Neil achou que ele recusaria.

Finalmente, Kevin disse:

– Farei o que puder, mas não prometo nada.

– Obrigado –, agradeceu Renee, e olhou para Neil, para incluí-lo nisso. Kevin acenou com a mão em despedida e se virou.

– Vou arrumar minhas coisas.

Neil o observou subir as escadas, vagamente ciente de que Dan e Allison conversavam com Renee, com mais perguntas. Quando Kevin estava fora de vista e seus passos pararam em seu quarto, Neil caminhou em direção a ele. Subiu as escadas o mais silenciosamente que pôde, mas a cabana não fora projetada com furtividade em mente, e ele sabia que Kevin o ouvira se aproximar. A porta do quarto estava aberta, Neil a fechou ás suas costas. Kevin estava sentado em sua cama, com um joelho apertado ao peito, olhando vagamente, distante de tudo. Neil sentou-se de pernas cruzadas no final da cama e esperou.

Não demorou muito. Kevin apoiou o queixo no joelho e disse: 

– Como você consegue? – Kevin estalou os dedos como se estivesse frustrado com sua própria imprecisão e continuou: – Depois de tudo o que aconteceu este ano, depois de Riko, seu pai e o FBI, e sabendo que Ichirou o descobriu, por que você não tem medo?

– Eu tenho –, disse Neil. – Mas tenho mais medo de ir embora do que ficar.

– Não entendo.

– Foi o que você fez, ou não teria confiado em Andrew e no treinador em primeiro lugar. O problema é que você se coloca nas mãos deles e se recusa a se comprometer além disso. Você sempre acredita que Riko vai machucá-lo por sua petulância, então você tenta não ficar muito fora da linha. Mas esse meio termo não vai te salvar para sempre.

– Kevin –, Neil o chamou, e esperou que Kevin finalmente o olhasse. – Imagine o que você mais quer, mais do que qualquer coisa, aquilo que você morreria caso a perdesse. É isso que está em jogo se você deixar Riko vencer. Calcule o custo do seu medo. Se for demais, você precisa lutar. Não é melhor morrer tentando em vez de nunca tentar?

– De qualquer forma, é morrer –, destacou Kevin.

– Morrer livre ou como um fracassado –, disse Neil. – A escolha é sua, mas escolha seu lado antes de ver Jean novamente. Se ele acha que você está mentindo, você nunca vai convencê-lo.

Kevin não disse nada, então Neil levantou-se da cama e o deixou. Os outros conversavam sobre o café da manhã, enquanto ele descia as escadas. Renee passara por um fast-food durante a volta, mas estavam adiando o café da manhã até entregar as chaves no posto principal. Fazer as malas era o que restava, sendo assim, se separaram em seus quartos e tiraram as malas de seus armários.

Encheram os carros e caminharam para o prédio do posto pela última vez. Renee bebeu chá enquanto os outros se deliciavam com ovos e bacon. Ninguém disse uma palavra sobre Jean, onde pudessem ouvi-los, embora fosse questionável se alguém na sala de café da manhã soubesse quem eles eram e pudessem juntar tudo. Devolveram as chaves quando saíram e se separaram entre os carros. Andrew pegou estrada primeiro, e iniciaram a viagem de voltar ao campus.

Fizeram uma parada na casa de Abby, para que Kevin pudesse ver Jean. Abby havia deixado a porta da frente aberta, como sempre, então a equipe entrou sem bater. Dan gritou uma saudação a caminho, deixando Abby ciente de que tinha convidados, e Abby respondeu do outro lado do corredor.

Eles encontraram Abby e Wymack sentados à mesa da cozinha. Pratos e guardanapos amarrotados sobre a mesa disseram que acabaram de terminar o almoço. Abby limpou a bagunça e levou Kevin pelo corredor, onde Jean descansava. Neil olhou para Wymack, a procura de um possível trauma ocasionado pela confissão de Kevin. A máscara impassível de Wymack era infalível. O que não impediu Dan de olhá-lo como se pudesse enxergar através dela.

– Chegaram a um consenso? – perguntou Wymack quando ouviu a porta fechar.

– Ele pode se esconder conosco até ficar melhor –, disse Dan. – O que ele fizer depois disso depende dele.

Wymack assentiu.

– Neil, o conselho sabe que você estará de volta hoje.

– Eles querem conversar –, disse Neil, sem ser realmente uma pergunta.

– Me pediram para ligar para você assim que estivesse de volta –, disse Wymack. – Você tá volta?

Era tentador aceitar aquela oferta sutil e se esconder um pouco mais, embora estivesse sem tempo. As férias de primavera haviam terminado. As aulas começariam de novo amanhã e seus colegas de classe teriam ouvido as notícias de uma semana atrás. Em um dia ou dois, Neil teria que enfrentar a imprensa e confirmar tudo o que já haviam descoberto.

Inexplicavelmente, Neil indagou-se como o treinador Hernandez reagira às notícias. Se indagou ainda mais, se os jornalistas o teriam ligado à procura de informações. Seus ex-companheiros de equipe certamente teriam muito a dizer. Cidades pequenas se expandiam em fofocas.

– Sim –, respondeu Neil. – Estou de volta.

Wymack saiu para fazer a ligação.

Abby voltou sozinha e olhou para o time.

– Jean não consegue lidar com tantos convidados.

– Só viemos deixar Renee e Kevin –, disse Matt.

Abby se recostou na cadeira e olhou para as Raposas.

– Renee disse que a cabana era adorável.

Eles caíram em si novamente, descrevendo a bela cabine. Aaron teve pouco a contribuir, pelo menos parecia estar atento à conversa. Tinham terminado de contar sobre o passeio quando Wymack retornou. Ele parou na entrada, em vez voltar para sua cadeira. Neil pegou a pista, se dirigindo até ele. Andrew ficou para trás, sabendo o que Neil faria; Kevin precisaria mais de Andrew do que Neil hoje.

