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The King's Men - Capítulo Dezenove [Parte 2/2]

thicoss- andrew & neil

O sinal de aviso soou acima. Wymack bateu palmas e disse:

– Vamos! Raposas!

Eles rugiram em resposta, e a escalação se dirigiu para a porta.

Os Corvos tomaram a quadra por primeiro, se estabelecendo em suas marcas. Riko foi o Primeiro a ser apresentado, então Neil assumiu que ele jogaria esta partida como da última vez: aparecendo durante a primeira e quarta metade do primeiro e segundo tempo. Kevin foi o primeiro a ser anunciado das Raposas, Neil logo depois. Eles foram para suas marcas, na linha da meia-área. Neil manteve os olhos em Riko, sabendo que Riko já deveria ter ouvido sobre a tatuagem de Kevin. E estava certo; Neil ainda estava a seis metros de distância quando enxergou a raiva gélida no semblante de Riko.

Riko nada disse até Kevin e Neil pararem, e finalmente cuspiu em japonês cruel. Kevin o ignorou, até Riko dizer algo mais, então lançou um olhar frio para Riko e respondeu. Neil não sabia o que estava dizendo, no entanto Riko torceu as mãos enluvadas ao redor da raquete como se imaginasse quebrar o pescoço de Kevin. Irritar Riko pouco antes de uma partida tão importante era tão estúpido quanto estimulante. Neil já não podia mais ouvir a multidão através da corrente sanguínea percorrendo seus ouvidos.

Ele olhou para o relógio assim que a última Raposa entrou e observou até chegarem à marca de dez segundos. Ele olhou para o outro lado, a sua frente, além do outro atacante, para o negociante e seu primeiro ponto, contando as cabeças ao fundo. Faltando dois, enxergou o goleiro, e imaginou o gol florescendo em vermelho com o ponto das Raposas. Aos um segundo, o sinal tocou e Dan disparou o primeiro saque da noite.

Fazia quase sete meses desde que Raposas e os Corvos tinham se encontrado pela última vez na quadra, e não demorou muito para os Corvos perceberem que estavam enfrentando uma equipe completamente diferente. No outono passado, as Raposas tomaram a partida como uma perda certa antes mesmo de pisar na quadra. Jogaram contra os Corvos porque precisavam, olhando muito além daquela partida, para a esperança do campeonato de primavera. Hoje à noite, animados pela determinação e meio bêbados de desespero, as Raposas tiveram o começo mais forte que tiveram o ano todo.

As Raposas eram ferozes, mas os Corvos estavam com sangue nos olhos. Neil podia sentir como veneno na quadra, uma vibração ruim que fazia todos os instintos de sobrevivência estremecer.

A chacota da NCAA não deveria ter chegado tão longe, muito menos conquistado tanto.

A perda de Jean, uma investigação interna minuciosa e a dor violenta de Riko seguido da morte de seu pai foram suportadas com êxito. O ataque de sua torcida contra Palmetto State e as acusações veladas de Kevin causaram muita pressão. Havia rumores de que Edgar Allan fecharia o Ninho e reintegrar a equipe com o restante dos atletas para sua própria segurança psicológica. Agora Kevin aparecia na quadra de sorriso irônico e uma nova tatuagem, e as Raposas os atacando como se não duvidassem de que venceria.

As Raposas não eram o mesmo time, mas também não eram os Corvos. Eles não haviam levado as Raposas a sério no ano passado. Agora estavam, sem desferir um único soco.

O jogo não começara violento, porém não demorou muito. Corpos se chocaram contra as paredes da quadra e o chão; raquetes se partiram junto e por pouco não perderam suas camisas e capacetes. O ruído de raquetes deslizando contra o chão, violentamente arrancadas de mãos enluvadas, ressoou nos ouvidos de Neil quando ele se obrigou a ir mais rápido. A defesa e os atacantes das Raposas lutaram com unhas e dentes para proteger o gol e interceptar a bola, mas a boa intenção e garra não durariam muito. Os defensores simplesmente não foram rápidos o suficiente para competir. Renee deu tudo o que tinha, mas Riko e Engle lançaram suas bolas em rápida sucessão. Toda vez que o gol se acendia em vermelho para os Corvos, Neil estremecia.

