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The King's Men - Capítulo Dezessete [Parte 2/2]



TRADUÇÃO: THIAGO
REVISÃO: THIAGO

Kevin jogaria com a mão direita esta noite, sexta-feira. Neil começou a dizer algo sobre isso, no entanto, o olhar de reprovação que Kevin lhe enviou matou suas perguntas. Dan confundiu a expressão de Neil com preocupação, o parando na entrada para tranquiliza-lo.

– Vamos conseguir - ela prometeu.

– Eu sei –, assentiu ele, e o sorriso de Dan foi de orelha a orelha.

Dan foi para a meia-área como o segundo atacante das Raposas, o restante se posicionaram atrás dela assim que seus nomes foram chamados. Renee e Nicky foram deixados de canto com Neil, como reservas da noite. Renee entraria e sairia substituindo a defesa, já que os Furões colidiriam contra os defensores, e Andrew permaneceria no gol durante todo o jogo.

Os Furões de Binghamton pisaram na quadra com arrogância palpável. Neil não os culpava por seu excesso de confiança, considerando o estado lastimável das Raposas esta noite, embora também não precisasse perdoá-los. O estádio rugiu animadamente enquanto os últimos dez segundos diminuíam. Os Furões fizeram o primeiro saque e o jogo ficou violento no primeiro minuto. Neil levou dez minutos para perceber que os Furões estavam tentando eliminar outro jogador. As Raposas já eram uma equipe desfalcada. A baixa em mais outro jogador acabaria com suas oportunidades.

Os palavrões de Wymack, ao seu lado, diziam que ele entendia o porquê cartões amarelo estavam aparecendo em todos os cantos. Abby descarregou o kit de primeiros socorros e esperou o primeiro ferido. Nicky rimava versos irritados e gritava insultos criativos aos Furões pelas paredes. Renee tentou calá-lo quando ele ficou muito exaltado, mas não disse mais nada. Neil tentou se alimentar da calma de Renee, embora ele pudesse sentir seu sangue começar a ferver enquanto assistia Allison cair novamente. Por trás dessa indignação crescente, estava o frio do inevitável. As Raposas só podiam tolerar esse tipo de jogo por algum tempo. Eles foram ignorados e pisoteados a maior parte de suas vidas; a quadra era o último lugar onde tolerariam esse tipo de insulto. Seth teria desferido um soco oito minutos atrás. Os outros surtariam em pouco tempo.

Exceto pelos minutos que se passaram, dois Furões foram expulsos com cartões vermelhos, e as Raposas permaneceram calmas. Eles permitiram que os tiros fossem laçados, raquetes caíssem e cederam espaço quando pressionados. Matt nem sequer revidou quando o atacante, a quem marcava, lhe deu um soco. Abaixou os braços e deixou os socos o acertarem até que os árbitros os separaram. Dan marcou no tiro de falta e abraçou Matt em seu caminho de volta para a meia-área. Neil observou a breve troca e finalmente relaxou.

Hoje à noite, As Raposas haviam escolhido a vitória acima de seu orgulho.

Foi um sacrifício necessário, que lhes custou todo o peso físico e emocional. Eles passaram a maior parte do intervalo fumegando, muito zangados com seus oponentes para apreciar o quão bem estavam indo. Wymack suavizou sua recapitulação no intervalo, não querendo aflorar os ânimos de alguém com sua atitude brusca de sempre. Se eles entenderam, não deram nenhum sinal disso.

Wymack olhou em volta quando terminou e perguntou:

– Alguém mais tem algo a dizer?

Dan bateu a ponta de sua raquete contra o chão.

– Estamos no meio do caminho. Vamos limpar o chão com a cara desses idiotas e depois ficamos bêbados. Digam que alguém tem bebida no quarto. A ABC vai tá fechada quando o jogo terminar e eu só tenho meio litro de cerveja sobrando.

Nicky fez uma careta ao olhar de expectativa que Dan lhe enviou.

– Não é suficiente para compensar. Nós bebemos a maior parte na segunda-feira.

– Já é melhor que nada, eu acho – disse Matt, um pouco abatido.