Charles Whittier, presidente da Palmetto State University, vivia em uma casa grande, próximo aos portões de entrada do campus. Wymack e Neil seguiram pela calçada de pedra ao redor do edifício até a porta, e Neil parou quando Wymack tocou a campainha. Wymack havia ligado antes, então Whittier atendeu quase que imediatamente.

– Chuck –, disse Wymack em vez de olá.

– Treinador –, disse Whittier olhando além de Wymack, em direção a Neil. – Entrem.

Passaram por uma sala de estar, que poderia acomodar todo o apartamento Wymack, e uma sala de conferência, maior que o quarto de Neil. O escritório de Whittier ficava nos fundos, perto da cozinha. Ele gesticulou para eles se sentarem e fechou a porta atrás deles. Sua mesa estava livre de qualquer coisa, exceto um computador e um telefone próximos a uma travessa contendo xícaras de chá gelado. Ele entregou duas a Wymack, que entregou uma a Neil e o conduziu para a cadeira. Neil agarrou à bebida como se estivessem lhe dando a coragem de que precisava para encarar o que vinha.

Whittier ainda olhava para ele como se Neil estivesse explodindo em outro minuto, mas no final disse:

– Vamos começar.

Ele tocou o botão do mouse e, um segundo depois, o telefone tocou. Uma voz robótica autorizou o sistema de conferência. Depois de digitar seu código de acesso, Whittier disse:

– Há vinte chamadas conectadas, incluindo a sua. – Uma série de bipes foi ouvida quando todos se conectaram.

– Aqui é o Whittier –, disse Whittier. – Já estou com o técnico David Wymack e... Neil Josten –, disse ele, depois de uma breve hesitação, e olhou para Wymack – aqui comigo. Com quem estamos fazendo sinal?

Houve uma salva de apresentações, oferecendo nomes e cargos. Neil sentia-se como se todo o departamento administrativo tivesse aparecido para essa chamada; as pessoas presentes, todos onze membros do Conselho Administrativo, variaram de Assuntos Estudantis a Relações com Ex-alunos. Depois que todos foram apresentados e contabilizados, Whittier iniciou.

O que se seguiu foi uma das mais longas horas da vida de Neil. Logo ficou óbvio que essa não fora a primeira chamada feita desde a verdade exposta; Estavam tendo esta conversa desde a última vez que se falaram, fazendo referencias aos últimos argumentos de Wymack. Neil apresentou seu caso, e Wymack o endossou incondicionalmente quando o Conselho o bombardeou com perguntas e exigências.

Quando terminaram com ele, iniciaram uma lutar entre si. Discutindo os riscos de manter Neil por perto, no entanto, todos pareciam igualmente interessados em publicidade: com quais olhos enxergariam sua dispensa VS como enxergariam sua permanência? Neil queria lembrá-los de que ainda os ouvia. Em vez disso, contou até dez e tomou seu chá. Wymack não parecia nada satisfeito com seus cálculos insensíveis e tolerou-os apenas por mais alguns minutos.

– Olhem –, ele interrompeu, ignorando o gesto de Whittier para ficar fora do assunto.  –Olhem –, disse novamente, mais alto, quando os outros continuaram falando sobre ele. Wymack deu-lhes alguns segundos e começou a falar em voz alta de qualquer maneira:

– Desde o primeiro dia vocês questionaram todas as minhas decisões. Repetidas e repetidas vezes mostrei sempre saber o que era melhor para esse time, tanto para os jogadores quanto para os interesses da universidade. Não é verde?

– Essa reunião deveria ser mais fácil quanto a que tivemos sobre a contratação de Andrew –, Wymack continuou, sem esperar por um acordo. – Com Andrew, pedi a vocês que tivessem confiança e paciência, porque eu sabia que levaria tempo, mas que veriam que seus endossos seriam lucrativos. Desta vez, os resultados estão ai. Vocês estão colhendo os benefícios da presença de Neil desde agosto.

– Neil é um membro importante na minha equipe –, reforçou Wymack, apontando o dedo contra a mesa, enfatizando seu argumento. – Podem perguntar a qualquer um nessa minha formação e todos concordarão: não estaríamos onde estamos hoje se ele não estivesse aqui conosco. E nos encontramos hoje a beira das finais. Estamos a quatro jogos, – quatro! – de sermos campeões na NCAA. Estamos prestes a ser o primeiro time do país a vencer Edgar Allan. Temos uma formação que se transformará em profissionais da área, e Estrelas renomadas. Estamos remodelando a maneira como todos olham o Exy de Palmetto. Tirar Neil da equipe não vai salvar seus status e certamente não é a decisão mais inteligente. O tiro vai sair pela culatra com tanta força que vocês nunca mais vão querer ver um repórter.

Todos ficaram mudos, por um minuto, em seguida, começaram a discutir entre si novamente.

Finalmente o puseram em votação, e votaram a favor de Neil.


5 Comentários

  1. Anônimo25 abril

    Obrigada pela continuação ❤️





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  2. Nem acredito que faltam poucos capítulos para finalizar essa trilogia linda!!! Estou muito ansiosa, obrigado por traduzir❤^_^

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  3. Obrigada pelo cap. Fico triste só de imaginar que já está acabando a estória. E ansiosa para ler mais e ver como tudo isso termina. Valeu pelo trabalho de tradução e por postar.

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  4. Obrigada pelo seu trabalho vc me salvou real kkkkk
    Ansiosa pelos últimos capítulos

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  5. Anônimo27 abril

    vlww amoo muito

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