Eles pareciam uma bagunça exausta e ansiosa no momento em que foram dispensados para o intervalo. Nicky mal conseguiu chegar ao vestiário antes de começar a tremer. Abby colocou-o de lado e deu-lhe bebidas. Renee estava de pé com lábios brancos e tensos no centro do vestiário. Estavam perdendo de sete a três, e os Corvos entrariam com uma nova formação quando o sinal tocasse. Não havia retorno seguro como contra os Troianos. O único caminho a seguir seria o fracasso.

Renee abriu a boca, sem conseguir falar. Talvez por culpa, supôs Neil, estava estampada em seus olhos que ela estava tentando se desculpar. Ele nunca a tinha visto tão desapontada, porém eles nunca haviam corrido tanto em um único jogo. Renee fechou a boca, limpou a garganta e tentou novamente. O que saiu não foi “desculpas”, mas um silencioso, “tem certeza?

Neil não entendeu até Andrew responder:

– Sim.

– Então tá –, disse ela. – Com licença.

Ela se retirou da sala e uma porta se fechou atrás dela enquanto desaparecia no vestiário feminino. Dan parecia pronta para segui-la, mas Wymack balançou a cabeça e gesticulou para que continuasse o alongamento.

– Deixem ela em paz –, disse Wymack, deprimido. – Ela não queria jogar hoje à noite depois do jogo contra a USC. Nós a convencemos –, disse ele, olhando para Andrew. – Andrew disse que poderia controlar a pontuação se ela mostrasse a jogabilidade deles.

– Você deveria ter deixado ela de fora –, disse Aaron. – Ela teria sido mais útil como um quarto defensor. Foi uma péssima goleira.

– E de quem foi a culpa? – indagou Kevin.

Aaron e Matt se eriçaram, mas permaneceram em silêncio. Nicky sugou uma respiração trêmula e disse:

– E como devemos pará-los se eles não estiverem com a posse de bola?

– Deixando eles retraídos –, insistiu Kevin. – Mantê-los longe da nossa área para impedi-los de fazer passes rápidos. Forcem eles a atirar de mais longe e Andrew terá uma chance melhor de defesa.

– Grande plano –, comentou Aaron com forte sarcasmo –, exceto que eles são quase tão rápidos quanto o seu mini clone. Não consigo pressioná-los se não conseguirmos acompanhá-los.

– Encontre um jeito –, insistiu Kevin, e foi tudo.

A pausa de quinze minutos terminou cedo de mais. Renee se encontrou com eles quando voltaram para a quadra. Dan abraçou-lhe rapidamente, sem dizer nada, sabendo que nem mesmo encorajamento e conforto seriam apropriados naquele momento. Câmeras esperavam na porta da quadra a formação das Raposas, então Neil seguiu Kevin. Kevin permaneceu calmo e silencioso até um árbitro abrir a porta para eles. Antes do primeiro passo, Kevin acertou a ponta da raquete no chão e passou o bastão para a outra mão. Ele prosseguiu até metade da quadra de cabeça erguida usando a mão esquerda, e a multidão foi à loucura.

Neil não foi o único a esquecer do grande auge de Kevin. Os Corvos o tinham como carta fora do baralho assim que fraturou a mão, eles haviam se habituando a sua jogabilidade como destro até perceberem que o encarariam de volta. Mesmo que soubessem que essa hora estaria por vir, eles não estavam preparados, porque Kevin não tinha mais medo de Riko. Ele explorou as fraquezas de seus ex-companheiros sempre que pode e, sem Jean por perto, usou o francês para chamar Neil por toda a quadra. Kevin marcou apenas a três minutos do segundo tempo, e cinco minutos depois marcou de novo.