– Katelyn tem algumas –, disse Aaron, sem olhar para onde ele estava apertando sua rede. – Com  ela e as Vixens, eu acho que conseguimos algumas grades.

A surpresa apagou a decepção dos rostos de seus companheiros de equipe; as Raposas olharam rapidamente para Aaron e Andrew enquanto esperavam por uma reação. Andrew estava, como sempre, parado sozinho no outro extremo da sala. Não disse nada, e sua expressão entediada não fez nada além de se contrair ao som do nome de Katelyn.

Aaron finalmente levantou o olhar, olhando para Dan, não para Andrew.

– A menos se você não quiser?

Dan olhou para Andrew cautelosamente.

– Hum, sim. Claro. Se elas têm alguma coisa para compartilhar, quanto mais, melhor. Tudo bem? 

Essa última foi dirigida a Andrew, uma indireta cuidadosa aguardando uma reação violenta. Andrew olhou para o espaço e continuou ignorando a todos.

Aaron acenou com a cabeça, como se não fosse uma estranha reviravolta nos acontecimentos, e abaixou a raquete.

– Vou contar quantas pessoas quando voltarmos. Podemos emprestar a sala de estudo do porão de novo.

– Eh –, disse Matt.

– Não –, disse Neil, o cortando antes que Matt pudesse perguntar o óbvio.

Nicky seria o mais difícil de calar a boca, dando uma cutucada em Aaron. Aaron o dispensou com um rápido e entediado movimento de mãos. Nicky lançou um olhar, de olhos arregalados para Andrew, que não devolveu. Felizmente, o sinal de alerta soou antes que a língua de Nicky o colocasse em apuros.

Wymack fez suas Raposas se levantarem.

– Levantem e saíam. Temos uma equipe para mandar para casa chorando. Vocês podem fofocar no tempo livre.

O segundo tempo foi tão duro quanto o primeiro, contudo o intervalo tinha restaurado o ânimo das Raposas. Enviar Aaron e Nicky juntos para começar o segundo tempo foi a melhor decisão tomada por Wymack durante a noite inteira. Aaron jogou com energia e foco que Neil nunca tinha visto antes, e a empolgação de Nicky lhe deu uma vantagem necessária. Andrew permaneceu firme atrás deles, observando seus pontos cegos. O trabalho de equipe impecável permitiu que o ataque se mantivesse pressionado no quarto quarto. Quando Matt e Renee entraram em quadra, aos vinte e cinco minutos, Dan e Kevin partiram com tudo.

O sinal final anunciou uma vitória de sete a cinco, vitória das Raposas. Neil e os substitutos invadiram a quadra assim que os árbitros abriram a porta. As Raposas reservaram apenas alguns segundos de comemoração; eles haviam aturado o suficiente dos Furões para permanecer por mais tempo e prefeririam aproveitar seu sucesso com garrafas em suas mãos. Eles passaram pelos apertos de mão o mais rápido que podiam.

Aaron foi um dos primeiros a sair de quadra. Empurrou a raquete para Nicky e largou o capacete e as luvas a caminho das líderes de torcida. Katelyn jogou seus pompons de lado quando ele se aproximou e pulou em seus braços para beijá-lo. As Vixens saltaram ao redor deles, aplaudindo e acenando para a multidão.

– Puta que pariu! – exclamou Nicky, desviando deles para o semblante inexpressivo de Andrew. – Caralho, eu to sonhando?

Foi a vez de Kevin de lidar com a imprensa, antes, enviando a Neil um olhar significativo. Neil não tinha nada a acrescentar, uma vez que havia ficado fora de ação a noite toda, mas se aproximou, caso Kevin precisasse redirecionar qualquer coisa de seu modo. Kevin ofereceu seu melhor sorriso, pronto para as câmeras, antes de apontar para Andrew, para que se aproximasse. Andrew ocupou uma posição ao lado de Neil, sem olhar para os repórteres. A entrevista começou previsível, com comentários sobre o jogo e os pontos impressionantes que Kevin havia marcado.