Os Corvos se juntaram como Kevin e Neil sabiam que fariam, e o jogo se transformou em uma luta feroz. Repetidas e repetidas vezes, acertam Matt e Aaron para atirar no gol; repetidas e repetidas vezes Andrew bloqueou seus tiros. Andrew raramente chamou os defensores, que, talvez, perceberam que estavam no meio do caminho para fugir, talvez concentrados demais nos atacantes dos Corvos para se distrair com o goleiro. Neil nunca o tinha visto jogar assim, tão intenso, rápido e determinado, mas Andrew tinha promessas de manter um gol a salvo.

Aos dezessete minutos, o placar estava oito e seis, e os Corvos finalmente perderam a paciência. Reacher reagiu ao terceiro gol de Kevin, desferindo-lhe um soco. Ele não parou com um único golpe, continuando. Os árbitros abriram as portas, mas as equipes foram mais rápidas em adentrar na luta. Os únicos que não se juntaram à briga foram os goleiros, dentro das linhas demarcando seus limites, e observavam. Precisou dos seis árbitros para acabar com luta. Reacher foi expulso com um cartão vermelho, Kevin e Matt receberam amarelos.

Kevin marcou de falta, o que nada ajudou a melhorar o clima. Em vez de perseguir Kevin novamente, os Corvos se voltaram para os defensores e Andrew. Matt e Aaron estavam tropeçando mais do que o normal, pois seus marcadores os faziam tropeçar a cada momento. A irritação fez com que Matt e Aaron recuassem um pouco mais, e Neil sabia que não demoraria muito para que um deles perdesse a paciência. Até o momento, Allison deu voz a sua fúria gritando ameaças e insultos para cada Corvo na quadra.

Na próxima vez que Jenkins passou por Aaron, ela atirou a bola próximo ao gol. Era óbvio que Andrew chegaria primeiro, porém, mesmo assim, Williams disparou em direção. Quando Andrew pegou a bola, Williams deveria ter se desviado e recuado para se reagrupar. Em vez disso, Williams atingiu Andrew com toda velocidade o esmagando contra a parede. O gol se acendeu em vermelho quando os sensores embutidos confundiram seu peso como um ponto. Do lado de fora, a multidão ficou surpresa em um silêncio temporário; Eliminar o goleiro foi uma das piores ofensas na partida. No momento em que a torcida recuperou o suficiente de juízo para rugir, Andrew já havia se desvencilhado de Williams. Ele deu um passo para longe da parede e cambaleou. O objetivo da armadura dos goleiros era protegê-los de bolas em alta velocidade, não de raquetes e corpos.

Andrew perdera o fôlego.

Neil preencheu o espaço entre eles como se nada estivesse em jogo. Ele não se lembrava de ter largado a raquete, mas, de repente, tinha as duas mãos livres. Ele as cravou contra o peito de Williams, o empurrou o mais forte que pôde para derrubá-lo. Jenkins agarrou selvagemente seu companheiro de equipe, sem conseguir evitar sua queda, e Williams caiu de joelhos fortemente. Matt arrastou Neil antes que pudesse ir atrás dele novamente.

– Calma! – gritou Matt, porque os árbitros pálidos já estavam a meio caminho. – Você não pode receber cartão, entendeu? Nós não temos como substituir você. Eu sou o defensor –, ele insistiu quando Neil abriu a boca. – É meu trabalho defender o gol, tá certo?

Neil não recebeu um cartão por seu impulso antidesportivo, no entanto, recebendo uma advertência verbal de um dos árbitros. Neil o fitou de volta num silêncio perverso. Matt empurrou Neil para trás, antes que fosse advertido novamente e se desculpou pela atitude. Neil virou-se para verificar Andrew. Andrew retribuiu com um olhar entediado, em seguida, olhou ao redor, para a confusão em volta de Williams. Os Corvos estavam recebendo outro cartão vermelho, mas não parecia uma vitória. Tetsuji estava aproveitando o cartão para substituir seus jogadores.

O único Corvo a fazer uma segunda aparição na quadra foi Riko. Os outros dois eram novos, outro atacante para equilibrar Riko e um negociante ofensivo que Neil se lembrava do jogo em outubro passado. Os Corvos tentariam abrir espaçadamente a defesa das Raposas, e neste momento não requereria muito trabalho. Estavam quase na metade do segundo tempo. Mesmo que as Raposas fossem treinadas para jogos prolongados, eles estavam rapidamente perdendo força. Custava muito enfrentar um time como esse.

– Eles não são rápidos o suficiente –, disse Andrew.

Ele se referia a sua linha defensiva, então Neil disse:

– Eu sei.

– Tá cansado? – Indagou Andrew.

Não era preocupante, Neil sabia, mas não tornava a questão menos confusa. Esta noite ele não tinha recebido a bola com frequência suficiente para estar cansado, no entanto, ele não conseguira falar com Matt a alguns metros de distância dele.

– Ainda não.

– Então é hora da minha deixa. Matt –, Andrew o chamou, e Matt se virou até eles imediatamente. Andrew levantou um dedo da raquete para apontar para Neil. – Vamos substituir Dan na posição de Neil e Neil vai substituir você.

Matt o fitou.

– Vamos o que?

– Você está mancando –, respondeu Andrew. Neil nem reparou, concentrado demais na bola e nos Corvos. Ele olhou com espanto aos pés de Matt como se de alguma forma pudesse ver a origem da dor Matt. – Agora você não é mais útil para mim. Peça a Abby para colocar uma tornozeleira nisso. Enquanto isso, Neil pode contê-los.

Eles haviam dito a noite toda que a velocidade era a fraqueza fatal em sua linha defensiva. Neil era o jogador mais rápido da primeira divisão, porém Neil não fazia ideia de como Andrew achava tal troca viável. Neil queria apontar todas as razões pelas quais seria uma má ideia, mas ele não tinha o direito de recusar algo de Andrew.

– Comecei jogando na defesa, lembra? – Neil disse a Matt. – Os Corvos me puseram para enfrentar Riko quando eu fiquei com eles em dezembro. Conheço a jogabilidade deles.

– Duas semanas de treino não torna você preparado para enfrentar o melhor atacante da partida.

– Kevin é quem é o melhor atacante –, Neil o corrigiu –, e eu não preciso ser o melhor defensor para enfrentar Riko. Só tenho que ser mais rápido que ele. Nós dois sabemos que eu sou. Confie em mim. Eu posso mantê-lo longe de Andrew enquanto você descansa.

– O treinador nunca fará isso –, disse Matt.

– Diga a ele que precisa fazer –, pressionou Andrew, como se fosse tão simples.

Talvez a convicção de Andrew tenha convencido Matt. Andrew nunca havia se importado antes, e fazia questão de provar. Tê-lo se importando o suficiente para discutir era inesperado e sem precedentes. Ainda havia dúvidas e argumentos na expressão preocupada de Matt, que se afastou sem dizer outra palavra. Quando ele se dirigiu para a porta, Neil finalmente o viu mancar. Matt não precisava mais parecer uma muralha inabalável, e assim parou de tentar esconder o quanto doía.

Matt parou na porta, discutindo com Wymack e Abby. Talvez o truque fosse invocar o nome de Andrew, ou talvez Wymack estivesse desesperado o suficiente para tentar qualquer coisa naquele momento. De qualquer forma, Dan entrou alguns segundos depois. Allison a fitou, presumindo que estavam a substituindo. Dan pediu que permanecesse em sua posição e tomou o a posição de um atacante.

– Você é maluco –, disse Neil a Andrew em voz baixa.

– Não é novidade para ninguém –, retrucou Andrew.