Neil não se ateve muito à entrevista, até Kevin ser questionado sobre as semifinais. Os Furões voltaram para casa como a equipe de menor pontuação nesta rodada eliminatória. Em duas semanas, as Raposas enfrentariam duas das Três Grandes.

– Estou ansioso para jogar contra os Troianos novamente – declarou Kevin. – Não tenho falado com Jeremy ou com o técnico Rhemann desde que me transferi, a equipe deles é sempre incrível. A temporada deles foi quase impecável este ano. Temos muito o que aprender com eles.

– Você ainda é o maior fã deles –, brincou a entrevistadora. – Vocês também vão enfrentar Edgar Allan novamente, na maior revanche do ano. Alguma ideia sobre isso?

– Não quero mais falar sobre os Corvos –, respondeu Kevin. – Desde que minha mãe morreu tem sido os Corvos isso os Corvos aquilo. Não sou mais um Corvo. E nunca serei um novamente. Para ser honesto, acima de tudo, eu nunca deveria ter sido um. Eu deveria ter ido diretamente ao treinador Wymack no dia em que descobri que ele era meu pai e pedir para iniciar meu primeiro ano na Palmetto State.

– O dia... – A repórter ficou sem palavras, depois disse: – Você disse que o treinador Wymack é seu pai?

– Sim, foi o que eu disse. Descobri quando estava no ensino médio –, disse ele, – mas não contei a ele porque achava que queria ficar em Edgar Allan. Naquela época, eu achava que a única maneira de ser um campeão seria sendo um Corvo. Cai nessa mentira de que eles me tornariam o melhor jogador. Eu não deveria ter acreditado; Tenho usado esse número há bastante tempo para saber que não era o que eles queriam para mim.

– Todo mundo sabe que os Corvos estão tentando serem os melhores. Melhor dupla, melhor formação, melhor equipe. Isso é jogado na sua cara dia após dia, fazem você acreditar, fazem você esquecer que no final o melhor vai ser apenas um. Fazem você omitir coisas, torcedores praticando vandalismo ou o ERC envolvido nos seus esquemas. Eles não estão mais a fim de jogar, eles já vão pulando direto para a rodada eliminatória. Sabia que eu nunca fui esquiar? Gostaria de tentar um dia.

Era informação de mais para ela entender o significado daquele último comentário, no entanto levaria alguns segundo para processar a informação. Neil entendeu imediatamente, e a adrenalina que inundou suas veias fez com que ele cambaleasse um pouco. Ele lançou um rápido olhar para Andrew, que não retornou, mas estava definitivamente prestando atenção. O olhar que ele havia feito atrás de Kevin era intenso.

Kevin não esperou até que ela o entendesse.

– Avise aos Corvos para estarem preparados para nós, você poderia? Estamos prontos para eles.

Kevin deu às costas e foi embora. A entrevistadora olhou para ele por um momento interminável, depois virou-se para a câmera e começou a divagar sobre tudo o que Kevin acabara de dizer. Neil e Andrew não ficaram para assistir o resumo, ou especulações, seguindo logo trás de Kevin.

Kevin não parou nem olhou ao redor, atravessando em direção ao vestiário, passou direto por seus companheiros comemorando no saguão. Largou o capacete e as luvas no caminho pelo vestiário e agarrou a borda da pia. Ele cambaleou um pouco como se suas pernas quisessem se render, suas mãos tremiam com tanta violência que Neil podia vê-la da porta. Em vez de cair, ele se inclinou para frente, encostando a testa no espelho.

– Nós todos vamos morrer –, disse Kevin por fim.

– Não, não vamos –, refutou Neil.

Kevin pensou nisso por um minuto, depois se aprumou. Depois de encarar seu reflexo por uma eternidade, levantou a mão e cobriu a tatuagem no espelho. O resultado enviou um tremor estranho ao longo dos ombros de Kevin. Neil não sabia se era aprovação ou medo. A única coisa que importava era que Kevin assentiu e se virou para eles. Primeiro olhou para Neil e depois para Andrew.

– Temos muito trabalho a fazer.

– Amanhã –, disse Andrew, ignorando a forma como Neil olhou para ele.

Kevin aceitou a promessa com um aceno de cabeça. Ele e Andrew foram para o chuveiro. Neil estava limpo, então voltou ao saguão, encontrando o restante de seus companheiros. Eles se acalmaram um pouco com a chegada.

Dan gesticulou passando por Neil em direção ao vestiário.

– O que aconteceu?

Neil contou nos dedos.

– Kevin contou que o treinador é seu pai, disse que nunca voltaria a Edgar Allan e chamou os Corvos de duas caras. Ah, – ele disse, levantando os olhos de sua mão –, e insinuou que sua lesão não foi um acidente. Em poucas palavras, mas não vão demorar muito para descobrir o que ele quis dizer.

Dan ficou boquiaberta.

– O que?

– Ótimo! – disse Wymack. – Ele está se transformando em outro você. Era exatamente o que eu tava precisando.

– Pelo menos você pode pagar um seguro de vida legal para um deles –, comentou Nicky.

– Vaza –, cuspiu Wymack. – Todos, caiam fora. Tomem um banho antes que essa catinga me mate. 

Neil esperou com Wymack e Abby no salão enquanto as Raposas tomavam banho e se vestiam. Wymack ligou a televisão e viu o resumo pós-jogo com partes da entrevista de Kevin. Um comentarista esportivo chamou a declaração de invejosa e sensacionalista; outro se referia à facilidade com que Edgar Allan permitira que Kevin saísse e por quanto tempo Kevin e Riko permaneceram fora de vista depois do suposto acidente. O terceiro foi mais neutro, porém relembrou o programa de Kathy Ferdinand, em agosto. Kevin ficara cauteloso e quieto assim que Riko aparecera, talvez eles finalmente tivessem uma explicação para o inesperado antagonismo de Neil e a firme defesa de Kevin.

Wymack desligou a televisão enquanto suas Raposas começavam a entrar. Quando todos estavam sentados, deu uma breve olhada.

– Vou ser breve. Vocês têm uma festa bem merecida. Vamos rever os detalhes essenciais e ridículos na segunda-feira de manhã, como de costume. Este não foi o jogo mais limpo que vocês já jogaram, mas foi de longe o mais maduro. Fizeram o que tinham que ser feito e saíram por cima.

– Além disso: bem-vindos às semifinais. Vocês, Troianos e Edgar Allan. Vamos enfrentar o que restou dos Três Grandes. Não, não façam essa cara –, disse Wymack, pois Dan empalideceu um pouco antes daquele lembrete. – Não tenham medo. Sejam encrenqueiros. Fiquem orgulhosos. Ninguém pensou que vocês chegariam tão longe –, ninguém exceto as pessoas nesta sala. É mérito de vocês. Vocês conquistaram –, ele enfatizou, com outro olhar ao redor. – Agora saiam e se acabem.

– Com cuidado –, aconselhou Abby. – Fora da estrada, longe de vista, longe de problemas. De acordo?

– Sim, mãe –, brincou Nicky.

– Não vamos sair do quarto –, prometeu Dan.

O congestionamento fez a viagem de volta a Torre das Raposas interminável. O silêncio sepulcral no carro de Andrew não ajudou. Aaron parecia feliz, encostado na janela, e Nicky praticamente vibrando de emoção, porém ninguém comentou.

Sair do carro novamente foi quase um alívio, e Neil ajudou seus companheiros a carregarem o que havia sobrado de bebida a uma das salas do porão. No momento em que Matt e Nicky limparam as mesas, as Vixens começaram a aparecer. Andrew observou a chegada agarrando a alça da garrafa de vodca e saindo novamente.

– Aham –, disse Nicky, cutucando com o cotovelo. Neil tentou um olhar neutro que não enganou Nicky. – Sacou que vamos ficar fora do quarto por algumas horas, certo? Vá logo.

– Estou bem, aqui –, disse Neil.

– Tchau –, lhe disse Dan, aparecendo do nada do outro lado de Neil. – Primeira regra de namorar na faculdade: nunca desperdice um quarto vazio.