Neil meneou a cabeça e se mudou para sua nova posição, ao lado de Riko. Riko olhou dele para Dan, para Andrew e de volta para Neil. Levou apenas um segundo para juntar tudo, o sorriso de Riko foi frio.

Talvez ele tivesse esse direito de se sentir convencido. Não fazia a mínima diferença Neil ter começado na defesa. Ele não havia jogado nessa posição por metade de sua vida e só nos últimos dois anos ele havia começado a aprimorar sua habilidade como atacante. Riko tinha visto por si mesmo, durante o feriado Natalino, como as habilidades defensivas de Neil eram precárias.

Todavia, Riko esquecera que Neil não pisara na quadra dos Corvos até Tetsuji tê-lo deixado inconsciente. A saúde de Neil piorara consideravelmente graças aos abusos constantes de Riko. Nesta noite Neil estava em perfeita forma, e estava furioso com os Corvos por machucarem suas Raposas.

Andrew jogou a bola para cima e a luta para os minutos finais começou. Neil perseguiu Riko a cada passo, usando sua raquete e corpo para arruinar os tiros de Riko e afastá-lo de Andrew. Eles lutaram entre si na quadra, se abaixando e disparando, se esquivando e investido, quase tropeçando um no outro em todos os momentos. Riko usou todos os truques que possuía para se esquivar de Neil, mas não conseguiu se esquivar por muito tempo.

Minutos se estenderam sem um tiro claro para o gol. Riko rosnou algo odioso para Neil assim que Andrew rebateu seu ultimo tiro. Neil riu dele, sabendo que só iria enfurecê-lo ainda mais. A impaciência e a fúria de Riko eram combustível, o que deu a Neil velocidade e o fez esquecer a queimação crescente em suas coxas e panturrilhas.

Algo estalou em seu ombro, um pouco dormente quando ele e Riko foram ao chão pela enésima vez. Como não doeu, Neil não parou para se preocupar. Se levantou e pegou a bola antes de Riko, passando para Allison. Allison passou para Kevin, Kevin para Dan, Dan de volta para Kevin e Kevin marcou. E assim eles estavam empatados, oito a oito.

Ninguém pontuou por mais dez minutos, e não por falta de tentativas. Finalmente, Berger desviou de Aaron para um tiro rápido no gol. Andrew não foi rápido o suficiente e bateu sua raquete contra a parede quando o gol ficou vermelho. A irritação de Andrew era tão inspiradora quanto à de Riko, mas Neil não conseguia manter a defesa sozinho e Aaron fez o máximo que pôde. Na próxima agressão dos Corvos contra as Raposas, dando-lhes a posse, Wymack enviou Nicky e Matt.

Neil esperava ser substituído, porém Nicky trocou de posição com uma Allison exausta e Matt assumiu a posição de Aaron. O sorriso que Matt atirou em Neil foi tanto encorajador quanto confiante. Neil devolveu com um sorriso tenso e eles avançaram como um só. Com três defensores na quadra, a linha defensiva finalmente teve a oportunidade de se reagrupar, e nos cinco minutos finais a ofensiva dos Corvos foi fechada. Riko e Berger estavam mais retraídos, sem ter outra escolha, e Andrew defendeu todas as tentativas. Do outro lado da quadra, Kevin marcou em um rebote, empatando mais uma vez.

Estavam se encaminhando para os pênaltis, percebeu Neil, pensar em enfrentar o goleiro dos Corvos estando tão exausto era uma perspectiva assustadora. Neil havia gasto toda a sua energia, consumido por todo seu esforço, e continuava a se mover por uma sensação irracional de autopreservação. Suas pernas e pulmões estavam queimando, a dormência em seu ombro havia sido substituída por calor. Seus pulsos e braços doíam, havia machucado de tanto atingir Riko e o chão com frequência. Seus cotovelos doloridos por constantes cotoveladas, já não conseguia mais sentir os pés, e havia uma possibilidade de Riko ter quebrado um ou dois dedos da última vez que pisou em seu pé.