Neil queria dizer-lhe que eles não estavam namorando, e Andrew poderia aceitar ou ignorar sua presença a qualquer momento. Ele queria ficar e celebrar o brilhante sucesso de seus companheiros. Queria assistir como Aaron se tornara uma pessoa completamente diferente e com Katelyn ao seu lado. Todavia, metade do esquadrão de lideres de torcida já estava presente, ocupando o quarto com risadas estridentes e perfume cítrico, e o barulho no corredor dizia que mais alunos estavam a caminho. Neil não tinha nada contra as lideres de torcida, no entanto, se pudesse escolher entre brincar de ser amigável com conhecidos de vista por horas ou irritar Andrew em particular, a última era a escolha óbvia.

– Vocês foram incríveis esta noite, – disse Neil, porque eles mereciam pelo menos isso antes de perderem a sobriedade. – Todos vocês.

– Sem essa –, disse Dan alegremente, mas seu sorriso mostrava que havia apreciado o elogio, de qualquer maneira. – Nós vamos conversar sobre o jogo na segunda-feira, lembra? Esta noite é para beber loucamente. Agora saia daqui e vá dar uns amassos.

– Falando em dar amassos –, disse Nicky em alemão, voltando-se para Aaron, que o olhou. – Como de repente ele concordou? O que diabos você fez?

– Eu devolvi o favor –, disse Aaron com um olhar frio na direção de Neil. – Neil usou Katelyn contra mim, então eu usei Neil contra ele. Depende do seu ponto de vista, Neil violou o nosso acorde envolvendo Katelyn. Andrew poderia quebrar o nosso acordo e me deixar livre, ou romper as coisas com Neil.

Neil falava alemão fluentemente, contudo as palavras de Aaron eram um desastre que ele sequer conseguia entender. Aaron havia avisado Neil que ele estava pronto para lutar por Katelyn, porém, se Neil fosse a munição que Aaron diz ter usado, Aaron deveria ter perdido. Deveria de ser um mal-entendido, ou a visão distorcida de Aaron sobre as intenções de Andrew.

Nicky falou primeiro.

– Espere, ele escolheu Neil em vez de você? Soa um pouco sério de mais para ser só uma aventura, estou errado? – Nicky olhou de rosto inexpressivo e Neil hesitou. – Novidades para você também, hein?

Aaron ignorou Nicky e jogou uma chave para Neil.

– Você vai trocar de quarto comigo amanhã. Agora posso levar Katelyn para o quarto, e não vou enfiá-la no mesmo quarto que Andrew, se eu puder evitar. Mesmo ele concordado em se afastar, eu ainda acredito nas atitudes dele.

– Vou fazer as malas de manhã –, disse Neil.

Aaron se virou para Katelyn.

Nicky ainda olhava para Neil como se fosse o maior mistério do mundo. Neil escapou antes que Nicky dissesse mais alguma coisa e subiu as escadas. A porta de Andrew estava trancada, no entanto, a chave de Aaron o deixou entrar. Encontrou Andrew enterrado em um puff com a garrafa de vodka na mão. A televisão desligada, mas Andrew estudava a tela como se pudesse enxergar algo em sua superfície escura. Ele não perguntou como Neil havia entrado. Talvez ele e Aaron já tivessem conversado sobre as seguintes mudanças.

Neil fechou a porta e atravessou a sala, ao lado de Andrew.

Andrew permitiu-o que tomasse a vodka sem questionamentos ou resistência. Neil enroscou a tampa e colocou-a onde nenhum deles poderia derrubá-la. Andrew estava pronto, quando Neil se virou para ele, agarrando a gola de Neil para derrubá-lo. Neil cravou uma mão no carpete áspero, mantendo-se afastado do corpo de Andrew. A outra enterrou no puff. Andrew deslizou a mão pelo braço de Neil, do ombro até o pulso.

– Da última vez que verifiquei, você me odiava –, começou Neil, entre os lábios de Andrew.

– Tudo relacionado a você –, concluiu Andrew.

Neil levantou-se um pouco.

– Não sou tão idiota quanto você pensa que sou.

– E eu não sou tão inteligente quanto pensava –, disse Andrew. – Deveria saber quando fiz isso de novo. Talvez seja o traço autodestrutivo em mim?

Se não fosse por esse “de novo”, Neil pensaria que tivesse relação com a terrível conversa de quarta-feira. Neil revisou todas as possíveis explicações o mais rápido, desde os avanços rejeitados por Roland, dos complicados problemas familiares de Andrew, até as Raposas e Drake. A pressão em seu pulso finalmente levou seus pensamentos para onde deveria estar. Em uma ocasião, Neil perguntou a Andrew se ele o mataria se contasse alguma coisa. Deveria ter pensado melhor do que dizer uma coisa dessas depois de ver as cicatrizes de Andrew.

Andrew havia quase se matado tentando permanecer com Cass Spear, mas ainda assim, mesmo assim, ele a havia perdido no final.

– Não sou uma mera ilusão –, disse Neil. – E eu não vou a lugar nenhum.

– Eu não te perguntei.

– Pergunte –, insistiu Neil – ou fique tempo suficiente para descobrir sozinho.

– Logo vou ficar entediado de você.

– Tem certeza? – indagou Neil. – Dizem por ai que sou bastante interessante.

– Não acredite em tudo que você ouve por ai.

Neil ignorou a rejeição, porque Andrew já estava o derrubando sobre o chão novamente. Eles se beijaram até Neil se sentir tonto, até que não tivesse certeza de que poderia aguentar mais, e então Andrew puxou a mão de Neil para longe do puff. Ele a manteve, longe deles por uma eternidade, então a pressionou lentamente contra seu peito e a soltou. Andrew ficou tenso sob a mão de Neil, relaxando antes que Neil pudesse se afastar.

Neil não se deixou enganar. Andrew deixara bem claro, na primeira vez que o beijou, o quão importante era um sim verdadeiro. Esta rendição casual não era um consentimento genuíno. Andrew estava a fazendo por causa do que haviam dito na quarta-feira, mas Neil não sabia ao certo qual deles Andrew estava tentando convencer. Apenas três meses se passaram desde o abuso de Proust, e quatro meses desde o ataque de Drake. Neil não sabia quando Andrew ficaria bem com isso, embora soubesse que não seria hoje. Neil manteve a mão em Andrew, recusando-se a movê-la daquele lugar.

– Não vou ser como eles –, disse Neil. – Eu não vou deixar que você me transforme neles.

– Cento e um –, retrucou Andrew, – indo para cento e dois.

– Você é um péssimo mentiroso –, acusou Neil, e Andrew beijou-o em silêncio.



7 Comentários

  1. Aí MDS meus lindos! Amando demais e louca pra vê o final. Aí fiquei tão chocada quanto Nicky e o próprio Neil com o Andrew o ter escolhido. E, as coisas estão ficando sérias. Kkk amei demais esse finalzinho kkkk meu shipe supremo. Ansiosa por demais pelos proxipró caps. Muito obrigada novamente por mais uma tradução. Bjs ate

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Como eu posso viver dps desse capítulo? Nem acredito que já está no final, amo muito o Andrew pqp, queria muito um pov dele quando o Neil sumiu e quando o Aaron foi confrontar ele, AAAAAAAAA 💛
    Mas com certeza o Andrew não escolheu o Neil no lugar do Aaron, ele se ligou que não perderia o irmão e que não estava pronto pra abdicar do Neil ainda, Andrew confuso é minha religião 💛

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  4. Anônimo08 maio

    Completamente apaixonada por esse capítulo!

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  5. Coloquei em dia aaaaeee caraai
    Ah mano eu amo muito esses dois sfd eu nao aguento,
    quero proteger o Andrew de uma forma <33
    E pqp as Raposas são mt fodas, elas vão contudo pra mostrar isso!
    aaa mdsss obg pela tradução Thiago!

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  6. Alguém sabe em q cap o pessoal descobre que o Neil fala alemão?

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    1. É no capítulo 14 do primeiro livro

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