Neil não sabia que haviam chegado ao último minuto de jogo até que a campainha tocou. Seu corpo sabia o que aquele som significava e finalmente cedeu. Caiu de joelhos e mal conseguiu se apoiar com as mãos. Seu estômago revirou-se dentro de si, porém sem forças para vomitar. Com ausência de oxigênio, seus músculos pareciam estar se desintegrando, doía demais respirar. A boca de Neil trabalhou em breves suspiros que não fizeram nada por ele.

A campainha tocou novamente e o coração de Neil parou.

Não era somente o zumbido da campainha em seus ouvidos. Seus companheiros de equipe estavam gritando, sem palavras, gritos de guerra de descrença e vitória. Os dedos de Neil estremeceram de tal forma que era quase impossível desfazer as travas do capacete, mas ele finalmente conseguiu jogar o capacete de lado. Ele piscou o suor dos olhos e olhou para o placar.

Dez a nove, a favor das Raposas – Kevin havia marcado nos últimos dois segundos.

Neil desejou poder sorrir, entretanto, precisou de toda sua força apenas para olhar Riko. O capitão dos Corvos e Rei do Exy encarava o placar como se esperasse que mudasse. Raposas correram umas para as outras, ainda gritando o máximo que podiam, os Corvos permaneceram parados como pedras. Era a primeira derrota na história de Edgar Allan, e eles haviam caído para o mais improvável dos adversários.

Neil respirou profundamente limpando o caminho de seus pulmões.

– Eu perguntaria como se sente, mas acho que você sempre soube como é ficar em segundo, seu pedaço de bosta inútil.

Finalmente, Riko desviou o olhar do placar. Ele olhou para Neil, o rosto inexpressivo e atordoado, então a repulsa transformou sua expressão em algo terrível. Sua raquete raspou por cima da cabeça de Neil, que levou um segundo para perceber que Riko estava realmente tentando acertá-lo. Dan gritou seu nome do meio da quadra, mas não havia nada que Neil pudesse fazer, a não ser ver a raquete de Riko acertá-lo.

Ele mal tinha forças para respirar.

Se esquivar estava fora de questão.

A raquete de Riko chegou perto o suficiente para Neil ouvir o assobio do vento entre as cordas, então uma segunda raquete surgiu do nada, grande, brilhante e laranja. Andrew usou toda sua força restante atingindo Riko em seu antebraço. Seus ossos fizeram um estrondo nauseante quando se quebraram. A raquete de Riko caiu inofensivamente para um lado, e Riko foi o único a gritar. Ele tropeçou alguns passos para longe deles antes de cair de joelhos, segurando o braço contra o abdômen. Andrew posicionou sua raquete a frente de Neil, como um escudo, observando a queda de Riko com profundo tédio.

Neil perdeu a visão de Riko quando as Raposas o cercaram. Seus dedos enluvados acariciavam sua cabeça e ombros, procurando por qualquer sinal de que havia se machucado. Neil ignorou suas demandas frenéticas, mais interessado em ouvir os gritos intermináveis e agonizantes de Riko. Então Dan segurou seu rosto em suas mãos e o sacudiu.

Neil! –, ela o chamou, tamanho desespero e medo que Neil teve que olhar.

– Ei –, disse Neil, rouco de exaustão e inebriante de triunfo. – Nós vencemos.

Dan o abraçou e enterrou uma risada contra o seu ombro acolchoado.

– É, Neil. Nós vencemos!


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2 Comentários

  1. Poxa nenhum defeito aff! <3
    Jesus eu nem respirei nesse capítulo!

    MEUS BEBES VENCERAM AAAAAA

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  2. Isso aí porr*! Aí MDS que cap tenso. Eu devorei tudo. Essa vitória deles foi sensacional. E vendo o Andrew proteger o Neil ❤️ Amei demais. Uma pena que chegou ao fim. Obrigada pela tradução, por seu esforço nisso e trabalho.

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